quinta-feira, 27 de novembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 56ª PARTE

TANTO VA LA GATTA AL LARDO CHE CI LASCIA LO ZAMPINO.

Andrew Carlssin realizou mais de 100 operações de alto risco e lucrou quase US$ 350 milhões em apenas duas semanas. Acusado de usar informações privilegiadas, confessou ao FBI que sabia de antemão como o mercado se comportaria porque viera do ano de 2256, e se prontificou a revelar eventos futuros em troca da permissão de voltar para casa, na "nave temporal" que escondera para "evitar que a tecnologia caísse em mãos erradas".

Segundo os sites que relatam o caso, os agentes não encontraram registros de alguém chamado Andrew Carlssin antes de dezembro de 2002, quando foi feita a denúncia. Em fevereiro de 2003, a história desencadeou uma onda de especulações que até hoje alimenta teorias da conspiração.

 

Rastreando-se as menções até sua origem, descobriu-se que quem deu o "furo" foi o tabloide sensacionalista Weekly World News (com a ressalva de que a maioria dos casos relatados era fictícios). Algumas versões da notícia foram ilustradas com um flagrante da prisão, mas a foto era de um ex-gerente de fundos do banco Bear Stearns e não havia registros verificáveis de prisões relacionadas a esse caso específico nem registros da Securities and Exchange Commission (SEC) sobre operações fraudulentas com essas características.

 

Ainda que a economia norte-americana estivesse fortemente afetada pela Guerra do Iraque em 2003, alguém que investisse US$ 800 e lograsse êxito em 126 transações dificilmente obteria US$ 350 milhões em 14 dias. Ademais, se Carlssin revelou o paradeiro de Bin Laden, por que o fundador da Al-Qaeda só foi encontrado oito anos depois? E por que a cura da AIDS não foi descoberta até hoje?


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


O Centrão topou com duas das coisas que mais temia: um Bolsonaro destrambelhado e uma Polícia Federal autônoma.

Se tudo desse certo, Tarcísio de Freitas compraria o apoio de Bolsonaro com a apólice do indulto e o grupo trocaria a redução da dosimetria das penas pela PEC da Blindagem. Mas deu errado e, sem blindagem, gente como Ciro Nogueira e Antonio Rueda, barões da coligação União-PP, e os governadores Cláudio Castro e Ibaneis Rocha, são intimados pelos fatos a explicar os rombos do Master no instituto de Previdência do Rio e no banco de Brasília.

Na manhã de sábado, Tarcísio de Freitas correu às redes sociais para engrossar o coro de governadores e líderes de direita contra o despacho que trancou Bolsonaro na PF, mas calou-se depois que vieram à tona o vídeo com a tornozeleira derretida e as versos de que Bolsonaro esbarrou a tornozeleira numa escada, meteu ferro de solda na peça por curiosidade e que “teve um surto paranoico”.

O medo da irrelevância estimula Bolsonaro a protelar a transferência do que restou do seu legado e manter a ameaça de lançar a candidatura do primogênito Flávio ao Planalto. Com isso, o sonho de Tarcísio apodrece antes de ficar maduro, e a proposta de redução das penas, já descartada antes da prisão do condenado, derreteu junto com a solda usada por ele para violar a tornozeleira na madrugada de sábado. 

Os governadores Tarcísio, Caiado, Zema, Castro e Leite organizavam para a noite de segunda-feira um jantar em São Paulo, que, segundo Flávio Bolsonaro seria um “encontro de canalhas”.

 

Outro caso estranho aconteceu em junho de 1950. Consta que um homem surgiu misteriosamente na região de Manhattan (epicentro de NYC) e vagou desorientado pela Times Square. Quando foi abordado por um capitão da polícia, ele tentou fugir, foi atropelado por um táxi e teve morte instantânea. O policial imaginou tratar-se de um bêbado, mas a calça xadrez, o tecido do casaco, as fivelas de metal dos sapatos e o chapéu da vítima eram típicos da era vitoriana.

 

A hipótese de que o sujeito teria saído de uma festa à fantasia foi descartada quando o capitão encontrou com ele US$ 70 em notas e moedas aparentemente novas, mas impressas e cunhadas antes de 1876. Havia ainda uma espécie de recibo emitido por um estábulo — onde ele supostamente deixara seu cavalo — e uma carta enviada da Filadélfia para uma empresa na 5ª Avenida — cujo endereço não existia. Mas não foram encontradas impressões digitais, certidão de nascimento ou relatório de pessoa desaparecida com as características da vítima.

 

Buscando pelo nome que constava nos cartões de visita do falecido, o policial descobriu que um certo Rudolph Fentz Jr. havia morrido cinco anos antes. Em contato com a viúva, soube que o sogro dela, Rudolph Fentz, desaparecera misteriosamente no final dos anos 1800. Pesquisando na base de dados da polícia, encontrou o registro do desaparecimento de alguém com o mesmo nome, datado de 1876, e observou que a foto correspondia à aparência da vítima. No entanto, dadas as singularidades do caso, ele só mencionou suas descobertas depois que se aposentou.

 

Uma investigação conduzida em 2002 pelo ufólogo Chris Aubeck concluiu que não havia provas consistentes de que o episódio realmente acontecera, mas tampouco descartou a possibilidade. Há quem diga que a história foi criada pelo escritor Jack Finney, autor de uma antologia de ficção científica chamada About Time. O conto final, intitulado I'm Scared, retrata a história de Fentz desde seu surgimento em Nova York até o final das investigações, e a foto que pipocou durante anos em debates virtuais sobre o assunto era de um modelo fotográfico chamado Henz.

 

Casos como os de Carlssin e Fentz continuam circulando pela Internet e povoando o imaginário coletivo, ora como evidências ocultas de algo que não compreendemos, ora como boas histórias de ficção embaladas como notícia. Mas a possibilidade de haver uma centelha de verdade nessas narrativas nos convida a seguir adiante, mesmo quando o caminho passa por arquivos de jornais sensacionalistas, registros policiais duvidosos e relatos que soam mais como roteiro de filme B do que como documento histórico.

 

Continua...