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Poucos segredos no Universo são tão bem guardados quanto o interior dos buracos negros. Quando se trata desses abismos cósmicos, uma questão que intriga leigos e iniciantes é a singularidade — ponto no espaço-tempo em que as leis da física não se aplicam — ser ou não capaz de "engolir" uma galáxia inteira.
O horizonte de eventos — região fronteiriça do buraco negro onde a força gravitacional é tamanha que nem a luz consegue escapar — mantém a singularidade oculta, mas muita coisa visível acontece enquanto "o glutão se alimenta". Antes de ser "engolida", a matéria é "espaguetificada" (para entender isso melhor, encha uma pia com água, destampe o ralo, pingue algumas gotas de corante e repare no fio colorido que espirala em direção ao centro do ralo antes de descer por ele).
O aumento astronômico (sem trocadilho) da temperatura da matéria durante esse processo gera os assim chamados discos de acreção — anéis luminosos que os cientistas conseguem observar através telescópios ultrassofisticados. Além disso, a força gravitacional da singularidade distorce o tecido do espaço-tempo, o que possibilita a observação de sua influência sobre estrelas e outros objetos — foi assim que os astrônomos descobriram Sagitário A* no centro da Via Láctea.
Quanto a serem ou não capazes de engolir galáxias inteiras, os cientistas afirmam que tal não acontece porque a atração gravitacional dos buracos negros não alcança todos os objetos da galáxia — é por isso que esses "glutões" se tornaram supermassivos engolindo as estrelas mais próximas, mas raramente crescem mais do que já cresceram.
Observação: Quando um buraco negro se forma a partir do colapso de uma estrela, seu campo gravitacional permanece igual ao que a estrela tinha antes do colapso. O Sol não tem massa suficiente para se tornar um buraco negro, mas, se ele tivesse e isso ocorresse, as órbitas dos planetas, cometas e asteroides de nosso Sistema Solar continuariam iguais.
Os buracos negros crescem à medida que "se alimentam", mas encolhem conforme perdem pequenas quantidades de energia (radiação Hawking). Isso ocorre porque cosmos está apinhado de partículas que surgem e desaparecem constantemente, e quando um par dessas partículas é criado nas imediações de um buraco negro, uma é puxada pela singularidade antes de ambas se anularem e a outra escapar para o espaço.
Continua...