sábado, 22 de fevereiro de 2025

BOLSONARO LÁ!

DO MAL NÃO PODE NASCER O BEM, ASSIM COMO UM FIGO NÃO NASCE DE UMA OLIVEIRA.

O cronograma do golpe evidenciou que a conduta criminosa dos indiciados começou ainda em 2021, em tom de ruptura com a democracia. Bolsonaro e outros 33 aspirantes a golpistas foram denunciados na última terça-feira, e tud
o indica que a condenação dessa malta já não é mais uma questão de "se", mas de "quando". 

Mesmo assim, o ex-presidente se disse "estarrecido" com a denúncia (mais adiante, declarou "caguei para a prisão", o que, vindo de quem veio, não é de causar estranheza), e seus advogados, que ficaram "indignados" (pausa para as gargalhadas).

Num ambiente altamente polarizado, é compreensível que a denúncia seja rechaçada pelos apoiadores do "mito", festejada pela petralhada e seja vista com cautela por aqueles que não têm bandido de estimação, independentemente de preferências políticas, ideológicas ou partidárias. 
O problema é que a minoria que busca analisar os acontecimentos com isenção acaba no meio do fogo-cruzado, já que a maioria parece não compreender que é possível ser antipetista sem ser bolsonarista, e vice-versa. Talvez por isso cada vez menos jornalistas produzam análises racionais, equilibradas e desapaixonadas.

Nos vídeos da delação de Mauro Cid, a única tortura exposta é o suplício imposto à plateia, submetida à nudez de uma Presidência obscena que ninguém pediu nem queria ver. Um capitão expurgado do Exército por indisciplina atraiu generais que prometiam morrer pela pátria para um plano de assassinar a democracia. Dos 34 denunciados pela Procuradoria ao Supremo, 24 são militares. Ou seja: o golpe era 70% fardado.

A transcrição dos depoimentos de Cid já deixava evidente que, sob Bolsonaro, o Brasil viveu uma de suas épocas mais despidas, mas os recortes em vídeo, expostos em telejornais e multiplicados na internet, tornaram o strip-tease explícito. Na suprema grelha em que arde o golpismo, a minuta exposta por Bolsonaro aos comandantes militares é o miolo da picanha. 

Delatada por Cid à PF, a reunião em que se debateu o documento foi confirmada pelos comandantes do Exército e da Aeronáutica, que se recusaram a avalizar a virada de mesa. Na denúncia, o episódio foi usado pelo procurador-geral como antídoto para a ficção segundo a qual o golpe não seria crime porque a temeridade não ultrapassou a fronteira dos atos preparatórios.

Ironicamente, a chave da cadeia reservada a Bolsonaro é fornecida por três legítimos representantes daquilo que o futuro presidiário chamava de "minhas Forças Armadas": um tenente-coronel delator e dois oficiais estrelados que preferiram dar meia-volta à beira do abismo. Moraes deu prazo de 15 dias (conforme previsto em lei) para que os 34 denunciados apresentem suas defesas. Como era esperado, os advogados de Bolsonaro, a quem interessa atrasar o relógio, pediram que o prazo fosse estendido para 83 dias, mas o ministro negou. 

Estima-se que a 1ª Turma do STF comece a julgar o caso entre o final de março e o começo de abril, embora não se descarte a possibilidade de o julgamento ocorrer no plenário — segundo alguns ministros, se os réus do 8 de janeiro foram julgados pelo colegiado completo, o caso de Bolsonaro não pode ser tratado de maneira diferente, até porque a apreciação pelo plenário daria maior legitimidade à decisão final do STF. 

Observação: Comenta-se nos supremos bastidores que a intenção de Moraes é evitar debates e divergências que naturalmente surgiriam no colegiado, onde a condenação dificilmente seria evitada, mas tampouco seria unânime, expondo o relator a divergências públicas.

Por último, mas não menos importante: Davi Alcolumbre, atual presidente do Senado e do Congresso, afirmou que a anistia aos golpista não está em discussão, e que o assunto não interessa aos brasileiros. 

A conferir.