No faroeste à brasileira em que o Brasil se transformou sob Bolsonaro a palavra de ordem é soltar os bandidos e prender o xerife. Mas causa espécie a Justiça aceitar a denúncia apresentada contra Sergio Moro pelos deputados Rui Falcão, Erika Kokai, Natalia Bonavides, José Guimarães e Paulo Pimenta, pedindo que o ex-juiz seja condenado ressarça os cofres públicos por alegados prejuízos causados à Petrobras durante sua atuação na Lava-Jato.
Moro forneceu farto material a quem deseja questionar seu trabalho, mas o fato é que nos governos de Lula e Dilma, diretorias da estatal foram servidas no balcão da baixa política para o PT, o MDB e o PP. Dito de outra maneira, o assalto ocorreu durante os governos petistas — como foi confessado por empreiteiros corruptores e servidores corrompidos, alguns dos quais pagaram multas pesadas e/ou viram o sol nascer quadrado. E os prejuízos à estatal e ao país foram causados pela corrupção desenfreada, não pelos policiais federais, auditores fiscais, procuradores e magistrados que trouxeram o escândalo à tona.
Moro cavou o próprio infortúnio ao se deixar seduzir por uma falsa promessa de carta-branca no superministério da Justiça e Segurança Pública e uma futura indicação para o STF. Se tivesse permanecido na 13ª Vara Federal de Curitiba, talvez a prisão em segunda instância continuasse valendo, Lula estivesse cumprindo pena e a vaza-jato tivesse ido para a lata do lixo da História. Mas a vida é feita de escolhas e o problema com as consequências é que elas sempre vêm depois.
Após engolir sapos e beber a água tóxica da fossa negra em que o pior governo da história recente desta banânia se transformou, Moro finalmente desembarcou da canoa que deveria saber furada — e foi prontamente tachado de traidor pela escumalha bolsonarista. Em outubro do ano passado, filiou-se ao Podemos, mas seu ingresso na política desagradou a gregos e troianos.
Sem o apoio prometido pelo partido, Moro migrou para o União Brasil, mas teve as asas podadas por Luciano Bivar et caterva. Pelo andar da carruagem, terá sorte se conseguir disputar uma cadeira na Câmara Federal.
Sem o nome do ex-juiz nas pesquisas, Bolsonaro cresceu alguns pontos. Mesmo assim, o criminoso que quer voltar à cena do crime continua à frente do que nela quer permanecer. Entre votar em um dos dois, melhor saltar do campanário de San Marco, como disse Diogo Mainardi.
Como nada é tão ruim que não possa piorar, a terceira via se tornou mais ou menos parecida com a “inocência” de Lula. A diferença é que o picareta acredita nas próprias mentiras, ao passo que nem a terceira via acredita na terceira via.
Lula tem 40% das intenções de voto. Bolsonaro têm 32%. Segundo o petralha, sua vitória será no primeiro turno — e com 171% dos votos válidos. Já os puxa-sacos do “mito” asseguram que a reeleição já está no papo.
Se analisarmos esses números friamente, veremos que nhô ruim e nhô pior bateram no teto, e que os 28% que os rejeitam não aparecem nas pesquisas porque seus votos estão pulverizados entre candidatos nanicos, brancos, nulos e abstenções. Diogo Mainardi diz que não há uma terceira via no “Datapovo”, mas há um terceiro Brasil.
Queira Deus que ele esteja certo!