Lançado como serviço em julho de 2015, o Windows 10 seria a "versão definitiva" — já que o Patch Tuesday e as atualizações semestrais a manteriam up-to-date.
Em outubro de 2021, a Microsoft lançou oficialmente que o sucessor da "versão definitiva" e anunciou que esta deixaria de ser suportada em 14 de outubro de 2025 (ou seja, hoje).
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Em julho, Donald Trump alegou que Bolsonaro recebia um "terrível tratamento" das mãos de um Judiciário "injusto"; Em setembro, quando anunciou na ONU a "boa química" com Lula, a novidade foi a condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Como ele próprio gosta de apregoar, o inquilino da Casa Branca tem horror a perdedores. Condenado, Bolsonaro perdeu a liberdade e passou a integrar a categoria pela qual seu ídolo nutre ojeriza.
Não surpreende que, no encontro arquitetado para parecer casual e na conversa ao telefone entre Lula e Trump, a preocupação com Bolsonaro tenha sumido e nenhuma referência tenha sido feita ao dito injustiçado. Eduardo Bolsonaro, dublê de traidor da pátria e estrategista do pai, considerou a alegada afinidade de Trump como coisa "de gênio" para atrair Lula a uma arapuca de humilhação, além de chamar de "golaço" a decisão de nomear o secretário de Estado, Marco Rubio, para conduzir os preparativos de um encontro pessoal entre os mandatários de Brasil e EUA.
Nessa concepção, o feitio extremista de Rubio se encaixaria perfeitamente na construção da armadilha. Ocorre que o equivalente americano ao nosso chanceler é, antes de tudo, radicalmente obediente ao chefe, como se viu no convite a Mauro Vieira para conversar nos EUA.
Se Trump decidir que a aproximação é para valer, assim será, queira Eduardo ou não. Se o plano for o da cilada, também será. A pergunta que se coloca é: qual o ganho que Trump teria com a esparrela, se já ficou claro o resultado das escaramuças engendradas na mente atribulada do filho do pai?
Por mais por fora da cena política daqui que esteja a equipe trumpista, não há miopia ideológica que turve a visão de evidência tão reluzente. A calopsita alaranjada é desatinada, mas no setor de disparates também há brasileiros que não ficam nada a dever.
Com o fim do suporte, 646 milhões dos 1,4 bilhão de PCs em todo o planeta ficarão mais vulneráveis a ataques que exploram falhas de segurança — um exemplo marcante foi o ransomware WannaCry, que infectou mais de 200 mil máquinas em 150 países e exigia um “resgate” de US$ 300 para liberar os arquivos "sequestrados”. Além disso, aplicativos, navegadores e jogos mais recentes deixarão de rodar na versão desatualizada, novos componentes de hardware não serão reconhecidos, e a falta de atualizações de segurança comprometerá a eficácia até dos melhores antivírus. O Microsoft 365 deve continuar funcionando até 10 de outubro de 2028, mas sem um sistema atualizado a ocorrência de falhas e instabilidades tende a ser maior.
A empresa justifica que o Windows 11 exige TPM 2.0, o que deixa centenas de milhões de PCs de fora, e recomenda aos usuários que reciclem seus computadores antigos e comprem novos com a nova versão da sistema já instalada. Sobre a possibilidade centenas de milhões de computadores virarem 2 milhões de toneladas de lixo eletrônico, ela fechou um acordo com uma empresa para coletar e reciclar os equipamentos, mas ele só vale nos EUA.
Na Europa, uma coalizão de 22 associações apresentou uma petição pedindo atualizações gratuitas até 2030, beneficiando países como Portugal, França, Espanha, Alemanha, Dinamarca e Noruega. Nos demais, ou o usuário paga US$ 30 pelas “Atualizações de Segurança Estendidas”, ou migra para plataformas alternativas, como o Linux, já que nada indica que Microsoft não tencione abrandar as exigências para permitir que mais pessoas migrem para o Windows 11.
Muitas pessoas até tentaram burlar as restrições com ferramentas como Rufus , Flyby11 e Tiny11, mas acabaram reinstalando o Windows 10 — que, sejamos francos, continua sendo mais rápido e confiável. Nas máquinas com disco rígido convencional, então, o Windows 11 é uma carroça — meu Dell Inspiron i7 só voltou a ser “usável” depois que troquei o HDD original por um SSD NVMe — que é quase sete vezes mais rápido que um SSD Sata III (que já é dez vezes mais rápido que um HDD eletromecânico).
A estratégia não é novidade: a Microsoft já usou táticas semelhantes para promover outras de suas ferramentas e serviços, como o navegador Edge e o assistente de inteligência artificial Copilot. Outro ponto de insatisfação entre os usuários é que as notificações em tela cheia — que não podem ser desativadas — que surgem mesmo quando o usuário já recusou dicas e sugestões nas configurações do sistema.
Resumo da ópera: a Microsoft até oferece meios de prolongar a vida útil do Windows 10, mas, na prática, quer mesmo é forçar os usuários a comprarem máquinas novas com hardware compatível.