O fato de existirem sectários do terraplanismo em pleno século XXI se deve a uma combinação de fatores psicológicos, sociais e culturais que eu resumiria como estupidez em estado puro.
Não faltam motivos para desconfiar das instituições governamentais, mas refutar evidências científicas e abraçar teorias conspiratórias, como a de que as grandes potências escondem a verdade sobre o verdadeiro formato Terra, é coisa de napoleão de hospício. Por outro lado, essas aleivosias oferecem explicações simplificadas para questões complexas, e isso as torna atraentes para quem tem apenas dois neurônios em curto-circuito.
Observação: Se essa récua de alienados fosse minimamente instruída (e não fartamente estrumada), poder-se-ia dizer que a aleivosia resulta de uma interpretação equivocada da Navalha de Occam — segundo a qual a melhor solução é a que apresenta a menor quantidade de premissas possíveis, mas isso é outra conversa.
Com a popularização da Internet e das redes sociais, a mídia deixou de dominar as massas e passou a ser controlada por elas. As massas são despreparadas, ignorantes, rudes e perniciosas, mas quem dá voz a burros perde o direito de reclamar dos zurros.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Em banânia, o episódio reacendeu a teoria conspiratória segundo a qual a facada desfechada pelo inimputável de fancaria no bucho de Bolsonaro foi uma armação que serviu de pretexto para o "mito" fugir dos debates televisivos, onde seria trucidado pela oratória de Ciro Gomes.
O deputado André Janones, um dos aliados mais ferrenhos de Lula, postou nas redes sociais: "Agora sabemos o que o miliciano foi fazer nos EUA assim que deixou a presidência. É a 'Fakeada' fazendo escola".
Galáxias são coleções de centenas de bilhões de estrelas ligadas gravitacionalmente entre si. Como tudo mais, elas estão sujeitas à ação do tempo e sofrem de uma espécie de problema de idade — que os cientistas vêm estudado para compreender melhor a evolução espaço-tempo cósmico.
De acordo com o modelo padrão, a matéria teria começado a ser formar na época do universo primordial (cerca de 400 mil anos depois do Big Bang), quando elétrons e prótons se atraíram e formaram os primeiros átomos de hidrogênio.
Até então, tudo que existia eram partículas livres dividindo o espaço-tempo com partículas fundamentais da radiação eletromagnética, e a fusão nuclear desses elementos deu origem a todos os demais elementos químicos conhecidos.
As primeiras estrelas se formaram a partir de nuvens de gás primordiais. Quando seu combustível (hidrogênio e hélio) esgotou, elas colapsaram em supernovas — que podem produzir um brilho milhões de vezes maior que o da estrela antes da explosão, bem como gerar uma força gravitacional suficiente para formar galáxias.
O modelo padrão permite cotejar a distância dos corpos celestes com sua idade relativa ao Big Bang pela cor de sua luz — o desvio para o vermelho leva em conta a expansão do Universo e, consequentemente, o afastamento entre as galáxias, e as distâncias medidas pela observação não podem ser alteradas.
A idade surge do modelo teórico de um universo em expansão previsto pela Teoria da Relatividade Geral, mas o Webb encontrou galáxias com desvios (para o vermelho) maiores que o previsto e, portanto, com idades superiores às pressupostas pela teoria do Big Bang.
Observação: O Hubble já havia encontrado indícios de galáxias mais antigas, mas as observações que ele permitia eram bem mais limitadas. As novas imagens mostram galáxias bem formadas que aparecem cedo demais na evolução cósmica, sugerindo que o Big Bang precisa ser atualizado à luz dessas novas observações.
A pergunta que se coloca é: teria havido um período de rápida formação de galáxias primordiais seguido por outro em que novas galáxias levaram mais tempo para se formar?
A resposta pode estar em teorias alternativas, como a que pressupõe a existência de épocas intermediárias na evolução do cosmos. Como anotou o físico Marcelo Gleiser em O Caldeirão Azul, nenhuma teoria criada pelo homem é perfeita; a realidade é sempre um pouco mais complexa.