quarta-feira, 29 de maio de 2024

DE VOLTA ÀS PIRÂMIDES DE GIZÉ

QUEM SABE FAZ, QUEM NÃO SABE ENSINA.

No dia 11 de abril de 2019, a revista eletrônica Crusoé revelou que o epíteto "o amigo do amigo de meu pai", cunhado por Marcelo Odebrecht, referia-se ao ministro Dias Toffoli (aliás, o Príncipe das Empreiteiras e sua gangue eram mestres em criar apelidos, como "Coxa", para Gleisi Hoffmann; "Justiça", para Renan Calheiros; "Caju", para Romero JucáBabel, para Geddel Vieira Lima; "Caranguejo", para Eduardo Cunha, "Botafogo", para Rodrigo Maia); "Gripado", para Agripino Maia, e por aí vai). Marcelo referia-se a Toffoli como "amigo do amigo de meu pai" por causa da proximidade do ministro com Lula, e deste com Emílio Odebrecht
Em março de 2016, quando a Lava-Jato estava no auge, o filho do pai foi condenado a 19 anos de prisão, mas teve a pena reduzida para 7 anos, passou pouco mais de dois na cadeia e o resto da pena em prisão domiciliar. Na última sexta-feira — dia do "escárnio dos escárnios", como anotou Ricardo Kertzman em sua coluna na revista IstoÉ —, o Supremo, escorado numa dessas tecnicidades jurídicas que parecem ter sido feitas sob medida para favorecer criminosos poderosos e seus advogados com honorários de 7 dígitos, extinguiu uma condenação do mensaleiro, quadrilheiro, terrorista, corrupto e falsário José Dirceu e anulou todos os atos da Lava-Jato contra Marcelo Odebrecht.
Toffoli deixou o idealizador do departamento de propinas da empreiteira tão inocente quanto o mais inocente dos monges budistas a despeito de o empresário ter comprado metade dos políticos e governantes desta banânia e de outras pocilgas mundo afora, ter confessado, juntamente com quase 80 executivos da companhia, crimes de corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal, formação de quadrilha, superfaturamento etc. As planilhas, os nomes, os depósitos, o dinheiro devolvido? Bobagem. Foi tudo ilusão de ótica. Delírio coletivo após a canetada suprema. 
A decisão monocrática de Toffoli é a prova provada de que o Brasil é, de fato, o país mais amigável do mundo.

Em "Eram os Deuses Astronautas?", o pesquisador suíço Erich von Däniken sugere explicações sedutoras para diversos enigmas que historiadores e arqueólogos não conseguem desvendar, como o das Pirâmides de Gizé, que foram construídas milhares de anos antes da era Cristã na península de Gizé. A maior das três é a de Quéops, que, com 174 m de altura e 230 m de largura, é também a maior das 140 pirâmides egípcias e das mais de 1.000 que existem no mundo.

Autores como Pierre Houdin e Bob Brier não só refutam a Teoria dos Antigos Astronautas como atribuem a Däniken a pecha de pseudocientista e tripudiam de suposições como as de que extraterrestres teriam visitado a Terra há milhares de anos e os deuses das civilizações antigas seriam representações de alienígenas. Mas isso não muda o fato de que os livros do pesquisador suíço têm fortíssimo apelo popular — além de venderem 80 milhões de cópias mundo afora, eles inspiraram a bem-sucedida série Alienígenas do Passado, produzida pelo History Channel
 
Afirmam os arqueólogos, egiptólogos e assemelhados que 30 mil egípcios munidos de cinzéis passaram décadas cortando milhões blocos de pedra de até 80 toneladas, rolando-os por centenas de quilômetros de deserto sobre toras de madeira, alinhando-os perfeitamente com os pontos cardeais e a constelação de Orion (valendo-se apenas do "olhômetro" e da sombra projetada por uma haste) e, usando rudimentares e rampas em espiral, ergueram os monumentos faraônicos (literalmente).
 
Parece não lhes causar estranheza os antigos egípcios fazerem cálculos matemáticos complexos usando simples ábacos, dominarem a escrita e disporem de um calendário baseado não no Sol ou na Lula, mas na estrela Sirius — que só era avistada nas madrugadas durante o inicio da enchente do rio Nilo, que não acontecia todos os anos e, quando acontecia, não começava sempre no mesmo dia. 

Também lhes parece "natural" que os Contos das Mil e Uma Noites, ambientados 3 mil anos antes da nossa era, descrevam tapetes voadores, lâmpadas de onde surgem "gênios" capazes de grandes prodígios de magia, e até portas que dão acesso a cavernas repletas de tesouros quando alguém simplesmente se aproxima e diz "Abre-te Sésamo" (lembrando que os primeiros edifícios com portas automáticas surgiriam somente na segunda metade do século 20). 
 
Se os antigos egípcios eram obcecados por proporções, como explicar a discrepância entre a cabeça e o corpo da Esfinge de Gizé? Ou o rosto da estátua não se parecer com outras representações de Quéfren, o 4º faraó da 4ª dinastia (2575-2465 a.C.), que supostamente mandou construí-la? Ou o corpo não ser felino (leões são conhecidos pelas costas curvas e pela juba), mas semelhante ao de um cão? Seria porque Anúbis, o deus dos mortos da mitologia egípcia, fosse comumente retratado com a cabeça de um chacal? 
 
De duas, uma: ou a imaginação dos "escritores das arábias" era muito mais prodigiosa que a dos autores de ficção científica contemporâneos, ou suas "fantasias" retratavam coisas que eles já conheciam. Segundo Aristóteles, diante de diversas hipóteses formuladas sobre as mesmas evidências o mais racional é acreditar na mais simples. Mas até aí morreu Neves. Ou não: uma antiga ramificação do Nilo com centenas de metros de largura foi descoberta recentemente. 

Ramificação Ahramat, que partia de Faiyum e passava por 38 sítios diferentes de pirâmides até chegar a Gizé, secou há muito tempo, mas pode ter sido usada para transportar os trabalhadores e os materiais necessários à construção das pirâmides. Os pesquisadores tencionam analisar amostras do solo do antigo leito do rio para determinar se ele estava ativo na época em que os monumentos foram construídos. 

Além de ajudar a entender a construção das pirâmides (pelo menos no que diz respeito ao transporte dos blocos de pedra), a exploração dessa antiga ramificação pode auxiliar a localização de outros sítios perdidos do Egito Antigo, como cidades e povoados que foram desaparecendo ao longo do tempo devido às mudanças no curso do segundo maior rio do planeta (com base em imagens de satélite, constatou-se recentemente que o Amazonas tem 6.992,06 quilômetros de extensão, enquanto o Nilo tem 6.852,15 quilômetros). 
 
A conferir.