sábado, 22 de julho de 2023

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO... PARTE 3

 

Em apenas seis meses, Lula viajou mais vezes para o exterior do que Bolsonaro em quatro anos: foram dez viagens e 14 países. Esse "turismo" custou aos contribuintes mais de R$ 7 milhões em despesas de hospedagem — quase R$ 2 milhões só na viagem à China, que durou apenas cinco dias. Durante a cúpula da Celac na Argentina, além dos R$ 715,8 mil gastos com hospedagem, a comitiva presidencial torrou outros R$ 337,6 mil em diárias para servidores, R$ 497,9 mil em aluguel de veículos e R$ 24,6 mil com a contratação de intérpretes, entre outros custos. Bolsonaro não realizou seu sonho da reeleição, mas retardou a realização de seus pesadelos indicando um antiprocurador-geral que não se opôs aos atos antidemocráticos, não viu crimes na condução da pandemia, defendeu no STF a legalidade do orçamento secreto e deu de ombros para a campanha do mandatário contra o sistema eleitoral. Tanta licenciosidade jurídica encantou Lula, que, com inveja da impunidade alheia, foi momentaneamente seduzido pelo desejo de comprovar que o impossível na política é apenas um paroxítono que carrega o possível enfiado dentro de si. À procura de um escudo, não de um procurador-geral, Lula sinaliza que enxerga em Aras uma biografia cheia de vida. Se confirmar a recondução do impensável em setembro, o xamã do PT será acusado de plágio pelo chefe do clã das rachadinhas.

Na história política tupiniquim, dezenas de teorias conspiratórias envolvendo a morte de personalidades importantes foram desacreditadas pelas investigações, mas muitas permaneceram sem resposta e se tornaram lendas no imaginário popular. 

Em 1831, D. Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor do filho e retornou a Portugal, onde faleceu em 1834, aos 35 anos, em meio à disputa do trono português com o irmão absolutista D. Miguel. Sua morte ensejou a teoria de que ele teria sido assassinado como seu pai, D. João VI, que foi envenenado com doses cavalares de arsênico. Oficialmente, a causa mortis de nosso primeiro imperador foi tuberculose, mas a fama de conquistador deu azo a suspeitas de que ele teria morrido de sífilis.

D. João VI era saudável e comilão, mas passou a ser visto cada vez menos em banquetes palacianos e eventos públicos no seu último ano de vida. Os conspirólogos atribuíram sua morte a Dona Carlota Joaquina, com quem ele se casou para estreitar os laços entre as famílias imperiais de Portugal e da Espanha. É fato que o casal real vivia às turras, mas também é fato que filha Maria Isabel ocupou o trono como regente até a nomeação de D. Pedro IV (para eles; para nós, D. Pedro I). 
 
Observação: Naquela época não havia recursos que permitissem investigar a fundo a causa mortis do monarca, mas a equipe de pesquisadores que examinou seus restos mortais quase dois séculos depois identificou uma quantidade letal de arsênico, o que confirmou a tese de envenenamento

Não faltam na história republicana desta banânia políticos mortos em circunstâncias suspeitas. O "suicídio" de Getúlio Vargas (com um improvável tiro no peito) é um bom exemplo. As teorias conspiratórias surgiram assim que a versão manuscrita de sua carta-testamento — mais longa que a oficial, datilografada, e com a frase final: "Saio da vida para entrar na história" — foi encontrada. A cantora e vedete Virgínia Lane, que foi amante de Vargas por mais de uma década, disse que estava com ele cama quando quatro homens entraram pela janela do Palácio do Catete e o assassinaram. Antes que ela escapasse do quarto pulando nua do segundo andar, Vargas lhe pediu que não contasse a ninguém sobre o assassinato.
 
O general Castello Branco, primeiro presidente da ditadura militar, morreu depois que o avião em que ele havia embarcado no Ceará foi atingido pela asa de um jato da FAB. Corria o ano de 1967, quando parte da caserna defendia a manutenção do poder pelos militares e o grupo do qual Castello fazia parte era favorável à transição para o governo civil. Colisões entre aeronaves acontecem, mas são raras, sobretudo com aviões militares. Desde 2012 foram registrados apenas três acidentes fatais dessa natureza, de acordo como o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
 
Além do ex-presidente, o acidente matou seu irmão, Cândido Castello Branco, a escritora Alba Frota, o major do Exército Manuel de Assis Nepomuceno e o piloto Celso Tinoco. O copiloto Emílio Celso Tinoco foi o único que sobreviveu à queda. Segundo o historiador Júlio Cesar Zorzenon Costa, Castello Branco, que havia deixado a presidência poucos meses antes, integrava uma ala do Exército conhecida como Grupo Sorbonne, que tinha um projeto de desenvolvimento e continuidade da industrialização do Brasil, e havia prometido a volta das eleições diretas. 

Observação: O também general Costa e Silva, que presidiu o Brasil de 1967 a 1969, decretou o AI-5, aumentando consideravelmente a repressão e o autoritarismo do regime militar. Para Zorzenon, ainda que o contexto favoreça teorias conspiratórias, não há evidências de que Castello tenha sido assassinado.