Devido à pane da última quinta-feira, o Procon/SP notificou o Itaú Unibanco para que informe quais serviços ficaram prejudicados, quantos clientes foram afetados, quais providências e protocolos de segurança foram implementados, quantas reclamações foram registradas nos canais da empresa e se a clientela estava sendo direcionada para canal específico de atendimento.
Na noite da própria quinta-feira o banco emitiu uma nota negando eventual ataque hacker. Disse ainda que o problema havia sido sanado, que os extratos de saldos dos clientes estavam atualizados e que eventuais prejuízos serão ressarcidos. Mas reclamações continuaram pipocando ao longo da sexta-feira, ainda que em menor número do que na véspera.
Segundo o site Migalhas, chamou atenção o tratamento dado ao problema pela grande mídia. Foram divulgadas apenas pequenas matérias ou notinhas relativizando a "falha técnica".
Talvez a imprensa tenha se inspirado em Vladimir Putin, que não admite falar em “guerra”, “invasão” e exige dos veículos de comunicação russos que se refiram ao massacre sanguinário como "operação militar especial".
Falando em bancos, para além de ser o nome de uma empresa de frios, embutidos e enlatados fundada por Gustavus Franklin Swift e vendida à JBS em 2007, Swift a sigla que designa um sistema internacional utilizado pelos bancos para “conversar entre si”, do qual a Rússia foi excluída depois que invadiu a Ucrânia (entre outras sanções).
O Swift reúne 11 mil bancos de 200 países e processa 8 bilhões de transferências por ano. Ficar de fora desse sistema é dor de cabeça na certa, não só para o banco banido como também para a balança comercial do país (por comprometer as transferências de valores e o acesso ao lastro, a exclusão do Swift estrangula a liquidez da moeda e resulta na perda do poder de compra do rublo).
Observação: O Gazprombank foi mantido com seu código Swift intacto. A Gazprom é a “Petrobras da Rússia” e tem seu próprio banco. É através dele — e do Sberbank, o maior banco da Rússia e que também foi poupado — que os países europeus pagam pelo gás natural e pelo petróleo que compram dos russos. Caso ambos esses bancos fossem tirados do Swift, a economia russa seria ferida de morte, mas, por outro lado, seria criado um furdunço global, pois os preços do gás e do petróleo atingiriam patamares impensáveis.
Para facilitar o entendimento, imagine que você encomendou uma caixa da excelente vodca Beluga (considerada a melhor vodca produzida na Rússia, ou melhor, no coração da Sibéria) e o fornecedor lhe pediu que depositasse o pagamento em sua conta no Bank Rossiya.
Antes da sanção, bastaria você abrir o app do seu banco, selecionar "transferências"; depois "câmbio", inserir o "código Swift" do banco destinatário (que é ROSYRU21CNT) e digitar o número da conta para concluir a transação. Com o Rossiya excluído do Swift, você não terá como pagar o fornecedor, que, consequentemente, não lhe enviará a mercadoria.
Caso você não esteja disposto a tomar Smirnoff nacional enquanto durar essa guerra estúpida, sugiro mudar para a polonesa Wyborowa ou a sueca Aboslut, que nada ficam devendo às melhores vodcas russas.