Desde tempos imemoriais que o homem almeja voar como os pássaros. Ícaro voou usando um par de asas de cera, mas se aproximou demais do sol, suas asas derreteram e ele caiu no mar e se afogou.
Leonardo da Vinci concebeu seu parafuso aéreo no século XVI, quase 500 anos antes de o que conhecemos hoje por helicóptero voar pela primeira vez.
Julio Verne escreveu Da Terra à Lua 104 anos antes da alunissagem da Apollo 11 — errando por algumas milhas o local do lançamento do Saturno V — e publicou Vinte Mil Léguas Submarinas um século antes da construção do primeiro submarino nuclear.
Em 1905, o brasileiro Santos Dumont e os americanos Wilbur e Orville Wright provaram ser possível voar em geringonças mais pesadas que o ar. Menos de um século depois, o saudoso Concorde voava de Londres a Nova York em cerca de 3 horas (até ser aposentado em 2003, por questões de segurança)
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Diante da tempestade perfeita que se formou nas pesquisas de opinião, Lula deveria abrir o guarda-chuva, mas a dança de cadeiras executada em Brasília indica que a reforma ministerial pode se tornar tão útil quanto um guarda-chuva sem pano.
Maus presságios e intempéries continuam tendo livre acesso ao governo. No penúltimo movimento, o Sun Tzu de Atibaia transformou Gleisi Hoffmann em ministra palaciana. É como colocar um ápode num anúncio de calçados. Útil na presidência do PT, a valentia de Gleisi terá pouca serventia no Planalto.
Não existe palácio sem intriga, mas Lula exagera. Sitiou Haddad, que já era torpedeado por Rui Costa, e subordinou seus planos ao filtro marqueteiro de Sidônio Palmeira. Com a chegada de Gleisi, que já batizou de "austericídio fiscal" a política da Fazenda, o placar contra o ainda ministro da Fazenda no Planalto passa a ser de três a zero.
Depois que a impopularidade encurtou o horizonte do governo, restaram a Lula ser otimista ou inteligente. Otimismo é sempre bom, mas otimismo perpétuo denota falta de inteligência. Lula reduziu a reforma do meio de mandato a um acerto de contas do PT. O eleitor cobra mudanças, ele oferece naftalina e comanda a dança das cadeiras do mundo da Lua, onde não há pesquisas de opinião.
A corrida espacial dos tempos da Guerra Fria terminou em 1969, mas a exploração do cosmos continua a todo vapor. Lançadas em 1977 para explorar Júpiter e Saturno, as sondas Voyager 1 e 2 seguiram adiante e já alcançaram o espaço interestelar. Robôs como o Perseverance buscam sinais de vida antiga em Marte. A missão James Webb capturou imagens de galáxias formadas há mais de 13 bilhões de anos, e a Artemis visa estabelecer uma base sustentável na Lua para futuras viagens tripuladas ao planeta vermelho.
Na astrofísica, muito do que valia ontem pode não valer hoje, e o que vale hoje pode não valer amanhã ou depois. A fusão nuclear era considerada uma reação exclusiva do Sol até a detonação da primeira bomba de hidrogênio liberar energia equivalente a 10 milhões de toneladas de TNT. A barreira do som, tida como intransponível, foi quebrada em 1947 por um piloto de caça norte-americano.
Como bem disse Einstein, "o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário". A História demonstra que a ficção científica de ontem é a ciência de hoje, e a ficção de hoje, a ciência de amanhã. Segundo Aristóteles, a arte imita a vida; para Oscar Wilde, a vida é que imita a arte. Diante disso, o que se deu com o parafuso de Da Vinci e os romances proféticos de Verne pode acontecer com as viagens no tempo.
Poucos conceitos da física teórica são tão fascinantes quanto a possibilidade de visitar o futuro ou retornar a algum momento do passado. Foi isso que fizeram o protagonista de A Máquina do Tempo (1895) e o personagem de Michael J. Fox na trilogia De Volta para o Futuro. Avançar no tempo é uma possibilidade não só admitida pela física moderna como testada experimentalmente com múons (clique aqui para mais detalhes). O mesmo efeito foi observado em humanos: o astronauta russo Sergei Avdeyev passou quase dois anos a bordo da estação espacial Mir, a uma velocidade média de 27.000 km/h, e experimentou uma dilatação do tempo de 0,02 segundos em relação aos relógios terrestres.
Para avançar um século no tempo seria preciso alcançar uma velocidade próxima à da luz — representada pela letra 'c' e equivalente a 1,08 bilhão de km/h —, o que é impossível à luz (sem trocadilho) da relatividade e de implicações energéticas e relativísticas envolvidas no processo. Mesmo assim, os cientistas seguem tentando encontrar uma maneira de fazê-lo sem violar os princípios fundamentais da física moderna.
Continua...
