quarta-feira, 7 de junho de 2023

SOBRE A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

TRIUNFAM AQUELES QUE SABEM QUANDO LUTAR E QUANDO ESPERAR.

A tecnologia evoluiu mais nos últimos 150 anos do que desde a invenção da roda até o final do século XIX. 

Para se ter uma ideia, até Dom Pedro II determinar a adoção da iluminação pública elétrica na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, contavam-se nos dedos as cidades cujas ruas eram iluminadas por lampiões a gás, que precisavam ser acesos manualmente todas as noites. Na maioria dos localidades, lampiões e lamparinas eram usados de forma fixa nas casas e portátil quando alguém precisava sair à noite. 
 
Observação: No sítio onde eu passava as férias nos anos 1960 havia vacas, cavalos, porcos, patos, galinhas, milho, cana-de-açúcar, mangueiras e outras árvores frutíferas em profusão, mas o banheiro ficava fora de casa, o fogão era a lenha e a geladeira, a querosene. Só havia energia elétrica do início da noite às 21h, graças a um enorme gerador a diesel.

Em plena terceira década do século XXI, apenas 170 cidades brasileiras têm fornecimento de energia elétrica em todas as casas. Nos outros 5.394 municípios, uma parcela da população ainda vive no escuro, segundo dados do Censo 2010.
 
Quem tem mais de 40 anos deve estar lembrado das jurássicas fitas cassete e dos aparelhos de som 3 em 1, com os quais era possível gravar músicas do rádio (e torcer para o locutor não entrar no meio para dizer a hora, o prefixo da emissora ou uma "mensagem do patrocinador") e faixas selecionadas dos discos de vinil — que a gente geralmente comprava por causa de uma ou duas músicas. Mas as fitas sujavam o cabeçote e comprometiam a qualidade da reprodução, ale de raro enroscarem no interior do tape deck (às vezes, só dava para tirar cortando um pedaço da fita).
 
Muitos ainda se lembram dos guias de rua (e mapas das estradas) que a gente consultava para encontrar logradouros e descobrir o melhor caminho para chegar até eles. Visitar amigos pela primeira vez, churrascos em sítios e outros passeios podiam se tornar verdadeiros pesadelos sem um bom planejamento logístico. Como não havia celulares nem 
aplicativos como WazeGoogle Maps e assemelhados, o jeito era procurar um posto de combustíveis para pedir informações e, eventualmente, usar um orelhão para ligar e dizer "estou perdido".

Durante o longo reinado do famigerado SISTEMA TELEBRAS, para conseguir um telefone fixa — que tinha de ser declarado no imposto de renda — era preciso aderir a um "plano de expansão" (o valor pago era revertido em ações da estatal) e rezar para ser contemplado. O prazo para a instalação, de 24 meses, raramente era cumprido, o que fomentava o mercado negro de telefones (dependendo da região, uma linha chegava a custar tanto quanto um carro popular). Na cidade marajoara de Cachoeira do Arari, no Pará, dez munícipes esperaram 15 anos pela instalação de suas linhas. Alguns sequer tiveram o gostinho de fazer uma ligação, pois morreram antes que a Telepará cumprisse sua parte no contrato. Mesmo assim, muita gente continua sendo contra privatizações. 

Até o final dos anos 1970, quando o DDD e o DDI foram implantados nacionalmente, fazer uma ligação interurbana ou internacional exigia passar pela telefonista e esperar muitas horas até que a chamada fosse completada. Sem falar na tarifa, que era caríssima. Com a popularização do celular e a saudável concorrência, as operadoras passaram a oferecer pacotes de serviços com chamadas ilimitadas para qualquer lugar do Brasil, inclusive para números de outras operadoras. Os "orelhões" foram saindo de cena, e cada vez menos gente mantém uma linha fixa atualmente.

ObservaçãoO celular aposentou a agenda de bolso que a gente usava para anotar números de telefone que não conseguia decorar — mesmo após o advento de calculadoras com Memory Bank e dos PDAs (organizadores pessoais), que funcionavam como agenda digital, bloco de notas e calendário. Mas não foi só. 

 

Já as máquinas fotográficas analógicas, que usavam filme e dependiam de um processo de revelação e cópia, foram substituídas pelas câmeras digitais, cartões de memória e cópias das fotos feitas em impressoras domésticas. Mas a derradeira pá de cal foi jogada quando os (hoje onipresentes) telefones celulares se tornaram capazes de tirar fotos e gravar vídeos (vale destacar que as câmeras profissionais continuam firmes e fortes, ainda que apenas entre um público específico).