quinta-feira, 31 de março de 2022

LULA LÁ... DE NOVO!



Os bombardeiros em Kiev até podem ter diminuído após o arremedo de acordo fechado entre Rússia e Ucrânia na última terça-feira, mas, na quarta, o que continuou rolando foi a guerra no nível do chão. E a batalha econômica, é claro.

No Brasil, a campanha presidencial ainda não começou oficialmente, mas já dá mostras de que será a mais suja e sangrenta da história. A baixaria campeia solta — a exemplo da profusão de fake news que os pré-candidatos e seus acólitos espalham como quem joga merda no ventilador. 

Um bom exemplo é o debate entre sujos e mal lavados sobre a lama do Congresso. De um lado, o ex-presidiário de Curitiba — que ora ostenta a bizarra condição de “ex-corrupto” —; do outro, o dublê de mandachuva do Centrão e ministro-chefe da Casa Civil.


Observação: João Doria desistiu de sua pré-candidatura à Presidência e tampouco vai tentar a reeleição ao governo do Estado de São Paulo. Sua decisão revoltou aliados do vice Rodrigo Garcia, que pressionam pela saída de Doria do cargo e falam até em impeachment. Como governador, Garcia teria a mídia espontânea do cargo e possibilidade de negociar com a caneta na mão. 


AtualizaçãoApós carta da direção do PSDB, o governador de São Paulo voltou atrás e manteve a ideia original de renunciar ao cargo para ser candidato à Presidência da República este ano. O anúncio oficial foi feito às 16h de hoje. Por outro lado, lideranças dPodemos acusaram Sergio Moro de trair a sigla ao migrar para o União Brasil depois de ser pressionado a trocar seu domicílio eleitoral do Paraná para São Paulo. Mais um pré-candidato à presidência que abandona a “duvidosa terceira via” pela “quase certeza de sucesso” na disputa por uma cadeira no Senado ou na Câmara Federal. Ou nãoclique aqui para mais detalhes. Resta saber se Doria vai mesmo continuar no páreo e quais serão as consequências da desistência de Moro (caso ela se confirme) na campanha do tucano.


Discursando no Paraná para uma plateia companheira, Lula declarou que o Congresso é o pior que já tivemos na história do Brasil. "Eles [os parlamentares] criaram umas coisas chamada orçamento secreto, que é um orçamento lesa-pátria." Lula reclamar de roubalheira em governo alheio é o mesmo que Marcola, chefe do PCC, imputar crimes à facção arquirrival Comando Vermelho, mas vale tudo nesta republiqueta de bananas. 


Ciro Nogueira perguntou no Twitter: será que Lula "esqueceu do mensalão?"  Já Arthur Lira, sob cujo buzanfã dormem o sono eterno mais de 140 pedidos de impeachment em desfavor do sociopata do Planalto, disse que o petista “conversa com pessoas erradas” — numa alusão ao senador Renan Calheiros, desafeto de Lira na ilibada política alagoana. Rodrigo Pacheco, o presidente do Senado que desistiu de se lançar candidato à Presidência da República, tachou a avaliação do demiurgo pernambucano de "deformada, ofensiva e sem fundamento".


Josias de Souza relembra que no passado, quando queria subjugar os congressistas, a ditadura fechava o Congresso. Desde a redemocratização, o Executivo passou a comprar o Legislativo. Lula levou a experiência às fronteiras do paroxismo, remunerando seus apoiadores com o Mensalão e o Petrolão. Sob Bolsonaro, o melado passou a escorrer por dentro do orçamento, com as emendas secretas.


Ciro Nogueira e Arthur Lira, aliados de todos os governos desde a chegada das caravelas, participaram do saque. O chefe do PP e da Casa Civil confunde amnésia com consciência limpa quando alfineta Lula por ter esquecido o mensalão e se abstém de mencionar o Petrolão — escândalo no qual o partido em cujas fileiras Nogueira milita ao lado de Lira alcançou o topo do ranking de encrencados.


Pacheco, que preside o Senado e comanda o Congresso, fala de "deformação" sem dar um pio sobre as emendas secretas do orçamento paralelo. E demora a cumprir a determinação do Supremo sobre a divulgação das digitais escondidas atrás das cifras de cada emenda secreta. Enquanto isso — e por conta disso — o orçamento paralelo apodrece em inquérito da PF e no noticiário; o escândalo já está contratado e precificado.


A troca de farpas entre Lula e ex-apoiadores dos governos petistas serve apenas para potencializar a sensação de que o vocábulo governabilidade continua sendo um abracadabra para a caverna de Ali-Babá. No próximo Congresso, juntar-se-ão novamente hienas, raposas, abutres e roedores de toda espécie sob a epígrafe de 'Base Aliada'. 


Três vivas para o contribuinte brasileiro, que o eleitor, maior responsável pelo descalabro em curso, nem isso merece.