quinta-feira, 29 de setembro de 2022

O TEMPO VOA — LITERALMENTE

VAGAR É PRESSA.
 
De um tempo a esta parte, por alguma razão incerta e não sabida, o tempo parece estar passando cada vez mais depressa. 

A psicóloga Claudia Hammond diz que nossa mente “vê” o tempo passar como uma cena exibida em slow-motion, que o registro feito pelo cérebro é flexível e leva em conta emoções, expectativas, o quanto as tarefas exigiam de nós num determinado período, e até os nossos sentidos (um evento auditivo, por exemplo, parece durar mais que um efeito visual). 
 
Isso explica por que a maioria das pessoas se lembra mais nitidamente do que viveu entre os 15 e os 25 anos — época em que se têm mais experiências novas, e coisas novas tendem a ter um tratamento especial do "tempo mental", que parece perceber episódios assim como mais duradouros. Conforme envelhecemos, os últimos 10 anos parecem ter passado bem mais rapidamente do que as décadas anteriores. 

Enquanto nos deslocamos de casa para o trabalho, por exemplo, temos a impressão de que a viagem demora uma eternidade, mas a sensação é bem outra quando pensamos nisso na hora do almoço ou no meio da tarde. Mas parece que essa impressão "não é só impressão".
 
São diversos os fatores que levam a velocidade de rotação da Terra a variar — entre os quais o comportamento de seu núcleo derretido, os oceanos, a atmosfera, as marés e a mudança na distância entre o planeta e a Lua. Em 1960, o advento dos relógios atômicos permitiu aos cientistas registrar com exatidão a passagem do tempo, e assim eles descobriram que a rotação da Terra é muito mais variável do que se pensava. 
 
Observação: Em comparação à época de sua formação, nosso planeta tem dias muito mais longos. Cerca de 1,4 bilhão de anos atrás, uma rotação levava menos de 19 horas, mas, a cada ano, os dias começaram a ficar cerca de um 74.000 avos de segundo mais longos. 
 
A precisão dos relógios atômicos deu azo à conclusão de que a Terra vinha desacelerando seu giro muito gradualmente — a partir de 1972, os pesquisadores passaram a propor segundos bissextos ocasionais (esse "recurso" é usado com parcimônia, pois pode interferir no funcionamento de sistemas ultraprecisos). Curiosamente, essa tendência se inverteu: a Terra voltou a girar mais rapidamente, completando sua rotação em 1,4602 milissegundos a menos do que os habituais 86.400 segundos. 
 
Segundo Leonid Zotov, pesquisador da Lomonosov Moscow State University, a aceleração da rotação da Terra começou a acontecer em 2016, e último dia 29 de junho foi mais curto desde que as medições começara a ser feitas: a meia-noite chegou 1,59 milissegundos antes do esperado. Se essa tendência se mantiver, um segundo bissexto negativo será necessário para manter os relógios alinhados com a rotação do planeta. 
 
Seria a primeira vez na história que um segundo seria removido dos relógios globais, e isso pode ser um problema, pois grande parte da tecnologia moderna é baseada no que se convencionou chamar de “tempo real”. Para alguns especialistas, a solução seria alterar os relógios do mundo da hora solar para a hora atômica. 
 
A conferir.