Até o início do século passado, achava-se que a dimensão temporal fosse uma via de mão única, mas as equações de Einstein demonstraram que no espaço-tempo o trânsito se dá por "vias de mão dupla".
Nossos ancestrais começaram a contar o tempo ao perceberem padrões no amanhecer e no anoitecer, e desenvolveram os primeiros calendários milhares de anos antes da era cristã. O modelo atual foi instituído pelo papa Gregório XIII no final do século XVI, em substituição ao calendário implementado por Júlio César em 46 a.C., e se popularizou rapidamente porque facilitava o relacionamento entre as nações europeias,
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A primeira regra dos buracos é singela: "quando se cai dentro de um, a última coisa a fazer é cavar". Insensível a essa pérola de sabedoria, Bolsonaro tenta cavar uma prisão preventiva e, en passant, vê sua estratégia de atribuir a aliados a responsabilidade pela trama golpista se voltar contra si na forma de uma novas delações premiadas.
A defesa do ex-presidente não só alegou que seu cliente não seria beneficiado com o plano golpista revelado pela PF como insinuou que militares pretendiam traí-lo para assumir o poder (em nota, Braga Netto classificou a ideia de haver um golpe dentro do golpe como "tese absurda").
Até aqui, os fadados vinham operando em conjunto; exceto por Mauro Cid, que evoluiu de esbirro a delator, um preservava o outro, seja silenciando, seja dando versões que não comprometiam o capetão. Mas a lógica da delação é que um membro de organização criminosa entregue que está acima dele no organograma. Assim, um general golpista que se converter em delator terá de atirar para cima.
A estratégia de Bolsonaro de jogar seus cúmplices ao mar é arriscada, e a clareza meridiana das evidências que o colocam no centro da trama golpista torna sua defesa cada vez menos sustentável. A esta altura, ainda que o plano para eliminar Lula, Alckmin e Moraes fosse retirado da trama, o conteúdo restante seria mais que suficiente para condenar o aspirante a tiranete a mais de 20 anos de cana. Torçamos pois.
Se hoje é o amanhã de ontem e o ontem de amanhã, o que aconteceu determina o que acontece, e o que acontece hoje determina o que acontecerá, num fluxo de eventos que segue rumo ao futuro a partir do presente que virou passado. Mas será mesmo que a "seta do tempo" aponta sempre para a frente? Astrofísicos renomados, como Carlo Rovelli, Guido Tonelli e Julian Barbour, acham que não.
Rovelli sustenta que aquilo que chamamos de "tempo" não é uma característica real do Universo, mas uma variável resultante da crescente entropia do cosmos ao longo de seus bilhões de anos de existência (vale a pena ler a entrevista que ele concedeu à Crusoé em dezembro de 2022, durante lançamento do livro O Abismo Vertiginoso no Brasil).
Em Gênesis: a história do universo em sete dias, Tonelli explica "como tudo começou" com base em conceitos da física moderna. Segundo ele, consideramos o tempo abstrato porque somos objetos macroscópicos vivendo em uma espécie de mundo onde o relógio parece fluir igual para todos, mas fenômenos peculiares ocorrem no entorno de grandes massas, como estrelas e buracos negros, onde o espaço-tempo é deformado e o tempo passa muito mais devagar.
Barbour sustenta que a própria natureza do Big Bang fez o tempo fluir em direções opostas, que o universo tem "dois lados", e que o tempo "corre nos dois sentidos ao mesmo tempo" (ou seja, existe um universo onde o tempo corre do que chamamos de passado para o que chamamos de futuro e outro em que o tempo se move do futuro para o passado).
A ideia de que o tempo é uma construção mental não é nova (detalhes nesta postagem). Em meados do século XVII, as Leis de Newton já descreviam um mundo onde pessoas andavam para trás, relógios retrocediam da tarde para a manhã e frutas subiam do chão para os galhos das árvores, mas o "pai da física moderna" nem sonhava que um dia o tempo seria discutido à luz de teorias quânticas que não o consideram um componente fundamental do Universo.
De acordo com um artigo publicado na revista Physical Review A, o tic-tac do relógio é apenas uma representação conveniente de uma série de eventos emaranhados, pois o tempo não é uma dimensão contínua e independente, mas uma sequência de acontecimentos correlacionados que emergem do entrelaçamento quântico.
Na visão do articulista, o tempo é uma ilusão, e conceitos como passado, presente e futuro são simples convenções que usamos para descrever nossa experiência subjetiva. Se for comprovada, essa teoria ajudará a explicar por que as equações da física quântica são simétricas no tempo — ou seja, funcionam tanto para frente quanto para trás.
A noção de que passado, presente e futuro são ilusões pode parecer meio filosófica, mas é ciência pura. Segundo a Teoria da Relatividade, a velocidade do tempo varia conforme o observador e sua velocidade relativa. Aliás, o próprio Einstein costumava dizer que a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.
A noção de que passado, presente e futuro são ilusões pode parecer meio filosófica, mas é ciência pura. Segundo a Teoria da Relatividade, a velocidade do tempo varia conforme o observador e sua velocidade relativa. Aliás, o próprio Einstein costumava dizer que a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.