Desde tempos imemoriais que o homem almeja voar como os pássaros. Ícaro voou usando um par de asas de cera, mas se aproximou demais do Sol, as asas derreteram, ele caiu no mar e se afogou.
Leonardo da Vinci concebeu seu "parafuso aéreo" no século XVI, quase 500 anos antes de o que conhecemos hoje por helicóptero voar pela primeira vez.
Julio Verne escreveu "Da Terra à Lua" 104 anos antes da alunissagem da Apollo 11 — errando por algumas milhas o local do lançamento do Saturno V — e Vinte Mil Léguas Submarinas um século antes da construção do primeiro submarino nuclear.
Em 1905, o brasileiro Alberto Santos Dumont e os americanos Wilbur e Orville Wright provaram ser possível voar em geringonças mais pesadas que o ar; menos de um século depois, o saudoso Concorde voava de Londres a Nova York em cerca de 3 horas.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Diante da tempestade perfeita que se formou nas pesquisas de opinião, Lula deveria abrir o guarda-chuva, mas a dança de cadeiras executada em Brasília indica que a reforma ministerial pode se tornar tão útil quanto um guarda-chuva sem pano.
Maus presságios e intempéries continuam tendo livre acesso ao governo. No penúltimo movimento, o Sun Tzu de Atibaia transformou Gleisi Hoffmann em ministra palaciana. É como colocar um ápode num anúncio de calçados. Útil na presidência do PT, a valentia de Gleisi terá pouca serventia no Planalto.
Não existe palácio sem intriga, mas Lula exagera. Sitiou Haddad, que já era torpedeado por Rui Costa, e subordinou seus planos ao filtro marqueteiro de Sidônio Palmeira. Com a chegada de Gleisi, que já batizou de "austericídio fiscal" a política da Fazenda, o placar contra o ainda ministro da Fazenda no Planalto passa a ser de três a zero.
Depois que a impopularidade encurtou o horizonte do governo, restaram a Lula ser otimista ou inteligente. Otimismo é sempre bom, mas otimismo perpétuo denota falta de inteligência. Lula reduziu a reforma do meio de mandato a um acerto de contas do PT. O eleitor cobra mudanças, ele oferece naftalina e comanda a dança das cadeiras do mundo da Lua, onde não há pesquisas de opinião.
A corrida espacial dos tempos da Guerra Fria terminou em 1969, mas a exploração do cosmos segue a todo vapor. Lançadas em 1977 para explorar Júpiter e Saturno, as sondas Voyager 1 e 2 seguiram viagem e já alcançaram o espaço interestelar; robôs como o Perseverance buscam sinais de vida antiga em Marte; missões como a James Webb capturam imagens de galáxias formadas há mais de 13 bilhões de anos; missões como a Artemis visam estabelecer uma base sustentável na Lua para futuras viagens tripuladas ao planeta vermelho.
Na astrofísica, muito do que valia ontem pode não valer hoje, os que vale hoje podem não valer amanhã ou depois. A fusão nuclear era considerada uma reação exclusiva do Sol até que a detonação da primeira bomba de hidrogênio liberasse energia equivalente a 10 milhões de toneladas de TNT, e a barreira do som, supostamente intransponível, foi quebrada em 1947 por um piloto de caça norte-americano. Como bem disse Einstein, "o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário".
A História demonstra que a ficção científica de ontem é a ciência de hoje, e a ficção de hoje, a ciência de amanhã. Aristóteles disse que "a arte imita a vida" e Oscar Wilde, que "a vida imita a arte". Dito isso, o que aconteceu com o "parafuso" de Da Vinci e os romances proféticos de Verne pode eventualmente acontecer com as viagens no tempo.
Poucos conceitos da física teórica são tão fascinantes quanto a possibilidade de visitar o futuro ou retornar a algum momento do passado. Foi isso que fizeram o protagonista de A Máquina do Tempo (1895) e o personagem de Michael J. Fox na trilogia De Volta para o Futuro.
Poucos conceitos da física teórica são tão fascinantes quanto a possibilidade de visitar o futuro ou retornar a algum momento do passado. Foi isso que fizeram o protagonista de A Máquina do Tempo (1895) e o personagem de Michael J. Fox na trilogia De Volta para o Futuro.
Avançar no tempo é uma possibilidade não só admitida pela física moderna como testada experimentalmente com múons (clique aqui para mais detalhes). E o mesmo efeito foi observado em humanos: o astronauta russo Sergei Avdeyev passou quase dois anos a bordo da estação espacial Mir, a uma velocidade média de 27.000 km/h, e experimentou uma dilatação temporal de 0,02 segundos (em relação aos relógios terrestres).
Já para avançar, digamos, um século no tempo, seria preciso alcançar uma velocidade próxima à da luz (representada pela letra 'c' e equivalente a 1,08 bilhão km/h), o que é impossível à luz (sem trocadilho) da relatividade e de implicações energéticas e relativísticas envolvidas no processo. Mas os cientistas seguem tentando encontrar uma maneira de fazê-lo sem violar os princípios fundamentais da física moderna.
Quem viver verá.
Continua...