Às vésperas de completar 100 dias em sua terceira passagem pelo Planalto, Lula mandou publicar no Correio Brasiliense um artigo falando em "reverter um cenário estarrecedor" e "priorizar o inadiável em prol de um futuro melhor". O Estadão exaltou o óbvio: "Alguns otimistas dirão que Lula da Silva, por mais perdido que esteja, ainda faz um governo melhor do que o de Bolsonaro. Mas aí não há vantagem nenhuma: é virtualmente impossível ser pior do que Bolsonaro, responsável pela putrefação moral da política, pela desmoralização da República e pela ruína de áreas cruciais para o País, como saúde e educação".
Nada muito diferente do que eu venho dizendo há tempos.
Na edição do último dia 6, a revista Crusoé publicou a matéria "100 dias sem picanha", na qual Duda Teixeira e Rodolfo Borges ponderam que a retórica ufanista de Lula tem poucas chances de convencer os brasileiros que avaliam as ações do governo federal a partir do que sentem na própria vida, seja no preço da picanha, seja no medo de perder o emprego.
Durante a campanha de 2022, Lula perorou: "Vamos voltar a reunir a família no domingo e fazer um churrasquinho. E vamos comer uma fatia de picanha com uma gordurinha passada na farinha e tomar uma porra de uma cerveja gelada". Eleito (com 50,90% dos votos válidos) e empossado, o petista não só falhou em persuadir os que não votaram nele como também perdeu a confiança dos muitos que o apoiaram apenas para evitar a reeleição de Bolsonaro.
Além de não entregar o principal, o eterno demiurgo de Garanhuns perde tempo atacando inimigos (reais ou imaginários), como se ainda estivesse no palanque, o governante fosse Bolsonaro e o PT, a oposição. Somada à incompetência, sua verborragia pode afetar o desempenho no Congresso. Para além da retomada das ações ambientais e de proteção aos yanomamis, o governo se limita a enaltecer programas que já existiam. Tudo não passa de notícia velha, mas vale tudo quando se trata de mais promessas para uma população que já não acredita nelas.
Numa de suas inesquecíveis falas de improviso, Dilma, a inimitável, disse algo como "(...) não vamos colocar meta, vamos deixar a meta aberta e, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta". Parece que seu criador aprendeu com a cria: numa referência à fala do presidente do BC — "se a gente quisesse atingir a meta [da inflação] em 2023, a última informação que tive é que a taxa [de juros] teria que ser 26,5%", Lula, com o dedo em riste e a indefectível voz roufenha, lecionou: "o problema pode ser a meta, e se a meta estiver errada, muda-se a meta".
Pesquisa PoderData aponta que 51% dos entrevistados consideram a atual gestão igual ou pior que a de Bolsonaro. Para piorar, o mandatário que passou boa parte da campanha prometendo retirar os sigilos absurdos decretados pelo então adversário, hoje nega acesso a dados públicos, mesmo àqueles que são solicitados por meio da Lei de Acesso à Informação.
Na edição do último dia 6, a revista Crusoé publicou a matéria "100 dias sem picanha", na qual Duda Teixeira e Rodolfo Borges ponderam que a retórica ufanista de Lula tem poucas chances de convencer os brasileiros que avaliam as ações do governo federal a partir do que sentem na própria vida, seja no preço da picanha, seja no medo de perder o emprego.
Durante a campanha de 2022, Lula perorou: "Vamos voltar a reunir a família no domingo e fazer um churrasquinho. E vamos comer uma fatia de picanha com uma gordurinha passada na farinha e tomar uma porra de uma cerveja gelada". Eleito (com 50,90% dos votos válidos) e empossado, o petista não só falhou em persuadir os que não votaram nele como também perdeu a confiança dos muitos que o apoiaram apenas para evitar a reeleição de Bolsonaro.
Além de não entregar o principal, o eterno demiurgo de Garanhuns perde tempo atacando inimigos (reais ou imaginários), como se ainda estivesse no palanque, o governante fosse Bolsonaro e o PT, a oposição. Somada à incompetência, sua verborragia pode afetar o desempenho no Congresso. Para além da retomada das ações ambientais e de proteção aos yanomamis, o governo se limita a enaltecer programas que já existiam. Tudo não passa de notícia velha, mas vale tudo quando se trata de mais promessas para uma população que já não acredita nelas.
Numa de suas inesquecíveis falas de improviso, Dilma, a inimitável, disse algo como "(...) não vamos colocar meta, vamos deixar a meta aberta e, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta". Parece que seu criador aprendeu com a cria: numa referência à fala do presidente do BC — "se a gente quisesse atingir a meta [da inflação] em 2023, a última informação que tive é que a taxa [de juros] teria que ser 26,5%", Lula, com o dedo em riste e a indefectível voz roufenha, lecionou: "o problema pode ser a meta, e se a meta estiver errada, muda-se a meta".
Pesquisa PoderData aponta que 51% dos entrevistados consideram a atual gestão igual ou pior que a de Bolsonaro. Para piorar, o mandatário que passou boa parte da campanha prometendo retirar os sigilos absurdos decretados pelo então adversário, hoje nega acesso a dados públicos, mesmo àqueles que são solicitados por meio da Lei de Acesso à Informação.
O Ministério da Economia — que foi extinto pelo atual governo, mas ainda mantém estrutura de gestão — se recusou a compartilhar a lista de entradas e saídas do prédio, e a pasta da Fazenda, chefiada por Haddad, diz que as informações são de caráter pessoal e processá-las exigiria horas, dias ou semanas de trabalho adicionais. Sobre as viagens de Lula, a Casa Civil justificou a negativa com base no artigo 24 da lei, segundo o qual informações que possam "colocar em risco a segurança do Presidente, Vice-Presidente e respectivos cônjuges e filhos serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato".
Como se vê, não há nada de novo sob o sol, a não ser o fato de que os primeiros 100 dias deste governo já se foram. A lua de mel terminou.