quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

ALELUIA, ESTÚPIDOS!

 

Dizem que Deus criou a fé e o amor, e o Diabo, invejoso, as religiões e o casamento. Aleluia, idiotas!
 
Misturar política com religião nunca foi boa prática, mas, numa republiqueta de bananas onde a bancada evangélica — aquela da propina via bíblia e do ouro nos pneus — escolhe seu líder mediante um acordo em que Eli Borges e Silas Câmara se revezarão nos próximos dois anos... Aleluia, otários!
 
Silas demorou a confessar seu crime porque estava na bica de ser condenado a cinco anos e três em regime semiaberto. Quando o STF ameaçava formar maioria a favor da tranca, o ministro terrivelmente evangélico André Mendonça pediu vista do processo, permitindo ao pastor firmar um acordo de não persecução penal. 
Observação: Mendonça não poderia ter participado do julgamento, pois é amigo declarado de Silas. Pela lei, a porta do acordo estava fechada desde a formalização da ação penal. Mas o Supremo digeriu uma exceção. A confissão do réu foi eloquente: "Admito [...] que há mais de duas décadas [...] recebi transferências e depósitos feitos por assessores parlamentares nomeados para o gabinete, após receberem seus respectivos vencimentos, fato do qual me arrependo..." Aleluia, imbecis!
 
Em Fantasia, o camundongo Mickey deu vida às vassouras, mas não conseguiu mantê-las sob controle. Encrencado num caso de "rachadinha", o "pastor" que levou para o comando do bloco da Bíblia a mácula de criminoso confesso escapou da cadeia porque pagou multa de R$ 242 mil. Aleluia, cretinos! 
 
Há na bancada evangélica mais de uma centena de deputados e uma dezena de senadores que optaram por ser comandados por um "rachador". Aleluia, trouxas! 
 
A conversão do deputado em comandante da bancada evangélica expõe duas evidências: 
1) o catálogo dos pecados capitais precisa incluir o mais relevante: o capital propriamente dito; 
2) Deus está em toda parte, mas já não consegue dar expediente full time
Aleluia, estrupícios!