segunda-feira, 29 de julho de 2024

CÂMBIO MANUAL, AUTOMÁTICO OU AUTOMATIZADO? (PARTE VI)

O DIABO SABE DAS COISAS NÃO POR SER O DIABO, MAS POR SER VELHO.


Depois que a Fiat deixou de oferecer o Cronos com câmbio automatizado, restaram ao motorista que deseja romper relações com o pedal da embreagem as transmissões automáticas (com conversor de torque) e as continuamente variáveis (CVT), além, é claro do mercado de usados. 

A escolha varia conforme o perfil e as preferências e possibilidades do interessado, lembrando que ambas as opções aumentam o preço de compra (de 5% a 20%, conforme a marca e o modelo do veículo) e requerem trocas regulares do fluído da transmissão. Sem falar que, se o carro baixar à oficina, a conta certamente será "mais salgada" que nos modelos com câmbio manual. 
 
O conversor de torque combina melhor com quem busca desempenho e suavidade nas trocas de marchas, e o CVT, que não orna bem com motores de torque elevado, é mais indicado para quem prefere veículos de menor cilindrada e não se incomoda com a "letargia" nas arrancadas. Mas ambos permitem trocas de marchas sequencial, o que é indispensável para quem não abre mão de uma "tocada" mais esportiva.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Depois de escantear o próprio partido para fragilizar a ultradireita representada por Bolsonaro e a alternativa presidencial do conservadorismo personificada na figura do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas — ambos apoiadores do candidato à reeleição Ricardo Nunes, que, segundo o último Datafolha, está tecnicamente empatado com Boulos  Lula estrelou a convenção que formalizou a candidatura de seu protegido à prefeitura paulistana, consolidando seu plano de converter Sampa em palco de uma disputa particular com o capetão e transformar a disputa municipal de outubro numa espécie de terceiro turno de 2022. 
O apadrinhado do desempregado que deu certo comparou a trajetória política do padrinho a sua ambicionada promoção de líder do MTST a prefeito da maior metrópole latino-americana, e Lula, que só tem olhos para 2026, ecoou: "Com a vitória do Boulos, a gente vai dizer que nunca mais a extrema direita, os fascistas, os nazistas, os negacionistas e os mentirosos vão voltar a governar este país". 
Com Bolsonaro inelegível, o sujeito oculto do exercício de futurologia é Tarcísio, que tem recusado os convites do Planalto para participar de solenidades pseudo-administrativas no Estado. Aproveitando o embalo, Lula grudou a imagem de seu arquirrival no adversário local de Boulos: "Tem outro [candidato] aqui que não tinha candidato a vice, e o Bolsonaro obrigou a engolir um que era quase que um ditador na Ceagesp".
Num contraponto ao bolsonarismo acanhado do candidato à reeleição — que se diz "ricardista", não bolsonarista —, a ex-prefeita Marta Suplicy falou do seu retorno às fileiras petistas com um orgulho insuspeitado: "Presidente Lula, você me trouxe de volta ao PT e criou as bases para a coligação poder existir". A petista de ocasião esqueceu de lembrar — ou lembrou de esquecer — que carrega na biografia uma passagem pelo secretariado do atual prefeito no verão passado.
A prioridade atribuída à disputa foi potencializada pelo séquito de ministros que acompanharam o presidente na convenção do PSOL. A alturas tantas, o Lula arrastou Haddad para a principal foto do evento. A dupla sorriu para a câmera ao lado de Boulos, de Marta e ex-prefeita caquética Luíza Erundina. "Se puderem, na campanha, andem com essa foto aqui. Para vocês fazerem a comparação com quem está disputando conosco", encareceu Lula, como que decidido a dirigir as cenas que estão por vir.
PSDB já foi um partido voltado ao conteúdo das questões nacionais. Ancorados na liderança de Fernando Henrique e em figuras como Franco Montoro e Mário Covas, os tucanos emplacaram o Plano Real e contribuíram para levar o Brasil ao futuro em decisões de bons resultados. Isso há coisa de 30 anos. Por várias razões — dentre as quais a incapacidade de dialogar com a população e a inabilidade no ofício de oposição —, o tucanato se esvaiu, e hoje busca se reerguer investindo na fama de um jornalista que, dono de credenciais como apresentador de televisão, não prima por lastro na política nem detém certificados de eficácia no ramo. 
Em suas manifestações iniciaisDatena — que teve a candidatura homologada na semana passada  disse que político nenhum é digno de sua confiança, ameaçou nova desistência se o aborrecerem e vestiu o mesmo figurino da antipolítica que rendeu êxitos a Collor e Bolsonaro (isso para ficar nos exemplos mais recentes e não precisarmos ir a Jânio Quadros e demais populistas). Datena já abandonou o pleito em outras quatro oportunidades. Fica no ar a dúvida sobre que partido é esse e que capacidade terá de conversar a sério com a sociedade para se reabilitar. 
 
A automação não faz grande diferença em viagens longas, já que as trocas de marcha são mais espaçadas, porém é uma bênção no trânsito congestionado das grandes metrópoles. A maneira de dirigir é a mesma com qualquer das duas opções: para ligar o motor é preciso pressionar o pedal do freio e dar a partida, e para sair com o veículo deve-se colocar a alavanca seletora na posição D (Drive). A partir daí é só acelerar, frear e controlar a direção. Nas manobras, 
a função "creeping" move o carro em velocidade reduzida (sem que seja preciso pressionar o acelerador) tanto com a alavanca e D quanto em R ()
 
Marinheiros de primeira viagem costumam levar algum tempo para se adaptar — é comum o pé esquerdo buscar um pedal inexistente, sobretudo quando o motorista para no semáforo —, mas o ser humano tende a se acostumar mais fácil e rapidamente com mudanças para melhor (sem trocadilho), lembrando que quem quiser pode recorrer a uma autoescola. 

Ao estacionar, é recomendável colocar a alavanca em N (Neutro) — que corresponde ao "ponto morto" no câmbio manual —, puxar o freio de mão, soltar o pedal do freio e só então mudar para P (de Park) e desligar a ignição. Com a alavanca em P, a própria transmissão trava as rodas motrizes; se o carro ainda estiver se movendo, mesmo que bem devagar, o estresse pode causar danos ao sistema.
 
Outra dica importante (que as auto-escolas não ensinam) é manter a alavanca em D quando se para no semáforo ou em um congestionamento. No câmbio manual, colocar o câmbio em ponto morto nessas situações é importante, já que manter o carro engrenado e o pedal da embreagem pressionado reduz a vida útil da transmissão. Nos automáticos, porém, o correto é manter a alavanca em D e o pedal do freio pressionado (para impedir a ação do creeping). Assim o sistema hidráulico permanece pressurizado e os componentes da transmissão são lubrificados (o que não acontece quando se coloca a alavanca em N e se aplica o freio de mão).
 
Observação: Jamais pressione o acelerador para elevar o giro do motor antes de colocar a alavanca em D. Há quem faça isso para sair "cantando pneus", mas o resultado mais provável é um tranco monumental. Se o motor for potente o bastante, basta acelerar fundo na arrancada para fazer as rodas motrizes patinarem.
 
Dosar o acelerador e a embreagem para "segurar" um carro com câmbio manual num aclive reduz a vida útil do disco de fricção e do rolamento de encosto, e o mesmo se aplica aos automatizados (que usam caixas de câmbio e embreagens convencionais combinadas com um"robô"). Nos automáticos puros, o conversor de torque faz o papel da embreagem, mas segurar o carro usando o acelerador pode resultar em superaquecimento do fluído hidráulico da transmissão. 

Observação: O "Hill Holder" (também chamado de "assistente de partida em rampa") mantém o ferio acionado eletronicamente por até 3 segundos, dando tempo ao motorista para soltar o pedal do freio e acionar o acelerador sem que o carro recue. Nos veículos que não dispõe desse recurso, o jeito é usar o freio de mão. 
 
Outros maus hábitos herdados do câmbio manual são a "banguela" e fazer o motor "pegar no tranco". Colocar o câmbio em ponto morto em descidas de serra para economizar combustível (prática muito disseminada entre caminhoneiros dos tempos de antanho) fazia algum sentido quando os motores eram carburados, mas anula o freio motor e reduz a eficácia do freio hidráulico convencional. Nos veículos com injeção eletrônica, o risco de acidentes é mesmo e a economia é zero, já que o motor entre
em cut-off (ou seja, não há injeção de combustível). Sem falar que colocar a transmissão em "N" pode danificar os rolamentos e engrenagens do câmbio por falta de lubrificação.
 
Fazer o motor pegar "no tranco", mesmo com câmbio manual, danifica o catalizador, força o sistema de transmissão e implica o risco de ruptura da correia dentada, que é responsável por sincronizar a abertura e o fechamento das válvulas com o movimento dos pistões. Os automatizados podem até "pegar", já que usam a mesma caixa do câmbio manual, mas o sistema dificilmente conseguirá acionar a embreagem e engatar uma marcha se a bateria estiver totalmente. Já nas transmissões automáticas "puras", a pressurização do fluído hidráulico é feita de forma mecânica (de acordo com a rotação do motor), e com o motor desligado não é possível fazer o acoplamento das marchas. Então, se a bateria descarregar e o motor de partida não funcionar, faça uma "chupeta" ou compre uma bateria nova (caso a velha tenha perdido a capacidade de reter carga).
 
Continua...