domingo, 27 de novembro de 2022

ENQUANTO O POVO PASSA FOME...

 

Enquanto milhões de brasileiros passam fomeBolsonaro torra R$ 42,5 milhões com cartões corporativos, superando as despesas da ex-presidente Dilma. Em julho de 2016, pouco mais de um mês antes da finalização do impeachment da inolvidável, eu publiquei que o valor médio das despesas pagas com cartões corporativos da presidência era de R$ 32,5 mil/dia (incluindo os feriados e finais de semana), aí considerados gastos com cabeleireiro, hotéis de luxo, restaurantes, aluguel de limusines, passagens etc.


Observação: Madame gostava de ostentar. Desfilava com bolsas de grifes como Hermès e Vuitton (que custavam por volta de € 4,7 mil). Apreciava comidas sofisticadas. Vinhos caros nunca faltaram no Alvorada. Mesmo de dieta, costumava degustar bombons Chocopologie — os mais caros do mundo segundo a Forbes; cada unidade de 42 gramas custava US$ 250 — e chocolates suíços Delafee, recobertos de fios de ouro comestíveis de 24 quilates — de acordo com auxiliares, depois de morder um pedacinho, a presidanta descartava o resto na lixeira. Em viagens ao exterior, ela costumava se hospedar nas suítes presidenciais dos melhores hotéis e comer nos mais finos restaurantes. Durante uma visita à Califórnia, chegou a torrar US$ 100 mil só com aluguel de carros! Foram contratados 25 motoristas para levar a comitiva brasileira de lá para cá a bordo de limusines, vans, ônibus e até um caminhão. A visita durou apenas único dia, mas o contribuinte brasileiro arcou com o custo da circulação da frota inteira durante os quinze dias anteriores. Para completar a comédia, o governo só pagou a locadora dos veículos mediante ameaça de processo de cobrança judicial nos EUA!

 

De janeiro de 2021 a agosto de 2022, Bolsonaro gastou R$ 22 milhões, contra R$ 18,7 milhões gastos por Dilma entre janeiro de 2013 e agosto de 2014(períodos em que ambos se preparavam para disputar a reeleição; os dados foram extraídos do Portal da Transparência da Presidência da República pelo jornalista Lucio Vaz, e atualizados pela inflação, de maneira a permitir a comparação). Considerando apenas o ano eleitoral, as despesas pagas com cartões foram semelhantes: Bolsonaro gastou R$ 9,7 milhões até agosto passado, contra R$ 9,4 milhões que Dilma torrou no mesmo período de 2014 — ano em que ela se reelegeu, no qual as faturas somaram R$ 14,2 milhões

 
Observação: No primeiro ano do governo Lula, a cozinha palaciana era farta e exótica. Um quilo de barbatana de tubarão custou R$ 3,5 mil, um pote de caviar de 120 g saiu por R$ 125 e o conhaque, por R$ 400 a garrafa. No segundo mandato do petralha, foram compradas em um único mês 10 garrafas de cachaça Anísio Santiago (R$ 472 a unidade), 13 garrafas de vodca Absolut (R$ 150 cada) e 36 garrafas de Johnny Walker Black Label (por R$ 236 a unidade). Em setembro de 2014, um mês antes da reeleição de Dilma, foram adquiridas seis garrafas do vinho português Pêra-Manca (R$ 965 a unidade) e o camarões GGG a R$ 225 o quilo (todos os valores foram atualizados pela inflação).
 
As despesas presidenciais pagas com cartões corporativos são divulgadas após o término dos mandatos. Na análise dos últimos quatro meses do governo Temer, em 2018, o blog de Lucio Vaz encontrou gastos do então presidente-eleito, que estava hospedado na Granja do Torto, com refeições bem mais sofisticadas que o pão com leite condensado que o capitão dizia comer no café da manhã. 


Em 2019, antes da pandemia, Bolsonaro gastou R$ 10,1 milhões (sempre em valores atualizados). A média mensal foi de R$ 844 mil. Nos últimos quatro meses daquele ano, a média mensal chegou a R$ 1,14 milhão. Se não tivesse ocorrido a pandemia, as faturas dos cartões teriam passado de R$ 50 milhões. Somando as diárias e passagens aéreas para servidores, o dispêndio chegou a R$ 100 milhões

 
Devido à "gripezinha", o verdugo do Planalto gastou, em média, R$ 290 mil mensais de março a julho de 2020. Em agosto, com a redução do número de casos e mortes, ele retomou seu périplo eleitoreiro em visita a obras, cerimônias militares e cultos evangélicos. Nos últimos cinco meses daquele ano, as faturas somaram R$ 6 milhões; ao longo dos 12 meses, o tal foi de R$ 10,3 milhões
 
Os números da Covid tornaram a subir no início de 2021, e Bolsonaro reduziu as viagens. De fevereiro a maio, a média caiu para R$ 746 mil. Nos últimos cinco meses, enquanto centenas de pessoas morriam dia sim e outro também, ele retomou suas andanças, e a média mensal aumentou para R$ 1,3 milhão (o ano fechou com R$ 12,6 milhões pagos com cartões). Até agosto deste ano, os gastos somaram R$ 9,7 milhões — média mensal de R$ 1,2 milhão. Durante a pré-campanha, a média foi de R$ 1,3 milhão
 
Observação: Bolsonaro fez refeições na Granja do Torto no dia 4 de janeiro. O cardápio foi filé de frango à parmegiana com farofa de cebola e bacon refogado no açafrão e pescada amarela grelhada no alho dourado. Teve também filé-mignon ao molho rústico com risoto de rúcula e tomate seco. No dia seguinte, chegou reforço para a despensa: 11 kg de lombo suíno, 18 kg de filé mignon, 10 kg de salmão, 4 kg de linguiça e um espeto para churrasco. Nesse mesmo dia, o cardápio do almoço incluiu lombo suíno assado ao molho cítrico de laranja com farofa crocante de cebola refogada no açafrão. No jantar, filé picado na ponta de faca com polenta e salmão grelhado com raspas de limão siciliano, acompanhado de batata noisette salteada na manteiga. O paladar do capitão ia ficando cada vez mais refinado. 

 

O detalhamento dos gastos de Bolsonaro será conhecido após o final do mandato, mas o deputado federal Elias Vaz, do PSB-GO, apurou que entre 1º de janeiro de 2019 e 14 de novembro de 2022 o consumo de petiscos e bebidas no avião presidencial chegou a R$ 3.580.320,06. Desse total, R$ 1.183.459,95 foram gastos entre janeiro e novembro do ano em curso.