O CORPO DE UM VELHO NÃO PASSA DE UM SACO ONDE ELE CARREGA DORES E INDIGNIDADES.
Não há provas de que Bill Gates tenha dito que 540K de memória bastariam para qualquer computador, mas há registros de que, em 2004, ele profetizou que o problema do spam estaria resolvido em dois anos. Pois bem: passaram-se 21, e os spammers e scammers continuam a nos importunar por e-mail, SMS, WhatsApp e chamadas telefônicas.
O termo spam, originalmente usado para designar um presunto condimentado enlatado da marca Hormel Foods, virou sinônimo de mensagem indesejada graças ao humor nonsense dos britânicos do Monty Python. Antes do Gmail, esse “junk mail” não apenas entupia a internet, como também ocupava o espaço miserável das caixas postais que os provedores de e-mail gratuito ofereciam aos usuários. Do spam para o scam (ou phishing) foi um pulo. Com o passar do tempo, o famoso “príncipe nigeriano” virou gerente de banco, funcionário da Receita, dos Correios — e por aí segue a procissão.
Mesmo em 2025, filantropos do mundo todo continuam fazendo fila para doar montes de dinheiro a desconhecidos. A origem da “riqueza inesperada” varia, mas, para que o dinheiro chegue à conta da vítima, esta precisa fornecer seus dados bancários e pagar uma “taxa de transferência” que, por alguma razão, o suposto benfeitor não tem como arcar.
Em muitos casos, o spam vem de endereços de email falsos de bancos, órgãos públicos, lojas online ou até floriculturas, invariavelmente acompanhados de um link que a vítima deve acessar para fornecer dados ou efetuar o pagamento de um falso frete ou outra taxa qualquer — supostamente para receber uma encomenda, uma herança, ou então regularizar seu CPF, CNH, título de eleitor ou outro documento qualquer.
A maioria dessas mensagens é filtrada pelos provedores e encaminhada à caixa de spam, mas algumas escapam do crivo e acabam na caixa de entrada. Cabe ao destinatário examiná-las cuidadosamente em busca de erros de ortografia, gramática ou qualquer outra inconsistência. O simples fato de a pessoa não ter encomendado produto algum, nem participado de sorteios ou concursos, já é um sinal evidente de que se trata de fraude.
O mesmo vale para mensagens de WhatsApp e SMS semelhantes, com as quais os vigaristas tentam obter dados pessoais e bancários de vítimas em potencial. Jamais responda a essas mensagens, clique em links ou forneça seus dados. Se possível, bloqueie e denuncie os remetentes.
No fim das contas, o spam é só mais um lembrete de que a ingenuidade humana continua sendo um recurso inesgotável. E a tecnologia, por mais avançada que seja, ainda tropeça onde o velho golpe encontra o velho otário. Portanto, desconfie de tudo. Até de quem promete resolver o spam em dois anos.
