Até ontem, Edir Macedo adorava Bolsonaro e demonizava Lula. Não esperou nem a posse do demônio para se converter. "Vamos olhar para a frente", disse ele em vídeo, antes de retirar da imagem do petista os chifres e o rabo que havia grudado nele durante a campanha eleitoral.
"Não podemos ficar com mágoa, porque é isso que o diabo quer", ensinou o autoproclamado bispo da igreja Universal aos mesmos fieis a quem havia recomendado, antes da eleição, um jejum pela vitória do capitão. Nem seria preciso: os verdadeiros otários sempre convencem a si mesmo.
Macedo controla um conglomerado que inclui uma multinacional da fé, com templos em vários países, uma rede de comunicação e um partido político, o Republicanos. Já posou ao lado de Sarney, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. Visto pelo lado político, o bispo capitaneia uma espécie de centrão evangélico. Observado pelo ângulo financeiro, administra um negócio religioso. Como todo homem de negócios, o diâmetro do bolso costuma ser maior do que o do coração.
Difícil saber o que é mais deprimente: assistir à nova adesão de Macedo a Lula, esse ex-abortista satânico, ou ver ele saltando do naufrágio de Bolsonaro com uma pose de navio que abandona os ratos.
Resta torcer para que a depravação político-empresarial-religiosa permita aos fiéis enxergar o sentido da verdadeira dimensão da fé protestante, uma experiência que tem mais chance de dar certo quando se percebe que Jesus é o melhor mediador entre Deus e o ser humano.
Com Josias de Souza.
P.S. Havendo tempo e jeito, assistam ao vídeo a seguir: