terça-feira, 16 de janeiro de 2024

MAIS SOBRE BURACOS NEGROS, BRANCOS E DE MINHOCA.

A IMAGINAÇÃO PODE NOS LEVAR A MUNDOS QUE NÃO EXISTEM, MAS SEM ELA NÃO VAMOS A LUGAR ALGUM.

No STF, Lewandowski anulou provas, interrompeu investigações e suspendeu artigos da Lei das Estatais que impediam Lula de nomear políticos para empresas públicas. Aposentado por idade, troca uma rentável banca de advocacia pela pasta da Justiça. Na melhor das hipóteses, sua passagem pela Esplanada será o triunfo da vaidade sobre o saldo médio; na pior, um investimento. Flávio Dino, que já trocou 12 anos de magistratura pela política, disse, em meio a denso ceticismo, que "as pessoas mudam", e que esquecerá os trajes ideológicos. Lula disse que nenhum dos dois dariam entrevista porque "não têm nada a dizer", e que "ganham com a troca o Ministério da Justiça, o STF e o povo brasileiro". Por enquanto, lucraram apenas Bolsonaro e seus devotos. Com a saída de Dino, a Esplanada fica desfalcada do "vingador" antibolsonarista; com a chegada de Lewandowski, o xamã do PT fornece lenha para a ficção bolsonarista de que a provável prisão do "mito" é parte de um complô do Planalto com o Supremo.

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A existência dos buracos negros foi comprovada pela primeira vez por uma fotografia capturada pelo Event Horizon Telescope em 2017 e divulgada dois anos depois. Já os buracos de minhoca são respaldados pela Teoria da Relatividade Geral, mas ainda não se conseguiu observar nenhum deles ao vivo e em cores. Enquanto os buracos negros "engolem" tudo que cai em seu horizonte de eventos, os buracos de minhoca aproximam dois pontos do espaço-tempo (não necessariamente localizados no mesmo universo nem na mesma linha do tempo). Em tese, ir até uma galáxia distante através desses "atalhos cósmicos" levaria poucos segundos, mas a distorção que eles criam no espaço-tempo também poderia centuplicar o tempo de uma viagem da Terra a Marte, por exemplo, como a que a sonda Mars Insight fez em cerca de 6 meses. Mas os problemas não param por aí.

Curvar o espaço-tempo o suficiente para criar um buraco de minhoca requer uma quantidade imensa de energia escura (cujas propriedades ainda não são conhecidas pelos cientistas). Além disso, esses "túneis" tendem a ser minúsculos e instáveis (ou seja, abrem e fecham numa fração segundo), o que os tornaria inatravessáveis. Alguns astrofísicos acreditam que eles atraem matéria por ambas as bocas e a regurgita numa velocidade próxima à da luz; outros afirmam que as duas bocas são capazes de "engolir", mas não de cuspir, e que a matéria é empurrada para a boca de saída, puxada de volta para a boca de entrada e atraída novamente para o lado oposto, ficando nesse looping insano até finalmente morrer no ponto central, e por aí segue a procissão.

Observação: Os cientistas realizaram um experimento quântico que permite estudar o comportamento de um tipo especial dessas hipotéticas rupturas entre duas regiões remotas no espaço-tempo e investigar conexões entre os buracos teóricos e a física quântica. Apesar de a gravidade ser aparentemente incompatível com a mecânica quântica, a conexão dos buracos de minhoca com a física quântica foi proposta pela primeira vez em 2013, quando se especulou que eles eram equivalentes ao emaranhamento. Em 2017, a ideia foi estendida a buracos de minhoca que a energia repulsiva negativa mantém abertos por tempo suficiente para torná-los atravessáveis. Tal processo foi chamado pelos pesquisadores de teletransporte quântico. Para mais detalhes, clique aqui. 

Einstein ofereceu soluções diferentes para suas equações, e algumas delas funcionam na matemática, mas carecem de comprovação no mundo real. Ele achava que os buracos negros explicariam todos os mistérios do Universo, mas eles trouxeram um novo problema: conciliar a relatividade geral com a mecânica quântica. Seja como for, suas equações descortinam propostas fascinantes, como a de que o Universo pode ter um “clone” às avessas, repleto de buracos brancos e estrelas negras.
 
No que tange aos buracos brancos, acredita-se que a singularidade gravitacional resultante da densidade infinita deforme o tecido do espaço-tempo a ponto de impedir qualquer coisa de chegar ao centro de um buraco negro — daí a crença de que buracos negros astrofísicos não possuem singularidade. Mas... e se houver uma singularidade, o que ela seria, exatamente? A resposta é: um buraco branco infinitamente sem densidade e sem massa, mas com força gravitacional igual e contrária à dos buracos negros — o que os faria regurgitar toda a matéria que os buracos negros engoliram. Há quem acredite que os buracos brancos levam a um Universo oposto ao nosso, branco e brilhante, repletos de galáxias formadas por estrelas negras que, ao final de suas vidas, transformam-se em... buracos brancos.

Tudo isso parece coisa de filme de ficção, mas convém ter em mente que um sem-número de cientistas — entre os quais o descobridor do sistema heliocêntrico, o pai da desinfecção, o criador da imunoterapia e o proponente da deriva continental — foram alvo de chacota até o tempo provar que eles estavam certos.