sexta-feira, 25 de novembro de 2022

ACABOU...

 

Noves fora Jair Bolsonaro e seus três filhos com mandato — o sem mandato está em observação —, os generais Augusto Heleno, Braga Netto, Eduardo Pazuello e Paulo Sérgio Nogueira, os ainda ministros Anderson Torres, Fábio Faria, Carlos França e Marcelo Queiroga e os ex-ministros Onyx Lorenzoni, Ernesto Araújo, Ricardo Salles, Abraham Weintraub, Milton Ribeiro, Marcos Pontes, André Mendonça, Ricardo Vélez Rodrigues, Damares Alves, Marcelo Álvares Antônio, Osmar Terra e Gilson Machado, a gestão que se encerra dentro de um mês foi a pior desde a redemocratização.

Isso não quer dizer que as demais não foram péssimas: Collor e Dilma, impichados em 1992 e 2016, respectivamente, entraram para a História como o primeiro presidente eleito pelo voto popular desde Jânio Quadros (em 1960) e a primeira presidenta (!?) desde a Proclamação da República.
 
Monteiro Lobato reescreveu a fábula do Macaco e o Gato; Bolsonaro, em sua fúria golpista desbragada, usou a pata de Valdemar Costa Neto para tentar anular os votos contabilizados por 279 mil urnas eletrônicas, mas apenas no segundo turno do pleito presidencial. 
 
Se o defeito está nas urnas, está tanto no primeiro quanto no segundo turno, e aí teria que anular a eleição para senador, deputado, governador”, pontuou o vice-presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski. Se essa aleivosia prosperasse, o candidato derrotado contabilizaria mais de 50% dos votos e seria declarado eleito. Ou era isso que imaginava a dupla Bolsonaro-Valdemar.
 
Segundo o artigo 224 do Código Eleitoral, "se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias."
 
O gato Valdemar — que participou do mensalão e do petrolão, foi condenado e cumpriu pena em regime fechado — promoveu essa estapafúrdia aventura jurídica não por morrer de amores pelo mau perdedor, mas porque o dito-cujo foi responsável pelo aumento significativo da bancada do partido na Câmara. Mas sua petição foi envida para a lata do lixo, seu partido foi condenado a pagar uma multa de quase R$ 23 milhões por litigância de má-fé e ele próprio será investigado por instigação e apologia criminosa.
 
Observação: Da feita que o sucesso tem muitos pais, mas o fracasso é órfão, os presidentes do Republicanos e do PP afirmaram que não foram consultados sobre a ação do PL e que reconheceram publicamente o resultado do segundo turno no dia da eleição.
 
Diante dos prejuízos causados à economia do país pelos terroristas que, com seus caminhões atravessados nas pistas, bloquearam e atearam fogo em rodovias por todo o país — de onde até hoje não saíram — o valor da multa foi modesto. Há várias formas de reagir à derrota numa eleição, com honra ou com desonra. Lula (que não é exatamente um exemplo de virtude) perdeu três eleições presidenciais até finalmente ser alçado ao Planalto em 2002, mas sempre reconheceu a vitória dos adversários — coisa que o "mito" dos cabeças de bagre ainda não se dignou a fazer. Não só, mas também por isso, Bolsonaro deixará o Planalto ainda menor do que entrou, com a desonra dos cafajestes incorrigíveis, vingativos e irresponsáveis.
 
Os devotos golpistas que continuam acampados nas cercanias de instalações militares foram (mais uma vez) enganados por seu líder — que só pensa em se safar da Justiça depois de perder o foro privilegiado. Causa espécie o fanatismo dessa escumalha, que faz do bolsonarismo uma seita e investe numa conspiração de fancaria, que defende conceitos vazios, transgride as leis, tumultua o processo democrático e ameaça a segurança da sociedade, como publicou o jornalista Ricardo Viveiros na Folha.
 
Acabou. Não haverá terceiro turno. Ponto final.