Algumas ideias sobre universos paralelos refutam a possibilidade de eles se encontrarem, até porque, em tese, duas linhas paralelas só se encontram no infinito — menos que a superfície onde elas estão seja torcida (mas ainda assim elas continuariam matematicamente paralelas).
Observação: Pode-se comprovar isso na prática traçando duas linhas paralelas numa folha de papel e torcendo-a — essa "torção" é justamente o que os cientistas procuram para comprovar a existência de outros universos e/ou dimensões.
Quando falamos em "universo", referimo-nos a tudo que conseguimos observar até agora. Sabemos que o "nosso universo" surgiu há aproximadamente 13,8 bilhões de anos, que a luz viaja no vácuo a 300 mil km/s, que um ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano) corresponde a cerca de 9,5 trilhões de quilômetros e que existem partes do universo que não conseguimos enxergar, já que a luz não chega até lá.
Essa "bolha" em que vivemos tem 93 bilhões de anos-luz de diâmetro, e só Deus sabe (se é que sabe) se existe algo além dela. Entretanto, se levarmos em conta a diferença entre o universo observável e o "universo real" (tudo que existe onde a luz não alcança) e assumirmos que "n" explosões similares ao Big Bang tenham acontecido em "n" pontos para nós desconhecidos, podemos supor (mas não afirmar) que outros universos semelhantes ao nosso coexistam, mas não têm conhecimento da existência dos demais — alguns podem ser muito parecidos com o nosso e até abrigar outras versão de nós que vivem vidas independentes.
A "interpretação dos muitos mundos" (IMM) foi suscitada pela primeira vez na década de 1950 pelo físico estadunidense Hugh Everett, que usou a mecânica quântica para (tentar) explicar processos impossíveis de ser explicados pelas relações de causalidade. Desde então, outros pesquisadores formularam diferentes versões sobre dimensões paralelas e multiversos, mas sempre seguindo o mesmo conceito-chave.
No livro Something Deeply Hidden, o físico teórico Sean Carroll aborda o surgimento do espaço-tempo, sustenta a existência de realidades semelhantes à nossa (se um elétron em estado quântico pode estar em todas as posições ao mesmo tempo, por que não?) e especula acerca da possível origem dos chamados mundos quânticos.
Continua...