Eleito vereador em 1988, Bolsonaro se disse espantado com o tanto de funcionários fantasmas que havia na Câmara. Dois anos depois, quando foi diplomado deputado federal, pôs em movimento seu trem da alegria, começando por nomear o sogro, que continuou morando no interior do Rio — o muito que ele fez como "assessor parlamentar" foi distribuir santinhos do genro durante as campanhas eleitorais.
Bolsonaro só recebeu o diploma de capitão um mês antes de vestir a faixa presidencial, e a diplomação só foi possível graças a uma portaria publicada dois dias depois da eleição. Ao colocar o diploma no colo do "mito", o general Villas Bôas disse: "muita honra, presidente". (O estrelado foi exonerado do cargo de assessor especial do ministro do GSI em junho do ano passado; em dezembro, sua esposa frequentou o acampamento golpista montado defronte ao QG do Exército em Brasília.)
A primeira mulher de Bolsonaro e mãe de seus três filhos mais velhos foi vereadora de 1993 a 2001. Ao longo de seus mandatos, empregou 8 pessoas de 4 famílias diferentes e nomeou outras 3, que depois conseguiram cargos para parentes nos gabinetes do marido e dos filhos Carlos e Flávio. Dois anos antes da separação, comprou um imóvel na zona norte do Rio e pagou em dinheiro vivo. Segundo Bolsonaro, o casamento com Rogéria Nunes Braga degringolou porque ela deixou de consultá-lo na hora de votar questões polêmicas. "Eu a elegi. Ela tinha que seguir minhas ideias", disse ele à revista IstoÉ.
Em 2000, Rogéria concorreu ao terceiro mandato, mas foi boicotada pelo ex-marido, que apoiou a candidatura do filho Carlos. Aos 17 anos, Zero Dois obteve 16.053 votos e se tornou o vereador mais jovem do Rio; aos 40, sua mãe obteve 5.109 votos e amargou a suplência e o fim de uma carreira política iniciada em 1992.
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