SEGURO MORREU DE VELHO.
No domingo retrasado, Bolsonaro grudou sua imagem à dos devotos que encheram sete quadras da Avenida Paulista; na última sexta-feira, Lula encostou seu sorriso em Nicolás Maduro.
As duas imagens comercializam ilusões. O imbrochável imorrível continua realizando sua excursão a caminho da cadeia, e o ex-presidiário que governa o país encena um São Jorge que se atribui a missão salvar a democracia venezuelana e casa com o dragão-ditador que, depois de expulsar os olheiros da ONU para os direitos humanos, prender opositores e inabilitar rivais mais fortes, prometeu a seu colega brasileiro que fará eleições presidenciais limpas no segundo semestre.
Podendo esclarecer o que disse a portas fechadas, o petista se limitou a sorrir em público e agir como carta marcada do baralho do "companheiro Maduro" — o que é natural, pois já havia esclarecido que a ditadura na Venezuela é mera "narrativa" e o conceito de democracia é "relativo".
A política brasileira vive da industrialização dos seus extremos. Difícil explicar o sucesso do empreendimento, na medida em que a indústria da polarização torna obsoletos em menos de 24 os produtos fajutos que anuncia no mercado.
O dinheiro é a mola que move o mundo. Há quem o chame de "vil metal", quem diga que ele corrompe ou que não traz felicidade. Balela. Dinheiro compra tudo — até amizade sincera e amor verdadeiro. Se não traz felicidade, manda buscar. Só desdenha de seu poder os despeitados que jamais o tiveram (vide a fábula da Raposa e as uvas). Particularmente, eu costumo dizer que dinheiro só é importante quando falta e que há coisas mais importantes do que ele... mas elas custam caro,
Em tempo de vacas magras, quando economizar é preciso, a pirataria se torna uma perspectiva sedutora. Atire o primeiro mouse quem não nunca pirateou músicas com o KaZaA, não usou versões "capitão-gancho" do Windows e do Photoshop nem abasteceu a videoteca com cópias caseiras do Titanic, do Avatar, do Star Trek, por exemplo. É fato que os tempos mudaram, mas fato é que as vacas continuam magras e as "soluções alternativas", sedutoras. Mas não existe "almoço grátis",
Gadgets genéricos prometem os mesmos recursos dos originais por uma fração do preço. Mas, como ensinou o Conselheiro Acácio, as consequências sempre vêm depois. Decodificadores Android TV, por exemplo, reduzem os custos em uma série de assinaturas, mas costuma trazer um trojan que lhe confere acesso de administrador e enseja o roubo de dados, a interceptação de códigos de autenticação e a instalação sub-reptícias de malwares adicionais. Em alguns casos, o aparelho exibe anúncios numa janela invisível, e, como parte da fraude, um software dissimulado emula as ações de um usuário interessado num determinado anúncio.
Não se sabe se os fabricantes usam firmwares infectados ou se o trojan é acrescentado em algum momento do trajeto entre a fábrica e os melhores camelódromos do ramo. Mas é sabido que: 1) o código malicioso e executado assim que o dispositivo é ativado; 2) removê-lo requer know-how e softwares especiais; 3) não há garantias de que ele não seja reativada em algum momento. E mais: se o dispositivo disseminar spam e phishing, por exemplo, quem estará sujeito a restrições e bloqueios e outras sanções será a vítima, isto é, o dono do aparelho.
Outro problema com dispositivos Android baratos de marcas desconhecidas é a discrepância entre a especificação declarada e o que existe de fato. A causa pode ser um erro de concepção de hardware — um adaptador de Wi-Fi conectado a um barramento USB mais lento torna a velocidade de transferência de dados declarada pelo fabricante impossível de alcançar — ou uma falha no firmware que impede o funcionamento do vídeo HDR prometido. Demais disso, um dispositivo fajuto que promete 4 GB de RAM e resolução 4K pode funcionar com apenas 2 GB e resolução de míseros 720p (1280 x 720 pixels). Resumo da ópera: o espertinho vai buscar lá e acaba tosquiado.
As atualizações que o Google libera regulamente são direcionadas ao Pixel e a dispositivos Android "puros". Nos demais, a responsabilidade é dos fabricantes, que costumam demorar mais tempo para liberar para atualizar o firmware de seus produtos — isso quando o atualizam. Assim, um celular que venha com com o Android desatualizado (e qualquer versão anterior ao Android 12 é considerada ultrapassada) pode se tornar obsoleto na metade do tempo (quando comparado a um aparelho Android puro).
Num mundo ideal, todos teríamos smartphones de topo de linha e ultimíssima geração. Como não vivemos num mundo ideal, somos forçados a optar por dispositivos mais baratos. Para não incorrer em "economia porca", devemos dar preferência a produtos de marcas conhecidas e ler as avaliações publicadas pelos consumidores em fóruns especializados, pois as que são divulgadas em marketplaces e sites de lojas costumam ser "tendenciosas".
Smartphones Huawei e Xiaomi são menos conhecidos que os da Samsung e Motorola, mas têm boa qualidade e custam menos que os concorrentes, mas tome cuidado com produtos oferecidos por preços muito inferiores à média do mercado. A fazer a compra, exija nota fiscal e certificado de garantia (coisas que o camelô da esquina dificilmente irá fornecer). Antes de começar a usar o aparelho, atualize o firmware e o software para a versão mais recente, remova o crapware e instale uma suíte de proteção eficiente.
Observação: O Google Play Protect funciona como um antivírus: ao detectar possíveis ameaças, ele envia um alerta para o usuário, a quem cabe decidir o que fazer. Para habilitar a proteção, acesse o Google Play Store, toque na sua foto (no menu superior direito) e selecione Play Protect. Na tela seguinte, toque no ícone da engrenagem e ative a chave ao lado de Verificar apps com o Play Protect.