terça-feira, 27 de junho de 2023

O TITANIC E O TITAN

QUANDO É PRA SER, O DESTINO SEMPRE DÁ UM JEITO.

 

A 3.800 metros de profundidade, na remota costa de Terra Nova, jazem os "restos mortais" do Titanic — o maior e mais luxuoso navio do início do século XX —, cuja história, tão curta quanto trágica, inspirou livros, filmes, videogames e musicais. 

Em 2005, o cineasta James Cameron, diretor do blockbuster de 1997 (o quarto filme mais lucrativo de todos os tempos), disse que o naufrágio do Titanic tem "um grande valor metafórico e místico na consciência humana", daí o assunto ressurgir nos noticiários sempre que novas missões de exploração são lançadas e imagens dos destroços, publicadas.
 
O gigantesco transoceânico foi construído entre 1909 e 1912 nos estaleiros da Harland and Wolff em Belfast, na Irlanda do Norte, ao custo de US$ 450 milhões. Batizado de Titanic em homenagem aos titãs da mitologia grega — que eram seres gigantes e poderosos —, o navio media 270 m de popa à proa e pesava mais de 46 mil toneladas e dispunha de campos de squash, piscina, sala escura para fotógrafos, elevadores e um restaurante decorado ao estilo jacobino, com colunas douradas e objetos de prata finamente fabricados, além de contar com o Sistema Marconi (a mais nova forma de comunicação sem fios da época). 
 
Tido como "insubmersível", o gigantesco vapor zarpou de Southampton (UK) rumo a Nova York (EUA) em 10 de abril de 1912. Quatro dias depois, o capitão Edward J. Smith — em sua última viagem antes da aposentadoria — recebeu a primeira de seis mensagens de advertência sobre campos de gelo próximos da ilha de Terra Nova, no Canadá. Mas ele era um dos que acreditavam que o Titanic era grande demais para ser afundado. Por volta das 23h20 de 14 de abril, o sino do cesto dos vigias tocou três vezes, indicando que eles estavam em rota de colisão com um iceberg, e virar a estibordo e dar marcha a ré a toda potência não evitou a colisão, que ocorreu às 23h40. 
 
Dez minutos depois do impacto, a água já atingia quatro metros acima da quilha — o Titanic foi projetado para flutuar com até quatro de seus seis compartimentos estanques inundados, mas cinco deles foram invadidos pela água em pouco mais de uma hora. Às 2h20 da madrugada seguinte, o casco se partiu em dois pedaços afundou nas águas geladas do Atlântico Norte, matando 1514 dos 2227 homens, mulheres e crianças que estavam a bordo. Detalhe: a banda composta por 8 músicos tocou até o momento final do naufrágio.
 
O navio dispunha de 3560 coletes salva-vidas e 20 escaleres, com capacidade máxima de 1.178 pessoas. Segundo os proprietários, mais botes seriam um desperdício (na visão deles, o navio era "inafundável"), além de comprometerem a beleza do Titanic. Para piorar, o pânico fez com que os primeiros escaleres fossem lançados ao mar antes de estarem totalmente ocupados. Ao final, somente 705 passageiros conseguiram se salvar.
 
Observação: Quando os sinalizadores foram disparados, observou-se ao horizonte uma luz que parecia ser do vapor Californian, levando a tripulação do Titanic a imaginar que o resgate estava a caminho. No entanto, ao invés de se aproximar, a luz desapareceu no horizonte. Concluiu-se depois que ela não poderia ser do Californian, que estava a mais de 37 quilômetros de distância. Por outro lado, Marte estava a 11,5.º acima do horizonte, na mesma direção do Californian. Isso pode ter levado os marinhares a confundir o ocaso do planeta vermelho com a luz do navio sumindo no horizonte.
 
Os destroços do Titanic foram localizados em 1985 pelo oceanógrafo Robert Ballard, e vêm se deteriorando ao longo dos anos. A maior parte da madeira foi comida por moluscos, mas são as expedições com equipamentos e plataformas pesados que danificam sua estrutura (desde a descoberta do local exato do naufrágio, os "caçadores de troféus" já retiraram cerca de 6 mil objetos do fundo do mar). 
 
No último dia 18, o submersível Titan, da empresa OceanGate Expeditions — que cobra US$ 250 mil por uma vaga em suas expedições para levar turistas até os destroços do Titanic — perdeu contato com o barco de apoio duas horas depois de iniciar descida. Além do comandante, estavam a bordo os presidentes da OceanGate e da Action Aviation, um empresário paquistanês e seu filho (que não queria participar da expedição). 

Um mergulho completo até os destroços, incluindo a descida e a subida, leva oito horas, e a pressão da água naquela profundidade é cerca de 376 vezes maior do que a exercida pela atmosfera da Terra. Segundo o jornal britânico The Guardian, o Titan estava a cerca de 3.500 metros no momento em que a comunicação foi perdida — profundidade na qual a pressão corresponde a 345 vezes a da atmosfera ao nível do mar.
 
Para que este texto não fique ainda mais extenso, deixo a conclusão para a post de depois de amanhã.