segunda-feira, 28 de novembro de 2022

É PRECISO CONSOLIDAR A DEMOCRACIA



Construído sobre os escombros do nazifascismo, o segundo Pós-Guerra nutriu o sonho da universalização do regime democrático. Contudo, onde se esperava ver chefes de Estado íntegros e capazes, viram-se tiranetes como Maduro, Ortega, Orbán, Putin e o arremedo de ditador que elegemos em 2018 para evitar que o PT et caterva voltassem ao poder. 

No Brasil, a polarização entre dois populismos que pareciam espécies em extinção não recomenda otimismo. Nove de cada dez analistas apostam na continuidade da estupidez política, numa economia incapaz de decolar, numa população quase analfabeta e num número espantoso de famílias revirando o lixo em busca de ossos para a sopa da noite.

A Argentina — que ostentava uma renda per capita superior à da Espanha, da Itália, da Alemanha e até à da Suécia — amarga uma inflação estratosférica e tem uma parcela considerável da população vivendo abaixo da linha da pobreza. Por aqui, contamos os dias que faltam para o pior mandatário desde a redemocratização deixar o Palácio do Planalto. 

A duras penas, o processo eleitoral conseguiu dar ao eleitor a possibilidade de recolocar o Brasil nos trilhos civilizatórios, mas achar que a mera promulgação da Constituição cidadã levaria a edificação de uma sociedade plenamente democrática foi uma ilusão, a exemplo de acreditar que estávamos em plena vivência de um regime de amplas liberdades e com instituições consolidadas. Em essência, o velho reacionarismo e autoritarismo estavam adormecidos, aguardando a oportunidade de aflorar.

O processo eleitoral de 2018 abriu as comportas de uma violência política inesperada para muitos. É como se fosse uma novidade, algo impossível de acontecer em um País sob a vigência da Constituição de 1988. O grande erro foi não ter construído no Brasil uma cultura política democrática. Isso não se faz da noite para o dia, naturalmente, mas, em mais de três décadas, pouco ou nada fizemos. Convivemos com o passado autoritário fingindo que nada tinha acontecido — ou que, no máximo, alguns excessos foram cometidos.

Incorporamos à nova ordem os egressos do passado (recente) ditatorial como se fossem democratas sinceros, e não oportunistas que, sequiosos de se manter no poder, vestiram a fantasia de democratas. Agora temos uma missão fundamental para que o bolsonarismo não se mantenha como importante ator político — ou até retorne à Presidência da República. Edificar a democracia como valor permanente.

Com Marco Antonio Villa