No século III a.C., o grego Euclides, considerado como "Pai da Geometria", descobriu, a partir da existência de três direções possíveis para qualquer movimento — para cima (ou para baixo), para a esquerda (ou para a direita) e para a frente (ou para trás) —, que o espaço possui 3 dimensões.
No início do século passado, Einstein demonstrou que o espaço e o tempo não eram fixos, imutáveis ou indistinguíveis, mas flexíveis e manipuláveis, o que possibilita, sob determinadas condições, encolher o tamanho de um centímetro ou esticar a duração de um segundo. Em 1915, o físico publicou sua famosa Teoria da Relatividade, segundo a qual a gravidade era uma distorção na geometria das 4 dimensões. E, não satisfeito em virar do avesso a geometria básica do Universo, unificou a física toda num único conjunto de equações.
Na esteira das descobertas de Einstein, Theodor Kaluza e Oskar Klein concluíram que, se a relatividade geral fosse reescrita para acomodar 5 dimensões em vez de 4, as equações do eletromagnetismo brotariam naturalmente dela, mas que não seria possível ver a 5ª dimensão porque ela estaria enrolada em si mesma, como um tubinho minúsculo.
De lá para cá, outras forças que atuam no interior do átomo foram descobertas e, por algum tempo, a ideia das dimensões extras foi esquecida. Até que surgiu a Teoria das Supercordas — segundo a qual as partículas que compõem o Universo poderiam ter a forma de cordas vibrantes (com cada vibração dando as características da partícula). Partindo dessa premissa, é possível descrever todos os componentes da natureza numa única teoria — mas só se o Cosmos possuísse nada menos que 26 dimensões.
Dada a dificuldade de explicar que 4 dimensões são aparentes e outras 22 ficam ocultas, os físicos reduziram o número de dimensões necessárias para algo em torno de 10. Se a Teoria das Supercordas estiver certa, o Universo deve estar cheio de dimensões enroladas e, portanto, invisíveis. Isso pressupõe a existência de um outro Universo onde todos os eventos aleatórios que resultaram na nossa realidade aconteceram exatamente da mesma forma. A única diferença é que, quando tomamos uma decisão neste Universo, também tomamos um caminho alternativo no outro. Assim, esses dois Universos, que ficaram paralelos durante tanto tempo, de repente divergiram.
Dito de outro modo, é possível que o "nosso" Universo — aquele com a versão de eventos aos quais estamos familiarizados — não seja único. Talvez existam outros, possivelmente com diferentes versões de nós mesmos, mas com histórias e resultados alternativos aos que obtivemos. E o mais importante é que não se trata de mera ficção, mas uma possibilidade proposta pela física teórica, segundo a qual universos paralelos podem, sim, existir.
Nosso Universo é vasto, mas a parte que podemos ver, acessar ou afetar é finita e quantificável. Incluindo os fótons e os neutrinos, ela contém cerca de 1090 partículas, aglomeradas e agrupadas em aproximadamente dois trilhões de galáxias, com talvez outros dois ou três trilhões que se revelarão para nós à medida que o Universo se expandir. Atualmente, a tecnologia de que dispomos não permite visualizar nada além do horizonte cósmico que dista 46,1 bilhões de anos-luz da Terra, mas mais Universo se tornará"observável" no futuro, quando então serão reveladas algumas verdades cósmicas que ainda desconhecemos.
Continua...