Rabisquei estas linhas quando restavam três horas de prazo para o esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim "exercer sua cidadania" na "festa da democracia" de 2022.
Observação: Eu exerci a minha recusando-me a compactuar com a volta do criminoso à cena do crime (parafraseando o vice do dito-cujo) e/ou com a recondução do pior mandatário da história recente desta banânia ao Palácio do Planalto.
"O povo precisa ser responsável pela escolha dos eleitos", apregoam os arautos da moralidade. Votar em branco ou anular o voto é "antidemocrático", dizem eles. Mas somente porque se servem da obrigatoriedade do voto (isso é que é democracia, mais é prosa!) para fazer o eleitor de palhaço nesse circo ignóbil.
Cansei do "mais do mesmo", da caterva de sempre (as moscas mudam, mas a merda é sempre a mesma), dos apedeutas de sempre, das alianças espúrias visando manter no poder quem nele sempre esteve e o povo na sarjeta até a eleição seguinte.
Em 2018, para evitar a recondução do presidiário mais famoso do Brasil ao Palácio do Planalto, os "cidadão de bem" se uniram aos bolsomínions para eleger um dublê de mau militar e parlamentar medíocre. Não imaginavam que seu voto libertaria um efrite da garrafa, abriria uma versão revista e atualizada da mitológica Caixa de Pandora, enfim... E deu no que deu.
Na visão "insuspeita" da Justiça Eleitoral e do Congresso Nacional, democracia é enviar urnas a tribos do alto Xingú para colher votos de silvícolas que sequer falam português. Por menos confiáveis que sejam as pesquisas, é improvável que todas estejam erradas.
Lula queria liquidar a fatura no primeiro turno (e eu sempre quis ver uma chuva de Moët & Chandon). Bolsonaro disse haveria algo muito errado com a Justiça Eleitoral se ele não se reelegesse no primeiro turno. Bravata? Golpe? Guerra civil? Não sei. Só sei que cansei. Joguei a toalha.
Supondo que o petralha tenha vencido, que Deus nos ajude; se o capetão negação conseguiu postergar a agonia até o final do mês, céus e terras tremei. Mais quatro semanas de propaganda eleitoral, debates de baixíssimo nível e mentiras a dar com o pau para, ao final, ver aflorar do esgoto a mesmíssima merda... ninguém merece.
Triste Brasil.