A teoria das "curvas de tempo fechadas” não orna com a conjectura de proteção cronológica, mas a simples existência dos paradoxos temporais não significa necessariamente que viagens no tempo sejam impossíveis. Nesse contexto, a única certeza que se tem — para além do fato de que o tempo se dilata, a massa dos corpos aumenta e espaço se contrai — é que não se tem certeza de nada. Mas é justamente a incerteza que instiga os cientistas a investigar incansavelmente o mundo que nos cerca.
No âmbito da ciência, o que vale hoje pode não valer amanhã. No século XVI, Cabral e sua trupe levaram 44 dias para viajar de Lisboa a Pindorama; hoje, um jato comercial cruza o Atlântico em cerca de 9 horas. A inclinação da luz durante os eclipses comprova a possibilidade de deformação do espaço-tempo, reforçando a ideia de que essa deformação poderá ser usada para encurtar o caminho entre dois pontos do Universo. Pelo andar da carruagem, daqui a algumas décadas as viagens ao espaço serão corriqueiras, e talvez o mesmo se dê mais adiante com as com as viagens no tempo.
No âmbito da ciência, o que vale hoje pode não valer amanhã. No século XVI, Cabral e sua trupe levaram 44 dias para viajar de Lisboa a Pindorama; hoje, um jato comercial cruza o Atlântico em cerca de 9 horas. A inclinação da luz durante os eclipses comprova a possibilidade de deformação do espaço-tempo, reforçando a ideia de que essa deformação poderá ser usada para encurtar o caminho entre dois pontos do Universo. Pelo andar da carruagem, daqui a algumas décadas as viagens ao espaço serão corriqueiras, e talvez o mesmo se dê mais adiante com as com as viagens no tempo.
Para testar a possibilidade de voltar ao passado, Steven Hawking promoveu uma festa na Universidade de Cambridge e, ao final, enviou um convite com as coordenadas exatas de tempo e espaço. No ano seguinte, no capítulo "Viagem no tempo" da série Into the Universe with Stephen Hawking, ele comentou seu experimento: "Que lástima! Eu gosto de experiências simples e... champanhe. Então, combinei duas das minhas coisas favoritas para ver se a viagem no tempo do futuro para o passado é possível. Mas ninguém apareceu".
Talvez haja boas razões para ninguém ser imprudente a ponto de nos revelar o segredo das viagens no tempo, mas o avistamento de OVNIs (assunto sobre o qual falaremos em outra oportunidade) sugere que vimos sendo visitados por alienígenas — ou por terráqueos vindos do futuro. Claro que uma viagem ao passado esbarra nos paradoxos (mais detalhes no capítulo VI), conquanto a teoria dos universos paralelos relativize esse problema, até porque, na física quântica, as coisas podem ser verdadeiras mesmo quando aparentam não ser.
A relatividade geral e a mecânica quântica funcionam bem individualmente, mas seria preciso que uma nova teoria — como a da “gravidade quântica” — fundisse ambas no mesmo cadinho. Ao substituir as partículas por "cordas" que vibram em até 11 dimensões, a teoria das cordas (sobre a qual a gente já conversou) poderia ser esse cadinho, desde que, para além de fornecer uma variedade de modelos que descrevem amplamente um Universo como o nosso, também propusesse soluções que, confirmadas experimentalmente, apontassem para o modelo correto.
Segundo Hawking, um buraco negro supermassivo é capaz de produzir um buraco de minhoca, mas somente uma grande concentração de matéria exótica o manteria estável — e essa estabilidade seria perdida caso alguma porção de matéria ordinária o adentrasse. Ainda não se descobriu algum tipo de matéria cujas características permitam estabilizar a geometria de um buraco de minhoca, mas, de novo, manchetes do jornal de hoje serão matéria vencida na edição de amanhã. Depois que nossos antepassados desceram das árvores, aprenderam a usar o fogo e inventaram a roda (não necessariamente nessa ordem), tudo é possível, até mesmo as viagens no tempo e... a própria inexistência do tempo!
Entre os anos 1980 e 1990, dissidentes da teoria das cordas criaram novas abordagens matemáticas, como a da gravidade quântica em loop, cujo proposta mais notável é eliminar completamente o tempo. E ela não está sozinha: várias outras abordagens tendem a remover o tempo do elenco de aspectos fundamentais da realidade. Se elas estão certas ou não, só o tempo dirá (sem trocadilho). No entanto, as teorias da física não se debruçam sobre a existência de pessoas e objetos, por exemplo, e nem por isso a existência desses elementos é questionada.
Sabemos que todas as coisas são formadas por átomos, elétrons e outras partículas fundamentais, mas nem imaginamos como o tempo poderia ser “feito de” algo igualmente fundamental. Em tese, se não é possível explicar como o tempo surge, tampouco se pode afirmar que ele existe. O detalhe é que um mundo sem mesas e cadeiras é uma coisa, e um mundo sem tempo é outra bem diferente, até porque planejamos o futuro à luz do que sabemos sobre o passado.
Admitir a "inexistência" do tempo levaria o mundo a um impasse, mas a física permite aceitar essa premissa sem revogar o "princípio da causalidade” — segundo o qual a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e em sentido contrário. Só que, nesse caso, a causalidade, e não o tempo, seria a característica básica de um universo que, para a Ciência, é um imenso quadro com perguntas, a partir do qual nós aprendemos, mistérios se tornam respostas e novas perguntas surgem à medida que acumulamos conhecimento.
Resumo da ópera: a possibilidade de viajar no tempo como nos livros e filmes de ficção esbarra em dois problemas principais: 1) não há maneiras conhecidas de acelerar um corpo a velocidades próximas à velocidade da luz; 2) os efeitos relativísticos não afetam apenas o tempo, mas também o espaço e a massa — à velocidade da luz, a massa de um corpo aumentaria infinitamente e a energia necessária para acelerá-lo seria igualmente infinita.
Enquanto nossa tecnologia não evolui a ponto de viabilizar uma viagem no tempo "comme il faut" , o jeito é nos contentarmos com a viagem que fazermos rumo ao futuro desde o dia em que nascemos, e "viajar ao passado" observando as estrelas, já que o que se vê no céu é a luz que elas emitiram décadas, séculos ou milênios atrás. Dito de outra maneira, tomar um cafezinho com os dinossauros fica para as próximas gerações. Sem embargo, há duas teorias que merecem menção: a eternalista e a presentista.
Segundo os eternalistas, todos os momentos do passado e do futuro existem simultaneamente numa grande linha do tempo, sendo o "presente" um dos vários frames do filme da realidade — aquele que acontece de estarmos vivendo naquele momento. Já os presentistas acreditam que só o presente é real, e que coisas como o Farol de Alexandria ou os Jardins da Babilônia não passam de meras lembranças. A experiência cotidiana não embasa a ideia de que o passado continua lá para sempre, e, se incluirmos o futuro nessa inequação, desaguaremos no fatalismo. A ideia de que o destino é imutável não incomoda só porque parece errada (nós nos sentimos claramente aptos a decidir o que faremos no futuro), mas também por sugerir que não temos controle nenhum sobre os acontecimentos.
As teorias de Einstein levam inevitavelmente à ideia de que o passado e o futuro são tão reais quanto o presente, favorecendo a ideia de um Universo eternalista. Por outro lado, o físico alemão propôs que o tempo é uma "dimensão" que se soma ao espaço tridimensional, e não anda no mesmo ritmo para todos. Na esteira desse raciocínio, cada pessoa tem um relógio particular, e uma pessoa "viaja no tempo" em relação a outra sempre que seus relógios saem de sincronia. Para que cada pessoa tenha seu tempo particular, todos os pontos do tempo precisam existir simultaneamente. Segundo a relatividade geral, passado e futuro são como lugares diferentes que diferentes pessoas ocupam. O que cada uma percebe como presente é apenas o lugar no tempo em que se encontra seu relógio específico.
A conversa está boa, mas outros assuntos requerem nossa atenção. Espero a leitura desta matéria tenha sido tão prazerosa para você, leitor, como escrevê-la foi para mim (a despeito da trabalheira insana).
Até a próxima.