sexta-feira, 12 de julho de 2024

DE VOLTA À VELOCIDADE DA LUZ E AS VIAGENS NO TEMPO (PARTE III)

PIOR QUE FICAR CALADO E DAR ÀS PESSOAS A IMPRESSÃO DE QUE VOCÊ É UM IDIOTA É ABRIR A BOCA E DAR ÀS PESSOAS A CERTEZA DE QUE VOCÊ É UM IDIOTA.
 

Imaginamos o tempo como uma estrada pela qual avançamos, onde podemos ir mais depressa ou mais devagar e até parar. Retornar a uma encruzilhada da vida e virar à direita ao invés de a esquerda é uma perspectiva fascinante, mas para isso seria preciso que a teoria do multiverso se confirmasse. Por enquanto, universos paralelos, multidimensões e outras "realidades alternativas" só existem nos filmes, nos livros de ficção científica e nos quadrinhos. Mas será tudo isso apenas fantasia?  

universo observável tem cerca de 93 bilhões de anos-luz de diâmetro e continua se expandindo. Não sabemos se ele é finito ou se se replica em universos paralelos e forma um "multiverso". Nem todas as teorias pressupõem a existência de diversas versões de nós mesmos, mas todas levam ao multiverso. De acordo com a teoria da inflação cósmica, cosmos dobrou sucessivamente de tamanho milhares de vezes em menos de 10-36 segundos, produziu um universo homogêneo e plano e criou as quatro forças fundamentais, o tempo e o espaço. Mas o que havia antes do Big Bang é um mistério. 

Na visão dos criacionistas e dos seguidores das religiões abraâmicas, Deus criou o mundo e tudo que existe nele em seis dias. Preciso como um cuco suíço, o pastor James Ussher explica no livro The Annals of the World que o início da obra se deu pontualmente às 9h00 do dia 23 de outubro de 4004 a.C., e que todas as espécies criadas jamais sofreram qualquer alteração desde então, mas não revela o que existia às 8h59m do "dia D".

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Inspirado no exemplo de Lula em 2019, Bolsonaro finge que poderá ser candidato ao Planalto em 2026. Há mais chances de o inferno congelar, mas essa tragicomédia mantém a militância na ponta dos cascos. Já o PT e seus acólitos parecem se achar a "última bolacha do pacote". Refratário a críticas e avesso a autocríticas, a legenda se escora em seu xamã, a despeito dos sinais gritantes de desgaste, mais por medo de errar que por vontade de acertar.

O capetão-joinha não estará livre para concorrer em 2026, assim como o então presidiário mais famoso desta banânia não esteve em 2018. Mas seus apoiadores, mais pragmáticos, admitem alternativas (sempre dizendo que Bolsonaro é o "plano A") e fazem circular seus nomes desde já, enquanto os sectários da seita do inferno têm medo de confrontar seu pontífice com a realidade de que o tempo é inexorável — e o dele cedo ou tarde há de passar.


Escorada na Teoria da Relatividade, a teoria clássica do Big Bang sustenta que tudo começou com uma singularidade, mas um artigo publicado no Journal of High Energy Physics sugere que essa singularidade é uma ilusão matemática (os autores se embasaram num estudo que Karl Schwarzschild publicou em 1916 sobre buracos negros — que foi contestado mais adiante pelo astrônomo Arthur Eddington).
 
Observação: A hipótese de existirem regiões do espaço com força gravitacional suficiente para "engolir" a própria luz foi levantada pela primeira vez no século XVIII e ratificada pelas equações de Einstein, que forneceram a base para o entendimento atual dos buracos negros. Mas foi somente em 2019 que o Event Horizon Telescope capturou a imagem de um exemplar no centro da galáxia M87, a cerca de 55 milhões de anos-luz da Terra, tornando real o que até então era uma possibilidade teórica.
 
A física clássica falha em explicar a singularidade. No caso dos buracos negros, a singularidade do horizonte de eventos representa um ponto onde Einstein previu densidade infinita, mas suas teorias não são completas sem a gravidade quântica. As teorias das cordas e da gravidade quântica em loop tentam unificar a relatividade geral e a mecânica quântica e descrever o universo sem singularidades, mas não há evidências que confirmem ou refutem a existência de uma singularidade inicial. 

A matemática pode fornecer várias maneiras de modelar o universo nascituro, e algumas equações sugerem que a singularidade pode ser evitada. Mas isso depende de suposições específicas sobre a natureza do espaço-tempo e a forma como os efeitos quânticos se manifestam. As teorias das cordas e da gravidade quântica em loop ainda estão em desenvolvimento; se uma delas for comprovada, teremos uma descrição do Big Bang que não envolva a singularidade. 

Einstein publicou suas teorias no início do século passado e falhou em descrever o comportamento do espaço-tempo em escalas extremamente pequenas, onde os efeitos quânticos se tornam significativos e a presença de singularidades sugere que precisamos de uma abordagem mais completa, que inclua a gravidade quântica. Em 1995, os físicos propuseram que cinco diferentes teorias das cordas seriam na verdade faces da Teoria de Tudo, que busca unificar a Relatividade Geral — que funciona muito bem em escalas grandes, como planetas, estrelas e galáxias — e a Mecânica Quântica — que explica o comportamento da matéria e energia em escala subatômica, como átomos e partículas fundamentais. 

Não é incomum que teorias aparentemente contraintuitivas ou meramente especulativas sejam comprovadas a posteriori, a partir de novas evidências e métodos experimentais. Exemplos disso incluem a própria relatividade, que revolucionou nossa compreensão do universo no século XX. A física está em constante evolução, e novas descobertas podem nos aproximar de uma resposta definitiva. É saudável manter um ceticismo fundamentado e acompanhar os avanços na área para ver como essas teorias se desenvolvem.
 
Continua...