terça-feira, 24 de dezembro de 2024

DE NOVO É NATAL

TÃO POBRE QUANTO QUEM NADA TEM É QUEM DESEJA O QUE NÃO PODE TER. 

Natal celebra o momento histórico em que, segundo os cristãos, Deus veio à Terra na forma de uma criança para salvar a humanidade. Mas Jesus era judeu, e não há comprovação de que ele tenha nascido no dia 25 de dezembro. 

Dos quatro evangelistas, somente Mateus e Lucas mencionam seu nascimento do filho de Deus — o primeiro relata que seus pais terrenos eram de Belém e chegaram a Jerusalém como refugiados, e o segundo, que eram de Nazaré e se mudaram para Jerusalém para escapar de um recenseamento supostamente determinado por Herodes Antipas, o infanticida.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Nem a maior intervenção no câmbio da história — quase US$ 30 bilhões despejados pelo Banco Central no mercado — puxou a cotação do dólar de volta à casa dos R$ 5. Isso é um problema, mas não é o único nem o maior de todos, que acontece de ser a desconfiança do mercado na capacidade do governo de equilibrar as contas e demonstrar que está se empenhando em estabilizar a dívida pública. Não se trata de má comunicação; a postura populista e as falas do macróbio do Planalto — que, por eleitoreiras, destoam da realidade — produziram um descrédito que não será revertidos com discursos desembasados em fatos verificáveis. 
Como no parto da montanha, a despeito do enorme esforço político (incluindo as "emendas panetone") para aprovar o pacote fiscal, pariu-se um "ridiculus mus". A equipe econômica esperava economizar R$ 71,9 bilhões (o que ainda era pouco), mas o Congresso fez o favor baixar a altura da lâmina, reduzindo o corte em mais de R$ 6 bi. Não dá para dizer que o molho ficou mais caro que o peixe, mas isso não muda o fato de os parlamentares terem atuado como mercadores de um "souk" das arábias na Praça dos Três Poderes. 
Havia sobre a mesa R$ 50 bilhões em emendas parlamentares e algo como R$ 520 bilhões em gastos tributários que mimam o patrimonialismo nacional com isenções de impostos e favores fiscais. Mas não se deve falar sobre isso em voz alta. Melhor passar na faca coisas como a política de reajuste do salário-mínimo e os benefícios para pobres, idosos e deficientes. 
No Ano Novo, o crescimento econômico será menor e o desemprego, maior. Mas quem se importa, se o povo continua pagando a conta sem reclamar? 

A festa de Natal remonta a um banquete com direito a troca de presentes que os romanos promoviam em homenagem a Saturno. No Brasil, o primeiro registro de uma comemoração natalina data de 1554, ano em que um grupo de jesuítas celebrou a Missa do Galo na região onde hoje fica a cidade de São Paulo.

No início dos anos 1960, as crianças perdiam os dentes-de-leite antes de descobrir que Papai Noel era apenas o Espírito do Natal, que assomava no início de dezembro e "crescia" como o apito de um trem que se aproxima da estação. As pessoas penduravam guirlandas nas portas das casas e montavam presépios e árvores de Natal. 

 

Naquela época, os votos de boas festas soavam sinceros. Hoje, ainda que muitos lojistas desembalam a decoração natalina em meio ao rescaldo da Black Friday, o clima festivo e o espírito de camaradagem que campeavam soltos todo final de ano, independentemente da fé ou da crença religiosa das pessoas, deixaram de existir. É fato que muita gente continua montando suas árvores de Natal e enfeitando janelas e varandas com pisca-piscas, mas salta aos olhos que o clima é artificial e os votos carecem de calor humano.


A tradição da árvore de Natal teve início no século XVI, quando Martinho Lutero usou galhos de árvores, algodão, velas acesas e que tais para emular a imagem de um pinheiro coberto de neve com o céu estrelado como pano de fundo, e a ideia de montar um presépio para recriar o cenário do nascimento de Jesus é atribuída a São Francisco de Assis

ObservaçãoOs tradicionais "pinheirinhos de Natal" são na verdade tuias — coníferas pertencentes à família das Cupressáceas, que têm formato, cor e cheiro característicos do Natal.

Acredita-se que a imagem do velhote barrigudo, de bochechas rosadas e barbas brancas, foi inspirada em São Nicolau, mas casacos de pele, mitras, estolas e luvas não eram usados na costa mediterrânea na época em que o bispo caminhava entre os vivos, e ele dificilmente andaria pelas ruas todo paramentado numa época em que a miséria campeava solta e os roubos eram frequentes. Demais disso, o cristianismo era uma religião minoritária, perseguida e proibida.

Um artigo da revista National Geographic anota que o então bispo Nicolau deu três bolsas cheias de ouro ao pai de três moças pobres, para que ele as oferecesse como dote e salvasse as filhas da prostituição. Mas nada indica indica que ele tivesse a disposição e alegria com que foi posteriormente retratado. No incidente mais importante de sua vida, registrado pela primeira vez em meados do século VI, o religioso interrompeu uma execução até o juiz admitir que havia aceitado suborno.

A despeito de a lenda das três bolsas cheias de ouro promover São Nicolau a entregador de presentes, outra história mais sombria reza que, em meados do século X, na Baixa Saxônia, o santo trouxe de volta à vida três crianças que um criminoso esquartejara e colocara em barris de madeira. Artistas itinerantes encenaram esse drama em cidades e vilarejos de toda a Europa, e assim ele se tornou padroeiro e protetor das crianças (para saber mais, clique aqui).

No final do século XIX os líderes cristãos dos Estados Unidos, em sua maioria protestantes, proibiram as celebrações natalinas por considerá-las pagãs. Mas as pessoas queriam comemorar, sobretudo os trabalhadores braçais, que ficavam ociosos durante o inverno e não raro se embebedavam e saíam às ruas para farrear e saquear. Foi assim, de acordo com o historiador canadense Gerry Bowler, que a classe alta nova-iorquina criou a Sociedade São Nicolau de Nova York, que basicamente reescreveu a história do Natal.

Até o início do século XIX, a festa de São Nicolau acontecia em 6 de dezembro (data da morte do religioso), mas a Reforma Protestante acabou com os santos cristãos e aboliu o Natal em grande parte da Europa. Na Holanda, porém, uma figura tradicional continuou viva: o Sinterklaas, que, a exemplo santo em questão, era retratado usando mitra vermelha e uma longa barba branca (foi ele quem inspirou os nova-iorquinos a tirar os bêbados da rua e presentear as crianças).

Washington Irving escreveu uma série de contos em que São Nicolau voava pelas casas, fumando cachimbo e deixando presentes para as crianças bem-comportadas. Santeclaus foi descrito num poema anônimo, publicado na revista britânica The Children’s Friend, como um velho gorducho que dirigia um trenó puxado por renas e deixava presentes nas meias das crianças. O poema The Night Before Christmas, escrito no início do século XIX, se difundiu rapidamente pelos Estados Unidos, e padronizado São Nicolau como Santa Claus, que é como os americanos chamam Papai Noel.

A imagem do bom velhinho que Thomas Nast criou para revista Harper's Weekly, durante a guerra civil norte-americana, lembrava um duende. Até o início dos anos 1930, Papai Noel foi retratado vestindo uma indumentária de cor marrom. Quando uma campanha publicitária da Coca-Cola vinculou o refrigerante às festas natalinas, o velhote ganhou o barrigão, as barbas brancas, o casaco vermelho de gola e punhos brancos, o cinto largo e as botas pretas.

Entre 1931 e 1964, o ilustrador Haddon Sundblom pintou cenas encantadoras da casa de Papai Noel para a Coca-Cola, e Norman Rockwell o retratou como um velhote bonachão. As pessoas gostaram tanto dos anúncios que a empresa recebeu uma enxurrada de cartas quando o cinto preto de Papai Noel foi exibido de cabeça para baixo. E quando o personagem apareceu sem aliança, milhares de fãs escreveram para perguntar o que havia acontecido com a Senhora Noel.

Torçamos para que Papai Noel se lembre de nós em mais este Natal, a despeito da polarização política e de toda a desgraceira que os telejornais exibem 24/7. Quanto ao tradicional "presentinho", nos últimos anos ele virou "lembrancinha" — isso quando não foi rebaixado a um prosaico cartão de Natal virtual (para economizar o selo de correio).

Para saber mais sobre a história de Papai Noel, assista a este vídeo, e como rir ainda é de graça nesta banânia, não deixe de ver o clipe abaixo.