Há método e planejamento na inatividade que permeia os estertores do governo Bolsonaro. A negligência compõe uma estratégia concebida com o fito de forçar Lula a se expor e desgastar-se antes mesmo de tomar posse. Na última quinta-feira, um parlamentar bolsonarista ponderou que "o silêncio e a reclusão do presidente criaram um vácuo de poder, que vem sendo ocupado por Lula". Um ministro respondeu: "Não se engane com o capitão. Ele nunca esteve tão ativo. Possui um roteiro. Empurrou o nove dedos dos píncaros da glória de uma vitória fraudulenta para o chão enlameado da rotina política. Não existe ocupação de espaço. O que há é um acúmulo de desgastes. O ladrão ficou menor antes de tomar posse. Mantenha a calma."
O ministro lembrou que, durante a campanha, Lula acusou Bolsonaro de comprar o apoio do Centrão com o "orçamento secreto". Dizia que o mecanismo seria substituído por "um tal de orçamento participativo". E gora negocia com o mesmo Centrão, oferecendo a "blindagem" das emendas que chamava de fraudulentas. Na expressão do ministro com escrivaninha no Planalto, Bolsonaro teria aplicado em Lula um "choque de realidade", desmoralizando a "narrativa moralista".
O ministro lembrou que, durante a campanha, Lula acusou Bolsonaro de comprar o apoio do Centrão com o "orçamento secreto". Dizia que o mecanismo seria substituído por "um tal de orçamento participativo". E gora negocia com o mesmo Centrão, oferecendo a "blindagem" das emendas que chamava de fraudulentas. Na expressão do ministro com escrivaninha no Planalto, Bolsonaro teria aplicado em Lula um "choque de realidade", desmoralizando a "narrativa moralista".
No jantar de Valdemar, um silencioso Bolsonaro foi lá conferir a quantas andam as articulações para sua anistia geral e irrestrita. Eduardo, no Catar, está confiante de que um acordo deve sair antes de 2 de fevereiro. No céu de Brasília, realçado pelo traço do arquiteto comunista, todos se curvam ao deus do orçamento secreto. A força da grana ergue um muro de hipocrisia e silêncio em relação ao Brasil e desfaz mais um pouquinho a nossa já combalida democracia. Djavan e Caetano fizeram o L… de Lira.
Entre governo e oposição, Centrão!
Em campanha, Bolsonaro trocou a responsabilidade fiscal pelo populismo eleitoral. Entre os mimos que ofereceu ao eleitorado pobre, o principal foi a elevação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600. Disse que o benefício vitaminado seria permanente, mas enviou ao Congresso uma proposta de orçamento federal para 2023 que não inclui o adicional de R$ 200. Criticado, alegou que o orçamento seria revisto. Derrotado, cruzou os braços. E o Posto Ipiranga manda Lula "trabalhar", como se a reformulação de um orçamento crivado de inconsistências fosse atribuição de um sucessor que ainda não ocupa o trono.
Com Josias de Souza