O ASPECTO MAIS TRISTE DA VIDA ATUAL É QUE A CIÊNCIA ALCANÇA O CONHECIMENTO MAIS RAPIDAMENTE DO QUE A SOCIEDADE ALCANÇA A SABEDORIA.
O dinheiro do contribuinte continua saindo pelo ladrão porque os ladrões não param de entrar no Orçamento. Na gestão Bolsonaro, até o Ministério da Defesa revelou-se indefeso. Sob a camuflagem militar, cerca de R$ 1 bilhão em verbas públicas foi distribuído a 23 parlamentares na forma de orçamento secreto — evidência de que as "minhas Forças Armadas" de que falava o ex-presidente degradaram-se a ponto de servir de fachada para o escoamento das emendas enfiadas no Orçamento federal pelo Centrão.
Nessa modalidade secreta, o pagamento de emendas não costuma resultar em honestidade. O Orçamento sigiloso produziu apenas dois tipos de gastos: os que já viraram escândalo e os que ainda não foram investigados, como o aparelhamento político de rubricas orçamentárias da Defesa (o orçamento da Defesa abriu-se para o Centrão sob o general Braga Netto, um das fardas mais subinvestigadas da República).
Os comandos militares desgovernaram a Saúde, fabricaram cloroquina, avalizaram o afrouxamento do controle de armas e negligenciaram o avanço da criminalidade nas fronteiras amazônicas. As Forças Armadas afiançaram o sequestro ideológico do 7 de Setembro, desfilaram tanques defronte ao Planalto, assistiram impassíveis à troca de comandantes incomodados por outros que mergulharam a farda no lodaçal da campanha de desqualificação do sistema eleitoral e confraternizaram com os acampados que pediam golpe em seus portões, num movimento que desaguou no quebra-quebra de 8 de janeiro. Nesse contexto, a terceirização de parte do orçamento da Defesa ao Centrão é apenas mais um detrito no monturo que reclama investigação, mas a chance apuração séria é pequena: o senador Davi Alcolumbre, idealizador e um dos maiores beneficiários do rateio secreto da Defesa, deslizou suavemente do bolsonarismo para a base de sustentação congressual de Lula, e agora indica para o primeiro escalão do governo personagens precários como Juscelino Filho, o ministro manga-larga das Comunicações.
A ideia de que a Terra era o centro do Universo foi defendida por Aristóteles e Ptolomeu, mas o sistema heliocêntrico proposto por Nicolau Copérnico pôs fim a esse disparate, e os estudos de Lazzaro Spallanzani comprovaram que a teoria da geração espontânea, defendida pelo britânico John Needham, não fazia sentido. Enfim, o mundo gira e a Lusitana roda.
Por outro lado, algumas ideias "heterodoxas" de Stephen Hawking — como a dos buracos negros e a de que o Universo teve um começo — foram confirmadas mais adiante. Já a afirmação de que "não há um lugar para Deus na criação do Universo" é bem-aceita pelos cientistas em geral, mas dificilmente será comprovada por evidências observacionais.
Observação: O livro póstumo Brief Answers to the Big Questions do astrofísico britânico (cuja leitura eu recomendo a quem interessar possa) aborda diversas questões polêmicas sobre religiosidade e fé.
Cinco anos após a morte de Hawking, o psicólogo e cientista da computação anglo-canadense Geoffrey Hinton — considerado "padrinho" da IA — desligou-se do Google para se dedicar full time à conscientizar as pessoas dos perigos da tecnologia que ajudou a criar. Em entrevista à BBC, ele afirmou que "os chatbots ainda não são mais inteligentes do que nós, mas logo poderão ser."
Observação: Na inteligência artificial, redes neurais são sistemas semelhantes ao cérebro humano na forma como aprendem e processam informações. As IAs aprendem com a experiência, como uma pessoa faria, mas conseguem aprender separadamente e compartilhar o conhecimento instantaneamente. É como se, num grupo de 1000 pessoas, sempre que uma delas aprendesse algo, todas teriam acesso a esse conhecimento. Daí os chatbots poderem saber muito mais do que qualquer ser humano.
O Instituto Future of Life pediu uma pausa em todos os desenvolvimentos mais avançados do que a versão atual do ChatGPT para que medidas de segurança robustas possam ser projetadas e implementadas, mas Hinton acredita que a IA trará mais benefícios do que malefícios, e é contra a interrupção de seu desenvolvimento.
Os chatbots são a encarnação mais popular da inteligência artificial no momento. A tecnologia está por trás dos algoritmos que, nas plataformas de streaming, determinam os vídeos que os usuários devem ver a seguir. No recrutamento, ela pode filtrar os pedidos de emprego; nas seguradoras, calcular os prêmios; na medicina, realizar diagnósticos; enfim, as possibilidades são inúmeras.
A IA evoluiu dramaticamente desde que Hinton construiu uma rede neural de análise de imagem pioneira em 2012. Entramos num trem-bala, e a possibilidade de ele começar a construir seus próprios trilhos é assustadora.
Os chatbots são a encarnação mais popular da inteligência artificial no momento. A tecnologia está por trás dos algoritmos que, nas plataformas de streaming, determinam os vídeos que os usuários devem ver a seguir. No recrutamento, ela pode filtrar os pedidos de emprego; nas seguradoras, calcular os prêmios; na medicina, realizar diagnósticos; enfim, as possibilidades são inúmeras.
A IA evoluiu dramaticamente desde que Hinton construiu uma rede neural de análise de imagem pioneira em 2012. Entramos num trem-bala, e a possibilidade de ele começar a construir seus próprios trilhos é assustadora.