segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

MAS É CARNAVAL (CONTINUAÇÃO)



Os cristãos acreditam que os maus são punidos e os bons, recompensados (não necessariamente "nesta vida"). Mas o Vaticano jamais enfrentou a chaga da pedofilia em suas entranhas, e os templos evangélicos estão apinhados de pastores mais sujos que pau de galinheiro — o penúltimo escândalo no MEC culminou com a prisão do ministro-pastor Milton Ribeiro, mas as investigações foram paralisadas devido a uma "suposta interferência" do então presidente Jair Bolsonaro.
 
Não sei como a "Lei Divina" estabelece as punições a fiéis que mijam fora do penico ou cagam na pia batismal, mas sei que, segundo o artigo 5º da Constituição Cidadã, "todos são iguais perante a lei". Mas a lei — ora, a lei — é escrita por gente "mais igual que os outros". 

Num diálogo do filme ADVOGADO DO DIABO, o jovem advogado Kevin Lomax pergunta ao chefe: Por que a lei?  E a encarnação de Belzebu responde: A lei, meu garoto, nos coloca dentro de tudo. É o melhor passe para os bastidores.
 
A engenhosidade dos maus políticos e maus agentes públicos não tem limites quando e se os interesses próprios estão em jogo. Artigos, parágrafos, incisos, alíneas e todo o entulho legal que doutores, políticos e magnatas deste país invocam para colocar em discussão se a Terra é redonda ou é plana mostram bem a extraordinária dificuldade — para quem dita as regras nesta banânia — de aceitar o princípio segundo o qual uma lei só fica de pé se fizer nexo

E uma lei só faz nexo quando torna a vida do cidadão comum mais segura, mais cômoda ou mais compreensível.

Aproveitem o carnaval.