quinta-feira, 6 de março de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 7ª PARTE

A GRANDE IRONIA DA VIDA É QUE, ÀS VEZES, ATÉ OS TOLOS TÊM RAZÃO.


Desde tempos imemoriais que o homem almeja voar como os pássaros. Ícaro voou usando um par de asas de cera, mas se aproximou demais do Sol, as asas derreteram e ele caiu no mar e se afogou. 


Leonardo da Vinci concebeu seu "parafuso aéreo" no século XVI, quase 500 anos antes de o que conhecemos hoje por helicóptero voar pela primeira vez. 

Julio Verne escreveu "Da Terra à Lua" 104 anos antes da alunissagem da Apollo 11 — errando por algumas milhas o local do lançamento do Saturno V — e Vinte Mil Léguas Submarinas um século antes da construção do primeiro submarino nuclear. 

Em 1905, o brasileiro Alberto Santos Dumont e os americanos Wilbur e Orville Wright provaram ser possível voar em geringonças mais pesadas que o ar; menos de um século depois, o saudoso Concorde voava de Londres a Nova York em cerca de 3 horas.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Diante da tempestade perfeita que se formou nas pesquisas de opinião, Lula deveria abrir o guarda-chuva, mas a dança de cadeiras executada em Brasília indica que a reforma ministerial pode se tornar tão útil quanto um guarda-chuva sem pano. 
Maus presságios e intempéries continuam tendo livre acesso ao governo. No penúltimo movimento, o Sun Tzu de Atibaia transformou Gleisi Hoffmann em ministra palaciana. É como colocar um ápode num anúncio de calçados. Útil na presidência do PT, a valentia de Gleisi terá pouca serventia no Planalto. 
Não existe palácio sem intriga, mas Lula exagera. Sitiou Haddad, que já era torpedeado por Rui Costa, e subordinou seus planos ao filtro marqueteiro de Sidônio Palmeira. Com a chegada de Gleisi, que já batizou de "austericídio fiscal" a política da Fazenda, o placar contra o ainda ministro da Fazenda no Planalto passa a ser de três a zero. 
Depois que a impopularidade encurtou o horizonte do governo, restaram a Lula ser otimista ou inteligente. Otimismo é sempre bom, mas otimismo perpétuo denota falta de inteligência. Lula reduziu a reforma do meio de mandato a um acerto de contas do PT. O eleitor cobra mudanças, ele oferece naftalina e comanda a dança das cadeiras do mundo da Lua, onde não há pesquisas de opinião.

A corrida espacial dos tempos da Guerra Fria terminou em 1969, mas a exploração do cosmos segue a todo vapor. Lançadas em 1977 para explorar Júpiter e Saturno, as sondas Voyager 1 e 2 seguiram viagem e já alcançaram o espaço interestelar; robôs como o Perseverance buscam sinais de vida antiga em Marte; missões como a James Webb capturam imagens de galáxias formadas há mais de 13 bilhões de anos; missões como a Artemis visam estabelecer uma base sustentável na Lua para futuras viagens tripuladas ao planeta vermelho.

 

Na astrofísica, muito do que valia ontem pode não valer hoje, e o que vale hoje pode não valer amanhã ou depois. A fusão nuclear era considerada uma reação exclusiva do Sol até que a detonação da primeira bomba de hidrogênio liberasse energia equivalente a 10 milhões de toneladas de TNT, e a barreira do som, supostamente intransponível, foi quebrada em 1947 por um piloto de caça norte-americano. Como bem disse Einstein, "o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário".
 
A História demonstra que a ficção científica de ontem é a ciência de hoje, e a ficção de hoje, a ciência de amanhã. Aristóteles disse que "a arte imita a vida" e Oscar Wilde, que "a vida imita a arte". Dito isso, o que aconteceu com o "parafuso" de Da Vinci e os romances proféticos de Verne pode eventualmente acontecer com as viagens no tempo. 
 
Poucos conceitos da física teórica são tão fascinantes quanto a possibilidade de visitar o futuro ou retornar a algum momento do passado. Foi isso que fizeram o protagonista de A Máquina do Tempo (1895) e o personagem de Michael J. Fox na trilogia De Volta para o Futuro

Avançar no tempo é uma possibilidade não só admitida pela física moderna como testada experimentalmente com múons (clique aqui para mais detalhes). E o mesmo efeito foi observado em humanos: o astronauta russo Sergei Avdeyev passou quase dois anos a bordo da estação espacial Mir, a uma velocidade média de 27.000 km/h, e experimentou uma dilatação temporal de 0,02 segundos (em relação aos relógios terrestres). 

Já para avançar, digamos, um século no tempo, seria preciso alcançar uma velocidade próxima à da luz (representada pela letra 'c' e equivalente a 1,08 bilhão km/h), o que é impossível à luz (sem trocadilho) da relatividade e de implicações energéticas e relativísticas envolvidas no processo. Mas os cientistas seguem tentando encontrar uma maneira de fazê-lo sem violar os princípios fundamentais da física moderna. 

Quem viver verá.

Continua...