sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

FRITO NA PRÓPRIA GORDURA (FINAL)

Bolsonaro continua escondido na cueca do Pateta e postando em suas redes sociais, mesmo após sua inclusão no inquérito 4.921, acusado de instigação e autoria intelectual dos atos antidemocráticos que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Para seus apoiadores, a decisão do ministro Alexandre de Moraes sobre o compartilhamento do post publicado originalmente pelo procurador Felipe Gimenez foi injusta, pois o filho 02 é o guardião das senhas do pai nas redes sociais.
 
Flávio Dino disse que daria voz de prisão a qualquer pessoa que lhe entregasse um documento como o que a PF encontrou na casa de Anderson Torreso primeiro brasileiro a voltar de Miami sem trazer celular novo e, como se não bastasse, deixar o velho por lá. O advogado Rodrigo Roca — que defendeu Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas — negou que Torres tenha culpa no cartório, embora ele tenha mudado o comando da secretaria de Segurança Pública de Brasília antes de viajar para a Florida. 

"Jair Bolsonaro sempre repudiou todos os atos ilegais e criminosos, disse publicamente que era contra tais condutas ilícitas e que foi um defensor da Constituição e da democracia", declarou o dublê de causídico e mafioso de comédia Frederick Wassef. "O presidente (sic) repudia veementemente os atos de vandalismo e depredação do patrimônio público cometido (sic) pelos infiltrados na manifestação. Ele jamais teve qualquer relação ou participação nestes movimentos sociais espontâneos realizados pela população”, acrescentou o doutor, que deve achar que o país inteiro é idiota.
 
Depois da oitiva de Torres, Bolsonaro adiou sine die seu retorno ao Brasil, pois receia que os ataques terroristas no DF, o vídeo questionando o sistema eleitoral e a minuta do decreto golpista encontrado na casa de seu ex-ministro complique ainda mais sua situação. Alem de ser investigado no TSE e no STF, o ex-presidente corre o risco de ser alvo de um pedido de prisão preventiva

Nas redes sociais e aplicativos de troca de mensagem, ambientes onde sempre se movimentou com destreza, o capitão vê sua situação tem se deteriorar desde a derrota nas urnas, mas são as ameaças jurídicas que mais o assustam. Com base em ataques às instituições democráticas e no vídeo publicado e apagado horas depois, um grupo de 80 procuradores do MPF pediu à PGR a abertura de mais uma investigação criminal contra ele.  
 
Na avaliação da alta cúpula do Exército, o que houve no último dia 8 não foi uma tentativa de golpe, mas "uma manifestação que saiu do controle", o que é ridículo. As FFAA foram cúmplices de Bolsonaro na criação desse furdunço. Permitir que os fardados saiam de fininho seria um erro imperdoável

Segundo o jornal The Washington Post, os militares foram coniventes com as hostes terroristas. O ex-comandante da PM do DF Fábio Augusto Vieira, preso no último dia 10, disse que não pode prender os arruaceiros refugiados nos acampamentos bolsonaristas porque havia por lá militares reformados e familiares de fardados da ativa. 
 
Observação: No apagar de 2022, os bolsonaristas acampados defronte ao QG do Exército no DF recebera a vista da mulher do general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército e apoiador de carteirinha de Bolsonaro. 
 
O ministro Benedito Gonçalves, corregedor da Justiça Eleitoral, determinou que a minuta do tal decreto golpista seja incluída numa ação de investigação contra Bolsonaro e Braga Netto e deu 3 dias de prazo para que os investigados se manifestem. Mas a apuração da responsabilidade dos fardados tropeça em seu próprio tamanho e pode resultar em impunidade. 
 
STF está dividido sobre considerar que houve terrorismo nos atos do dia 8. Três dias depois do episódio, o plenário virtual manteve (por 9 votos a 2) as decisões de Moraes — somente os dois ministros nomeados por Bolsonaro divergiram do relator. 
Uma ala da corte defende a transferência dos inquéritos que envolvem réus sem foro privilegiado para instâncias inferiores, o que seria um convite à frustração. Ou as togas assumem a tarefa de julgar todos os golpistas, ou sua campanha publicitária alardeando que a democracia brasileira permanece "inabalada" será mera propaganda enganosa. 
 
Transferir para instâncias inferiores o julgamento do maior ataque contra a democracia desde o fim da ditadura favoreceria as falanges golpistas e levaria ao aprofundamento de um fenômeno cavalgado nos últimos anos por Bolsonaro e pelo bolsonarismo: a corrosão da supremacia do Judiciário.