sábado, 10 de agosto de 2024

DE VOLTA À VELOCIDADE DA LUZ E AS VIAGENS NO TEMPO (FINAL)

O FATO DE NINGUÉM VER A ÁRVORE CAIR NÃO SIGNIFICA QUE ELA NÃO CAIU.

Segundo o filósofo e metafísico inglês J.M.E. McTaggart, pode-se atestar a irrealidade do tempo usando apenas o pensamento lógico e um baralho de cartas.

Primeiramente, ele divide as cartas em duas pilhas. Na primeira pilha, elas são ordenadas cronologicamente, ou seja, a carta no topo representa o evento mais recente e a carta na base, o evento mais antigo. Na segunda, as cartas são embaralhadas aleatoriamente, ou seja, os eventos não são organizados em sequência temporal, e não há indicação de qual evento ocorre antes ou depois do outro. 


McTaggart concluiu que a noção de tempo linear (como na primeira pilha) não basta para capturar a realidade dos eventos, e que, na pilha 2, sem a ordem temporal, os eventos ainda existem, mas não há um "antes" ou "depois". Isso sugere que o tempo como o concebemos pode ser uma construção mental e não uma característica fundamental da realidade e, portanto, ele não existe de verdade.  


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Para surpresa de ninguém, a interferência política na Petrobras — ora presidida pela obediente Magda Chambriard — resultou num prejuízo de R$ 2,6 bilhões de reais no segundo trimestre. A despeito das acrobacias que circulam nos jornais para nos convencer de que o errado está dando certo, quem tem ao menos dois neurônios ativos e operantes percebem que, sob o tacão do governo Lula, a companhia substituiu a política de paridade com preços internacionais pela política do segura-aí-enquanto-você-acha-que-dá. Ou seja, os acionistas da Petrobras estão pagando do bolso para a população menos esclarecida ter a ilusão de que a gasolina não sobe ou sobe menos nas bombas.
Isso também não causa espécie: segurar artificialmente os preços dos combustíveis deu errado no governo Dilma, e Lula é useiro e vezeiro em repetir os erros cometidos no passado — não sei se ele acredita mesmo que pode obter um resultado diferente valendo-se da melhor definição de "estupidez" que se conhece, mas enfim...
Além de eminentemente populista, a manobra que sangra a empresa represa momentaneamente a inflação, permitindo que o governo continue a gastar o que não tem e a imprimir cada vez mais dinheiro para pagar a conta que não fecha — que, por sinal, é a verdadeira causa da inflação.
Em última análise, o povo paga em dobro pelo prejuízo da Petrobras. Como acionista indireto, já que o governo brasileiro tem quase 29% da empresa e a população acaba sendo prejudicada pelos maus resultados, e como cidadão, já que esse dique artificial vai se romper em alguma momento.

Numa segunda empreitada, McTaggart acrescenta uma terceira pilha de cartas. Na primeira pilha, anda muda em relação ao experimento anterior, ou seja, ela representa a ordem cronológica dos eventos. A segunda pilha passa a representar os eventos em termos de passado, presente e futuro, e as cartas mudam do futuro para o presente e deste para o passado. Na terceira pilha, as cartas são novamente embaralhadas, simbolizando a ideia de que os eventos existem independentemente do tempo.

A introdução da terceira pilha visa ilustrar que, mesmo que tentemos classificar os eventos em termos de passado, presente e futuro (como na segunda pilha), a realidade dos eventos (terceira pilha) não depende dessa categorização. Portanto, o tempo parece ser uma construção subjetiva, e não uma propriedade objetiva do universo em que vivemos. E se o tempo é um processo que precisa de tempo para acontecer, é preciso tempo para descrever o tempo, e essa circularidade viola a lógica


Em outras palavras, McTaggart afirma que o tempo como uma sequência de eventos do passado para o presente e depois para o futuro pode não ter uma realidade objetiva, e sim uma ilusão, uma construção da mente humana, e que a verdadeira natureza da realidade pode ser atemporal. Mas os C-theorists discordam. Para eles, colocar as cartas do antes para o depois é tão inútil quanto escolher esta ou aquela tábua para iniciar a numeração de cerca circular.


É difícil dizer quem tem razão nesse furdunço, já que é tudo uma questão de ponto de vista. Mas fato é que McTaggart conseguiu construir uma teoria sobre a inexistência do tempo usando apenas o pensamento lógico, por mais ilógico que isso possa parecer. 

Observação: A quem interessar possa, o artigo que me serviu de base para esta postagem e a anterior pode ser acessado através deste link