segunda-feira, 3 de outubro de 2022

SÓ O VENTO SABE A RESPOSTA

Rabisquei estas linhas quando restavam três horas de prazo para o esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim "exercer sua cidadania" na "festa da democracia" de 2022. 


Observação: Eu exerci a minha recusando-me a compactuar com a volta do criminoso à cena do crime (parafraseando o vice do dito-cujo) e/ou com a recondução do pior mandatário da história recente desta banânia ao Palácio do Planalto.  

 

"O povo precisa ser responsável pela escolha dos eleitos", apregoam os arautos da moralidade. Votar em branco ou anular o voto é "antidemocrático", dizem eles. Mas somente porque se servem da obrigatoriedade do voto (isso é que é democracia, mais é prosa!) para fazer o eleitor de palhaço nesse circo ignóbil. 


Cansei do "mais do mesmo", da caterva de sempre (as moscas mudam, mas a merda é sempre a mesma), dos apedeutas de sempre, das alianças espúrias visando manter no poder quem nele sempre esteve e o povo na sarjeta até a eleição seguinte.

 

Em 2018, para evitar a recondução do presidiário mais famoso do Brasil ao Palácio do Planalto, os "cidadão de bem" se uniram aos bolsomínions para eleger um dublê de mau militar e parlamentar medíocre. Não imaginavam que seu voto libertaria um efrite da garrafa, abriria uma versão revista e atualizada da mitológica Caixa de Pandora, enfim... E deu no que deu. 


Na visão "insuspeita" da Justiça Eleitoral e do Congresso Nacional, democracia é enviar urnas a tribos do alto Xingú para colher votos de silvícolas que sequer falam português. Por menos confiáveis que sejam as pesquisas, é improvável que todas estejam erradas. 


Lula queria liquidar a fatura no primeiro turno (e eu sempre quis ver uma chuva de Moët & Chandon)Bolsonaro disse haveria algo muito errado com a Justiça Eleitoral se ele não se reelegesse no primeiro turno. Bravata? Golpe? Guerra civil? Não sei. Só sei que cansei. Joguei a toalha. 


Supondo que o petralha tenha vencido, que Deus nos ajude; se o capetão negação conseguiu postergar a agonia até o final do mês, céus e terras tremei. Mais quatro semanas de propaganda eleitoral, debates de baixíssimo nível e mentiras a dar com o pau para, ao final, ver aflorar do esgoto a mesmíssima merda... ninguém merece.


"Quem vencer terá de governar um Brasil muito dividido. Haverá um Nordeste mais lulista, um Sul mais bolsonarista. Teremos de conviver com a polarização religiosa. O governo Bolsonaro exaltou demais um só tipo de religião, apesar de o país ser laico, segundo o texto constitucional. Até mesmo moralmente o Brasil está dividido. A Covid matou muita gente, causou um luto com o qual ainda não soubemos lidar. Como diz Ailton Krenak, quem não sabe lidar com a morte, não sabe lidar com a vida. Acho que os desafios são imensos. A temperatura só vai baixar se quem assumir souber usar as boas moedas do diálogo e do respeito à diversidade, para que o Brasil possa repactuar a sua vida republicana", disse a antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz sobre as chances de pacificação do cenário político e o possível perfil de uma oposição bolsonarista.


Triste Brasil.