A IMAGINAÇÃO PODE NOS LEVAR A MUNDOS QUE NÃO EXISTEM, MAS SEM ELA NÃO VAMOS A LUGAR ALGUM.
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Curvar o espaço-tempo o suficiente para criar um buraco de minhoca requer uma quantidade imensa de energia escura (cujas propriedades ainda não são conhecidas pelos cientistas). Além disso, esses "túneis" tendem a ser minúsculos e instáveis (ou seja, abrem e fecham numa fração segundo), o que os tornaria inatravessáveis. Alguns astrofísicos acreditam que eles atraem matéria por ambas as bocas e a regurgita numa velocidade próxima à da luz; outros afirmam que as duas bocas são capazes de "engolir", mas não de cuspir, e que a matéria é empurrada para a boca de saída, puxada de volta para a boca de entrada e atraída novamente para o lado oposto, ficando nesse looping insano até finalmente morrer no ponto central, e por aí segue a procissão.
Observação: Os cientistas realizaram um experimento quântico que permite estudar o comportamento de um tipo especial dessas hipotéticas rupturas entre duas regiões remotas no espaço-tempo e investigar conexões entre os buracos teóricos e a física quântica. Apesar de a gravidade ser aparentemente incompatível com a mecânica quântica, a conexão dos buracos de minhoca com a física quântica foi proposta pela primeira vez em 2013, quando se especulou que eles eram equivalentes ao emaranhamento. Em 2017, a ideia foi estendida a buracos de minhoca que a energia repulsiva negativa mantém abertos por tempo suficiente para torná-los atravessáveis. Tal processo foi chamado pelos pesquisadores de teletransporte quântico. Para mais detalhes, clique aqui.
Einstein ofereceu soluções diferentes para suas equações, e algumas delas funcionam na matemática, mas carecem de comprovação no mundo real. Ele achava que os buracos negros explicariam todos os mistérios do Universo, mas eles trouxeram um novo problema: conciliar a relatividade geral com a mecânica quântica. Seja como for, suas equações descortinam propostas fascinantes, como a de que o Universo pode ter um “clone” às avessas, repleto de buracos brancos e estrelas negras.
No que tange aos buracos brancos, acredita-se que a singularidade gravitacional resultante da densidade infinita deforme o tecido do espaço-tempo a ponto de impedir qualquer coisa de chegar ao centro de um buraco negro — daí a crença de que buracos negros astrofísicos não possuem singularidade. Mas... e se houver uma singularidade, o que ela seria, exatamente? A resposta é: um buraco branco infinitamente sem densidade e sem massa, mas com força gravitacional igual e contrária à dos buracos negros — o que os faria regurgitar toda a matéria que os buracos negros engoliram. Há quem acredite que os buracos brancos levam a um Universo oposto ao nosso, branco e brilhante, repletos de galáxias formadas por estrelas negras que, ao final de suas vidas, transformam-se em... buracos brancos.
Tudo isso parece coisa de filme de ficção, mas convém ter em mente que um sem-número de cientistas — entre os quais o descobridor do sistema heliocêntrico, o pai da desinfecção, o criador da imunoterapia e o proponente da deriva continental — foram alvo de chacota até o tempo provar que eles estavam certos.