terça-feira, 11 de junho de 2024

CONSCIÊNCIA E VIDA APÓS A MORTE (PARTE IX)

DEMOCRACIA SÃO DOIS LOBOS E UMA OVELHA DECIDINDO O QUE COMER NO JANTAR.

 
No livro "After: a doctor explores what near-death experiences reveal about life and beyond" ("Depois: um médico explora o que as experiências de quase morte revelam sobre a vida e além"), o professor emérito da Universidade de Virgínia Bruce Greyson conta que fundou uma associação internacional para estudar melhor as EQMs. Depois de mais de 50 anos de pesquisas, ele reconhece que continua sem entender o fenômeno, embora tenha constatado que o temor da morte diminui para os que passam pela experiência, e que as pessoas se tornam desprendidas em relação ao mundo material (clique aqui para saber mais e assistir a vídeos com palestras de Greyson).
 
Usando tomografia computadorizada por emissão de fótons únicos para observar as áreas ativas e inativas do cérebro, cientistas das universidade de São Paulo e da Filadélfia concluíram que médiuns em transe apresentavam níveis mais baixos de atividade no sistema límbico, no giro temporal superior e no giro pré-central direito no lóbulo frontal (áreas ligadas ao raciocínio, ao planejamento, à geração de linguagem, aos movimentos e à solução de problemas), ou que indica ausência de percepção de si mesmo e de consciência. Vale lembrar que o termo "mediúnico" é descrito nos dicionários como algo próprio de pessoas que, de acordo com algumas crenças religiosas, são capazes de se comunicar com os espíritos.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A greve de professores e servidores de universidades federais, institutos e centros federais de educação faz aniversário de dois meses nesta semana. Na gênese do movimento, quando seus ministros tentavam convencer os servidores de que só haveria verba para reajuste salarial em 2025, Lula acomodou-se, por assim dizer, do outro lado do balcão. Agora, porém, se deu conta de que está acomodado no trono de presidente da República, não na cadeira de chefe de sindicato em São Bernardo.
Ironicamente, o sindicalismo universitário, simpático ao petismo, não cruzou os braços sob Bolsonaro. Nesta segunda, do lado de fora do Planalto, grevistas protestavam, exigindo que o próprio Lula assuma as negociações. Dentro do prédio, sua excelência recordou que, em passado remoto, já liderou greves na base do "tudo ou nada". Por vezes, ficou com "nada". Isso aconteceu quando a greve se prolongou em demasia e morreu por inanição.
Lula criticou a duração da greve nas universidades e institutos federais. A alturas tantas, foi ao ponto: Quem perde não é o governo nem o presidente, declarou. Perdem o Brasil e, sobretudo, os alunos que estão sem aula há quase 60 dias. Nesse contexto, cabe a Lula usar sua experiência sindical para abreviar o suplício, não para confundir o enredo.

No mundo moderno, a vida após a morte não só é explorada pela cultura popular como estudada pelos cientistas. As pesquisas sobre os mistérios do além-túmulo se dividem em várias categorias, cada qual com características próprias e distintas. Além (sem trocadilho) dos relatos de experiências de quase morte (EQMs), mediunidade, sensações inexplicáveis de presença espiritual, "incorporações" em terreiros de Umbanda e Candomblé, psicografia em sessões de mesa-branca, projeção astral, regressões, enfim, tudo que se relaciona com vidas anteriores ou sugira a continuidade da consciência (ou alma, ou espírito) após a morte do corpo físico leva água ao moinho dos pesquisadores.

O Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora investiga a possibilidade de existir vida após a morte. Sectários do fisicalismo sustentam que tudo se circunscreve ao mundo físico, que nossos pensamentos e desejos são pura e simplesmente atividades cerebrais, mas, para os pesquisadores do Nupes, embora haja muito charlatanismo nessa seara, não faltam evidências que a mente continua a existir depois que o cérebro para de funcionar. Em "Física e a Imortalidade da Alma", o físico Sean Carroll argumenta que a persistência de alguma forma de consciência depois que nossos corpos se decompõem são incompatíveis com as leis da física, mas muitos estudiosos não descartam a possibilidade de a morte não ser o fim de tudo. 
 
Muitos "mistérios" podem ser atribuídos a fenômenos psicossociais, como a predisposição de pais enlutados a endossar a leitura genérica de um suposto médium sobre o filho perdido, mas há casos que desafiam até os mais céticos, como o de Otto, filho da acupunturista Erika Pissarra, que, aos dois anos de idade, passou a apresentar um comportamento que não ornava com sua faixa etária, como andar com as mãos para trás e dizer que gostaria muito de tomar uma cervejinha. A avó do menino achou tais hábitos parecidos com os do pai dela, morto muitos anos antes do nascimento do bisneto. Poderia ser apenas uma idiossincrasia, mas outros eventos pasmaram a família. 
 
Aos três anos, observando o céu, Otto perguntou à avó se ela lembrava de quando o homem foi à Lua pela primeira vez, e emendou: "você era bebezinha na época" (a avó nasceu em 1969, ano em que Neil Armstrong pisou na Lua pela primeira vez). Mas ela só se convenceu de que o menino era a "reencarnação do bisavô" quando ele perguntou se ela lembrava que os dois haviam voado num teco-teco (o passeio realmente aconteceu, mas ela jamais o havia mencionado para Otto ou para os pais dele).

Continua...