quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

O PESADELO CONTINUA...

Por algum tempo, pareceu que Lava-Jato mudaria o mantra de que no Brasil só pretos e pobres vão para a cadeia. Infelizmente, não demorou para que a moral dos brasileiros parasse de funcionar. Processos, julgamentos e decisões de dezenas de magistrados foram anulados para que alguns réus pudessem disputar cargos públicos e o crime voltasse a compensar. 
 
Anos antes de Cabral aportar em Pindorama, Nicolau Maquiavel já dizia que um povo que aceita passivamente leis que beneficiam corruptos é escravo por natureza e não merece a liberdade. Em outras palavras, quem dá a chave do galinheiro às raposas não pode reclamar do sumiço das galinhas.
 
Quando confrontados com o mensalão e o petrolão, os sectários do lulopetismo respondem com as "rachadinhas", a mansão em Brasília e os 107 imóveis do clã Bolsonaro. É fato que o dublê de mau militar e parlamentar medíocre, ora homiziado na cueca do Pateta, é alvo de uma porção de investigações — que podem ou não levá-lo às barras da Justiça —, mas Lula foi preso, julgado, condenado e encarcerado (ainda que por míseros 580 dias).
 
A leniência da justiça tupiniquim com corruptos e corruptores de alto coturno deixaria Maquiavel boquiaberto. Mas isso não muda o fato de que a péssima qualidade do eleitorado tupiniquim corrobora, a cada eleição, o que disseram Pelé, nos anos 1970, e Figueiredo, na década seguinte, sobre eleições diretas para presidente. 
E não só para presidente.

No último dia primeiro, entre outras aberrações notáveis que conquistaram uma cadeira no Congresso, destacou-se o o general Eduardo Pazuello. Mesmo tendo assombrado o Brasil durante a maior crise sanitária dos últimos cem anos, o dito-cujo foi segundo nome mais votado (205.324 votos) pelo inigualável eleitorado fluminense.
 
Durante uma conversa com o também bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), que se dizia preocupado com uma possível vitória do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na eleição para a presidência do Senado, o ora deputado Pazuello disse que "os bolsonaristas eleitos para a Câmara eram um grupo bom de porrada”. 
 
A despeito do ataque terrorista de 8 de janeiro e de todo a coletânea de atos de violência que o bolsonarismo borrifou país afora nos últimos anos, sobretudo em 2022, o ritmo ditado pela bancada de apoiadores do capitão sociopata continuará o mesmo.

Mudando de mosca, numa época em que há tantas tolices novas à disposição, Lula insiste em cometer velhos erros. Erros novos, resultantes de uma sincera tentativa de mudança, podem ser admitidos e corrigidos. Mas o governo petista se agarra a uma política econômica testada e fracassada. Alega que certas despesas públicas não configuram gasto, mas, sim, investimento. Que produzir superávits para pagar os juros da dívida pública é engordar financistas graúdos em detrimento dos brasileiros mais pobres. Fala em elevar a meta de inflação para combater a inflação, embora o Brasil tenha larga experiência negativa nesse quesito; se inflação alta e crônica fosse meio de crescimento, seríamos uma dos países mais ricos do mundo.
 
Observação: O que sufoca a economia brasileira não é o combate à inflação, mas o gasto público muito elevado e pouco eficiente, financiado por déficits que geram inflação e cujo combate requer o aumento da Selic. Em vez de admitir o erro, Lula quer acabar com a independência do BC e, pasmem!, usar o BNDES para compensar perdas de receita dos estados (provocadas pela redução de impostos sobre a gasolina e energia) e financiar obras na Argentina e em outros países "companheiros". Nem seria preciso dizer que já vimos esse filme e sabemos como ele termina.
 
Lula ataca o teto de gastos e a exigência de responsabilidade fiscal. Diz que os fiscalistas são contra os gastos sociais e, ato contínuo, assegura que seu primeiro governo praticou a responsabilidade fiscal. Mas esquece de lembrar (ou se lembra de esquecer) que, em seu primeiro mandato, ele recebeu a casa arrumada e um presente da globalização, com o mundo todo em crescimento e a onda das commodities trazendo dólares ao Brasil. Agora, o mundo desacelera, os juros são altos para combater a inflação — tanto aqui quanto lá fora. 

Lula invoca seu passado responsável — de respeito à autonomia do BC e produção de superávits fiscais — para rechaçar qualquer regra nesses itens e obter uma licença para gastar e produzir déficits elevados. O Lula de 2003 não era o verdadeiro. Se ele praticou políticas responsáveis, ortodoxas, foi por medo da reação dos meios econômicos. Tanto que começou a mudar a postura no segundo mandato, quando se sentiu mais seguro. 

Tudo considerado, Dilma foi o verdadeiro Lula, com a gastança do governo, suas estatais e seus bancos. É o que ele quer reviver, mas as circunstâncias mudaram. Triste Brasil.