sábado, 17 de setembro de 2022

MAIS QUE IMBROCHÁVEL

Levantamento feito pela Quaest dá conta de que um número preocupante de eleitores tupiniquins acha a violência justificável no caso de vitória do candidato adversário. Esse dado está muito próximo ao que acendeu o alerta nos EUA, a um ano da invasão do Capitólio. Pesquisas recentes têm mostrado por lá uma expectativa elevada entre a população de que o país caminha para uma guerra civil. 

 

Não podemos deixar que o mesmo aconteça aqui. As lideranças e os ativistas políticos têm o dever de atentar para os episódios de violência  que ainda são esparsos  e baixar o fogo da polarização enquanto é tempo. Mas o que esperar de um presidente que, durante as comemorações do Bicentenário da Independência, sobe no palanque e grita que é imbrochável? E o que dizer da multidão que o segue? 

 

Enquanto Bolsonaro exorcizava aos gritos seu pavor da castração e beijava a mulher, escreveu Fernando Gabeira em O Globo, a fumaça das queimadas na Amazônia começava a chegar a São Paulo. E tudo o que presidente pode nos dizer é isto: “Sou imbrochável”. É preciso mais que um pênis ereto para debelar a fome de 33 milhões de brasileiros e a insegurança alimentar de quase 100 milhões.

 

Se nosso limitado presidente fosse visitar Paquetá e refletisse um pouco sobre José Bonifácio, prossegue o jornalista, certamente aprenderia a lição elementar de que a História não é algo que se conquiste com um pênis ereto, mas uma construção coletiva que nos tornou uma das importantes nações econômicas do mundo. Em outras palavras, estamos comemorando 200, e não 12 anos. Este é o nosso país. Sobreviveremos ou seremos destruídos por uma política suicida? 


Quem imaginaria que, após duzentos anos de independência, estadistas como José Bonifácio seriam substituídos por fanfarrões gritando “imbrochável, imbrochável”?