quinta-feira, 29 de setembro de 2022

A MALDITA POLARIZAÇÃO (QUINTA PARTE)


A três dias do primeiro turno, Lula se empenha em liquidar a fatura e seu principal adversário, em não se tornar o único presidente a não se reeleger desde a redemocratização. Em se confirmando o prognóstico, livrar-nos-emos do tiranete incompetente que 150 pedidos de impeachment mais de 100 denúncias por crimes comuns não conseguiram proscrever, mas amargaremos a volta do PT ao poder.

Lula deixou o governo com dinheiro mais que suficiente para adquirir "formalmente" o tríplex, o sítio e muito mais. Por que recebê-los como parte da propina paga por grandes empresas contratadas pelo seu governo e o de sua sucessora? O jornalista Ivo Patarra, autor de vários livros sobre a corrupção no Brasil, responde essa e outras perguntas no artigo Das 'porteiras abertas' ao 'orçamento secreto', publicado em Crusoé no último dia 16. 

Em resumo, Lula inovou com as "porteiras abertas" — ministérios e empresas estatais que foram partilhados por grupos políticos de diferentes partidos que o apoiavam — e Bolsonaro, com o "orçamento secreto" — mega mensalões que foram parar nos domínios de deputados e senadores que agiram sem ser incomodados por órgãos de fiscalização e de controle do governo federal.

Observação: O petrolão escancarou a corrupção sistêmica. Parte dos contratos milionários da Petrobras morreu em contas secretas de paraísos fiscais controladas por integrantes de grupos políticos e econômicos que apoiavam o governo.  A farra com dinheiro público chegou a tal ponto que, às vésperas das eleições, parlamentares tentam esconder do eleitorado benefícios supostamente levados por eles às comunidades onde esperam ser reeleitosContratos superfaturados e compras sobrevalorizadas explicam o sigilo. E o Judiciário faz vista grossa. 

Apesar das confissões dos crimes cometidos e das devoluções de dinheiro surrupiado que vieram com a Lava-Jato, o saldo final é de que o crime compensou. A aliança perversa entre corrupção e impunidade favorece um sistema que desde sempre concentra renda e enriquece oligarquias, em detrimento de 30 milhões de brasileiros que passam fome todos os dias no país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo.
 
A história sugere que o próximo presidente, seja quem for, não abrirá mão de subornar parlamentares em troca de apoio. A prova de que o país da era petista continua o mesmo sob Bolsonaro não está apenas nas decisões judiciais que anularam casos graves de desvio de dinheiro público, mas no modus operandi da política, que permanece rigorosamente igual na gestão atual

Como se vê, estamos encalacrados pelas lambanças do lulopetismo e do bolsonarismo, e nada indica que os políticos do Centrão, alinhados ora com um, ora com o outro, deixarão de dar as cartas em 2023.
 
Triste Brasil.