sexta-feira, 29 de setembro de 2023

SUPERSTIÇÕES

YO NO CREO EN BRUJAS, PERO QUE LAS AY, LAS AY.

Passados 7 anos da cassação de Dilma e depois que a Justiça Federal confirmou o arquivamento de uma ação contra ela por improbidade administrativa, a petralhada e o sumo pontífice da seita do inferno voltaram a contestar o impeachment. Em agosto, Lula afirmou que a sua cria foi "absolvida", que o Brasil lhe "deve desculpas" e que é preciso discutir como ela poderá ser reparada por ter sido julgada "por uma coisa que nunca aconteceu"  como se já não bastasse acomodar mulher sapiens na presidência do Brics, com salário de quase R$ 300 mil por mês. Como dizia meu avô, "não se deve mexer em merda seca"  ou seja, revolver problemas resolvidos ou que não têm solução. No último dia 15, Rosa Weber votou contra as ações, argumentando que o impeachment é um processo eminentemente político, que o STF não deve interferir na decisão do Senado e que não há como determinar, sete anos depois, que os parlamentares refaçam a votação sobre a cassação dos direitos políticos da impichada. Os demais ministros seguiram esse entendimento, e o julgamento foi encerrado no último dia 22.

Poucas coisas conseguem unir o ser humano em uma única crença como as superstições. Tem quem acredite que o número 13 é sinônimo de azar, quem use amuletos para se proteger do mau-olhado, quem foge de gatos pretos e evita passar debaixo de escadas, e por aí vai. Por mais que saibam que essas crendices sejam irracionais, as pessoas preferem acreditar nelas a dar chance ao azar. 
 
As superstições advêm de nosso desejo de controlar todos os aspectos da vida — até aqueles que não dependem de nós. Em situações associadas a algo importante (como um casamento ou uma entrevista de emprego, por exemplo), rituais e amuletos criam a falsa sensação de que algo foi feito em prol de um desfecho positivo. É comum relacionarmos acontecimentos aleatórios a alguma causa e criarmos mecanismos que organizem as informações. 

Quando não há uma explicação clara aparente, nosso cérebro faz uma associação que não é 100% racional, dando azo às superstições. Em outras palavras, o medo do desconhecido suscita dúvidas e incertezas — que geram angústia e sofrimento —, e as associações dão às pessoas a falsa sensação de controle. E mesmo sabendo que esse controle é ilusório, elas continuam acreditando, porque é sempre melhor pingar do que secar.
 
Embora não tenham poderes mágicos, as superstições são úteis quando influenciam positivamente a forma como agimos. Seguir um ritual nos leva a acreditar que tudo sairá bem — nada muito diferente do velho efeito placebo
É comum os vemos jogadores realizarem determinados movimentos antes da partida, mas é preciso ter em mente que a superstição traz conforto, mas o TOC não produz alívio.  

Não há nada de mais em usar a "camisa da sorte" durante o jogo do "time do coração" nem em pular sete ondas na passagem de ano, por exemplo. Eu não me considero supersticioso, mas tenho cá minhas crendices (como disse o criador de D. QuixoteYo no creo en brujas, pero que las hay, las hay), e uma simpatia de que gosto muito é o "gnocchi della fortuna ". 

Reza a lenda que, numa noite de 29 de dezembro do século IV d.C., São Pantaleão se vestiu de mendigo e bateu à porta da casa de uma família pobre e numerosa, que fez questão de dividir o jantar com o desconhecido, mesmo tendo de servir penas sete grãos de nhoque para cada pessoa. Depois de agradecer a hospitalidade, o santo se foi. Ao tirar a mesa, a família encontrou moedas de ouro sob os pratos. 

Para fazer essa simpatia se o trabalho de cozinhar as batatas, preparar a massa e cortá-la em gominhos, cozinhe 500 g de massa fresca de nhoque em água fervente. Quando os gominhos subirem, retire-os com uma escumadeira e reserve (n
ão deixe de ler as instruções impressas na embalagem, já que alguns produtos precisam ser cozidos em água fervente e outros podem ser misturados ao molho, levados ao forno e servidos em seguida). 

Você pode degustar seu nhoque à bolonhesa, no alho e óleo ou com molho branco. Eu prefiro o meu ao sugo. Para fazer o molho como nos tempos da vovó, você vai precisar de:
 
— 2 colheres (sopa) de azeite de oliva virgem;
— 3 dentes de alho;
— 1/2 kg de tomates maduros;
— 2 cebolas grandes;
— 10 folhinhas de manjericão,
— 2 folhinhas de louro fresco;
— Sal e pimenta a gosto.
 
Bata os tomates no liquidificador, coe, refogue em azeite com as cebolas raladas e os dentes de alho (picados ou esmagados) e acrescente o sal, a pimenta, o louro e parte das folhas de manjericão (devidamente picadas). Quando o molho apurar, despeje-o sobre os nhoques cozidos, decore com as folhinhas de manjericão que sobraram, polvilhe com queijo parmesão ralado, espere gratinar e sirva. 

A simpatia manda comer os primeiros sete grãos em pé, depois colocar o prato sobre uma nota de dinheiro (o valor fica a seu critério), sentar-se à mesa e aproveitar a refeição. Ao final, deve-se guardar a nota na carteira até o dia 29 do mês seguinte, e então gastá-la na compra de algum ingrediente que será usada para repetir a receita.


Bom apetite e buona fortuna.