Sobre a crise no leste europeu, ainda é cedo para dizer
quando e como ela vai terminar. Quanto à posição de determinados
presidentes acerca do assunto, há mandatários que servem
ao país e mandatários que se servem das prerrogativas que o
cargo lhes confere em benefício próprio. Alguns são seres abjetos e políticos de manifesta inutilidade; outros vão ainda mais além, tornando-se um estorvo
para a nação que deveriam comandar. Existem remédios constitucionais para isso no Brasil, mas falta quem os ministre. Assim, a solução fica
por conta dos eleitores. O problema é que não se pode esperar grande coisa da
récua de muares que atente por “eleitorado tupiniquim”.
Para encerrar esta breve introdução, relembro que “vitória de Pirro” designa uma conquista obtida a alto custo, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis. A origem dessa expressão remonta à Grécia Antiga e remete às perdas sofridas pelo exército do Rei Pirro, que derrotou os romanos na Batalha de Heracleia, em 280 a.C., mas perdeu parte considerável das forças que trouxera consigo, além de quase todos os amigos íntimos e principais comandantes.
Outra frase que merece menção é: “ao vencedor, as batatas”, cunhada por Machado de Assis no romance Quincas Borba, que narra a trajetória de Rubião. O protagonista, um humilde professor, fica rico a receber uma herança deixada pelo filósofo Quincas Borba — criador de uma filosofia chamada “Humanitismo” —, deslumbra-se com a nova vida e é traído por um casal de amigos, que rouba sua fortuna. No final da vida, pobre e doente, nosso herói relembra um ensinamento de seu benfeitor, que, para sintetizar sua teoria, evoca uma história sobre duas tribos famintas diante de um campo de batatas suficientes apenas para alimentar somente uma delas. Com as energias repostas, os vencedores podem transpor as montanhas e chegar a outro campo, onde há uma grande quantidade de batatas. Borba finaliza: "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas". Nesse caso, a paz é a destruição e a guerra, a conservação"
Para a professora de Literatura Brasileira Ana Maria Lisboa Mello, "a vitória de uma das tribos provoca hinos, alegrias e outros efeitos das ações bélicas e aponta para a conquista de outro território. Essas demonstrações revelam que o homem comemora aquilo que lhe é vantajoso ou aprazível, ainda que isso implique a ruína de outros". Ela ensina ainda que a teoria do Humanitismo é pessimista, ao contrário da filosofia do Humanismo, que valoriza o homem, colocando-o no centro de tudo.
Vale a reflexão.
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Durante o Réveillon (que se limita a uma noite) e ao longo do Carnaval (que dura no mínimo 4 dias) o abuso de bebidas alcoólicas costuma ser expressivo. E como sabe quem já entornou umas doses a mais, dor de cabeça, tontura, fadiga, náuseas e outros indefectíveis desconfortos que acometem o folião na manhã seguinte não são culpa do canapé com jeitão de validade vencida ou do recheio daquela empadinha que parecia tão fresquinha. A esse conjunto de sintomas dá-se o nome de ressaca.
A ressaca sucede ao pifão como o dia à noite, e é tão inevitável como a morte e os impostos e a disputa entre Lula e Bolsonaro em outubro próximo. A não ser, naturalmente, que o pé-de-cana faça um voto de abstinência durante as festividades — o que não costuma ser uma opção válida para a maioria dos foliões.
Forrar o estômago com antecedência com miolo de pão besuntado de manteiga ou embebido em azeite de oliva retarda a absorção do álcool e diminui sua concentração na corrente sanguínea. Mas convém não exagerar para não acabar espalhando democraticamente a matéria regurgitada entre os foliões mais próximos.
Alternar doses de manguaça com copos d’água, suco ou refrigerante também ajuda, já que a bebida não alcoólica “preenche” o estômago e limita a quantidade da uca que o sujeito consegue ingerir. E, óbvio, quanto mais o folião beber, mais severamente ele será castigado na manhã seguinte (ou ao longo de todo o dia seguinte, pois há casos em que o imbróglio dura mais de 24 horas).
Se você tem problemas com a balança, atenção: uma latinha de cerveja tem cerca de 200 Kcal. Para queimá-las, uma pessoa de 70 quilos precisa andar pelo menos dois quilômetros. Claro que folião que se preza pula feito perereca; ou seja, gasta energia. Mas, diferentemente do salário, calorias são mais fáceis de ganhar do que de gastar.
Vale destacar que o álcool da cerveja é o mesmíssimo álcool do uísque, do vinho, da vodca, do gim, do conhaque, e por aí afora. O que muda é a concentração. Por outro lado, se você encontrar vodca a preço de cachaça vagabunda, fuja, porque o troço deve ser venenoso.
A ressaca tende a se manifestar de seis a oito horas após o pifão, e o tempo que ela leva para passar varia de pessoa para pessoa e da quantidade de álcool ingerida. Curiosamente, os sintomas surgem após a eliminação do álcool pelo organismo, e mais intrigante ainda é o fato de não existir consenso na explicação do processo.
A maioria dos especialistas atribui a ressaca ao aumento da concentração de substâncias inflamatórias e dos hormônios que regulam o sono, à alteração das taxas de glicose no sangue, à consequência dos “aditivos” embutidos nas bebidas alcoólicas, enfim... Qualquer que seja o motivo, o troço é um porre! Literalmente.
A menos que você entre em coma alcoólica (situação que exige cuidados médicos), deixe o organismo processar naturalmente ou regurgitar o excesso de álcool, e, nesse entretempo, evite comidas ácidas, gordurosas ou de difícil digestão.
Torradas com mel ou geleia no café da manhã, uma sopa ou salada de legumes cozidos no almoço, muito líquido e uma boa dose de paciência devem deixá-lo pronto pra outra. Mas atenção: ressaca não se cura com mais álcool! Essa prática até ajuda a mascarar os sintomas no curto prazo — e serve de desculpa para o manguaceiro entornar mais uma birita ao acordar, mesmo que não esteja de ressaca. No entanto, em algum momento o nível de álcool no organismo terá de baixar.
A cafeína atua no sistema nervoso central, bloqueando os receptores de adenosina, de modo que tomar café ajuda a atenuar os sintomas da ressaca. Já os analgésicos ajudam a aliviar a dor de cabeça, mas evite medicamentos à base de paracetamol, pois, combinado com o álcool, esse componente castiga ainda mais o fígado.
Manter o organismo hidratado reduz a concentração do álcool, facilita a metabolização e minimiza os sintomas da ressaca. Além disso, a hidratação compensa a perda de água pela urina, diarreia ou vômito — causa da indefectível secura na boca, geralmente acompanhada do gosto de corrimão de escada de repartição pública.
Mas o álcool precisa de carboidratos para ser processado (daí a razão de se tratar coma alcoólica com injeção de glicose). Portanto, pode não ser uma boa ideia evitar massas e assemelhados para "compensar" as calorias da bebida e prevenir os indesejáveis quilinhos a mais.
Abuse de água (com ou sem gás), gelada e com suco de limão... Chá tem cafeína — que, como dito, ajuda a atenuar os sintomas da ressaca — e, por ser basicamente uma infusão feita a partir de alguma erva e água fervente, ajuda a reidratar o organismo. Mas não acredite em chazinhos milagrosos, como o de hibisco, nem em outras bobagens supostamente mágicas.
Se você não gosta, tome água de coco — o melhor hidratante natural que existe. Se preferir refrigerantes, beba os normais. Por não conter açúcar (glicose) a versão light (ou diet) dessa bebida não ajuda a metabolizar o excesso de álcool. Mas fuja de cerveja, vinho ou qualquer outra bebida alcoólica, já que, de novo, elas podem até mitigar a sede, mas não reidratam o organismo.
Observação: O Bloody Mary foi criado pelo francês Fernand Petiot, que comandava o balcão do parisiense Harry’s New York Bar, na França, e teria inventado a beberagem a pedidos. Na época da Lei Seca, os americanos procuravam uma bebida de aparência e teor alcoólico mascarados, e o Bloody Mary foi a saída perfeita para confundir as autoridades. O nome (Maria Sangrenta, numa tradução livre) viria em 1934, no bar nova-iorquino do Hotel St. Regis Sheraton.
Beba com moderação e vote no candidato da terceira via (seja Moro, Doria ou o diabo que carregue Lula e Bolsonaro). Ficar com o diabo conhecido para não se arriscar com o desconhecido não se aplica a todos os casos.
Bom carnaval a todos.