A multa milionária causou um racha na coligação. Republicanos e PP alegam que Costa Neto agiu sem consultá-los e por isso o PL deve arcar sozinho com o ônus financeiro. Para essa caterva, faz sentido bancar os arroubos golpistas do mandatário enquanto não houver perda de dinheiro e o risco de ir para o cadafalso.
Na última quinta-feira, os comandantes militares avisaram seu comandante-em-chefe de que não existe unidade nas Forças Armadas para tirar os tanques da garagem visando contentar "patriotas" que continuam bloqueando estradas e montando acampamento diante de quartéis. Chico Alencar escreveu na revista Fórum que "não dá para contemporizar com condutas criminosas". Para os baderneiros, processo e multa por atentar contra a democracia.
Num artigo igualmente brilhante, o colunista e contestador por natureza Ricardo Kertzman anotou que o valor da multa estipulada pelo ministro Alexandre de Moraes não representa nem de perto o dano que esse bando de golpistas vêm impingindo ao Brasil e à democracia. Ordeira ou não, pacífica ou não, com camisa da CBF ou boné do MST, manifestações que defendem golpe militar são crimes previstos em lei. A despeito de erros e abusos cometidos por "Xandão" aqui e acolá, prossegue o articulista, a pena imposta ao PL e a Costa Neto é risível e irrisória — seja porque o dinheiro do partido é nosso, seja porque a justiça só será feita quando o pajé do PL e toda essa gente estiverem atrás das grades.
Sabino diz ainda que, por ter respeito pelo ministro, toma a liberdade de dizer que ele errou feio ao reagir a um bolsonarista que o provocou em Nova York. Como era de esperar, a fala viralizou nas redes sociais e serviu para que batessem na tecla de que o magistrado atua com viés político e favoreceu Lula enquanto presidia o TSE, quando na verdade ele sofreu ataques inadmissíveis ao defender a segurança das urnas eletrônicas — como quando foi chamado de filho da puta pelo presidente da República.
Ao reagir à provocação com frase de bandido que rende a vítima, quem perdeu não foi o “mané”, mas o ministro, que deixou de lado a temperança, encorpou o discurso golpista e ofendeu não só uma chusma de idiotas, mas também — ainda que de forma involuntária — 58 milhões de brasileiros que votaram em Bolsonaro. Independentemente da péssima qualidade do eleitorado tupiniquim, os servidores públicos (e os ministros do STF são servidores públicos) devem tratar respeitosamente aqueles que pagam seus nababescos salários.
Triste Brasil.