quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

ADEUS AOS COOKIES  

SEGUINDO TODAS AS REGRAS NÃO SE CHEGA A LUGAR NENHUM.

 

Minha admiração por J.R. Guzzo era maior quando ele, Augusto Nunes, Alexandre GarciaCláudio Dantas e outros monstros sagrados do jornalismo ainda não se haviam tornado reféns da polarização. Como até mesmo um relógio parado marca a hora certa duas vezes por dia, vale a pena ler o texto que Guzzo publicou dias atrás na Gazeta do Povo e que eu resumo a seguir:

"Se o governo Lula tivesse alguma preocupação em manter as aparências com decoro, integridade e respeito à população em geral, Lewandowski seria mantido em quarentena perpétua diante de qualquer cargo da administração pública. Como não tem, nunca teve e não dá sinais de que venha a ter um dia, o ex-togado foi  guindado por Lula ao Ministério da Justiça. Seria o chamado "fundo do poço" se houvesse algum fundo no poço deste governo.
Tão logo se aposentou da Suprema Corte, Lewandowski se tornou advogado da J&F — empresa que controla a JBS, a maior produtora de carne do mundo, cujos donos ,Joesley e Wesley Batista, são frequentadores contumazes da justiça penal brasileira. Como é possível, que, antes mesmo de a poltrona esfriar, um ex-ministro do STF se torne patrono numa ação judicial bilionária com honorários advocatícios fixados em R$ 600 milhões? 
Em 2017, obrigados a pagar R$ 11 bi ao Tesouro Nacional para se livrar de processos  por corrupção ativa, os irmãos Batista venderam a Indústria de Celulose Eldorado à empresa indonésia Paper Excellence e viram sua situação penal e econômica melhorar. Hoje, inclusive, estão no céu: o ministro Dias Toffoli anulou a multa prevista no acordo de leniência com uma das mais assombrosas justificativas da história judicial do Brasil: a J&F, segundo o nobre ministro, "não tinha certeza de que queria realmente assinar o acordo com o MP". 
Cientes de que, com os advogados, juízes e os políticos certos, deitariam e rolariam na justiça contra um adversário estrangeiro, os Batista melaram o negócio, e até hoje a Eldorado não foi entregue aos compradores. A pergunta é: qual a imparcialidade que se pode esperar do Supremo num caso desses, se 17 anos de toga e intimidade com colegas que continuam ministros permitiam ao"advogado dos Batista" circular nas  dependências do órgão como se estivesse em casa? E a partir do mês que vem, à frente do Ministério da Justiça e íntimo do presidente do República (sem o qual ele nunca teria sido nada na vida)? Some-se a isso o ministro Toffoli e a coisa se fecha pelos 7 lados. 
Essa é a democracia que o STF e Lula salvam todos os dias nesta banânia".

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Não bastassem as letrinhas miúdas e a linguagem indecifrável do EULA (que 11 de cada 10 usuários aceitam sem ler), nossa privacidade é "atacada" pelos cookies — que não são biscoitos, mas porções de código destinados a monitorar nossa navegação e cujo uso vem sendo questionado há muito tempo.


A maioria dos websites compartilha os dados capturados com empresas de marketing, que os utilizam para ajustar a exibição de propagandas ao público-alvo de seus clientes. Se, por exemplo, os sites AB, e C usam a mesma rede de publicidade, ela pode cruzar as informações para direcionar os anúncios com base nesse histórico de navegação. 

 

Várias medidas já foram adotadas para manter a bisbilhotice digital sob controle. Em 2020, o Google foi pressionado a trocar os cookies de terceiros pela FLoC — que foi substituída 2 anos depois pelo Topics. Mas não é só. Além da invasão de privacidade, há ainda a questão da segurança.  

 

Segundo a CloudSEK, malwares se aproveitam da saída "MultiLogin" do Google OAuth (protocolo de autorização utilizado para sincronizar o login em diversos serviços do Google) para restaurar cookies expirados e fazer login em contas. A falha foi divulgada pela primeira vez em meados de novembro do ano passado, de modo que já deve haver malwares circulando por aí. Como não está claro se eles conseguem superar métodos de autenticação de dois fatores, a dica para evitar invasões é e manter o antivírus atualizado e não baixar aplicativos de fontes desconhecidas. Mas tudo seria bem mais simples e transparente se os sites não nos obrigassem a autorizar a coleta dos dados mediante banners com letrinhas miúdas e o famigerado botão de "aceite" — que só libera a navegação na página quando é clicado. 


Relatório de Engajamento do Cliente 2023 apontou que os consumidores querem uma transição mais rápida para um futuro sem cookies. No Brasil, em 2023, 46% dos internautas preferiram deixar de acessar um site a aceitar os cookies (a média global é de 50%), 72% disseram desejar mais controle sobre seus dados de identidade e 47% sobre seus dados de comportamento. Mas o problema não está na cessão das informações, e sim em cedê-las de forma consciente. 


Com o pós-cookies batendo à porta, os dados primários serão uma maneira mais segura e transparente de interagir com os consumidores. O Google criou um recurso que impede os sites de acessar cookies de terceiros (ele chegará inicialmente a 1% dos usuários e será estendido a toda a base no segundo semestre). A ferramenta é ativada por padrão; se houver problemas na hora de abrir algum site, o navegador perguntará ao usuário se ele quer reativar os cookies de terceiros temporariamente para aquele endereço.


Bloquear cookies de terceiros não é uma novidade. Edge, Firefox e Safari já fazem isso há tempos. O Chrome demorou a aderir porque, como o Google ganha muito dinheiro com publicidade, o jeito foi criar uma solução que colete menos informações, mas continue a direcionar anúncios. Com o fiasco da FloC — que a Mozilla criticou e a Microsoft desativou em seu browser —, a gigante de Mountain View apostou sua fichas na Privacy Sandbox. Mas anunciantes e empresas de tecnologia e publicidade ouvidos pelo Wall Street Journal manifestaram sua insatisfação, seja porque o lançamento do bloqueio se deu durante o período do ano em que o setor mais ganha dinheiro, seja porque o Google fez pouco para preparar o mercado.


Como se costuma dizer, "no fim dá tudo certo; se ainda não deu é porque não chegou no fim".