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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

DELTAN DALLAGNOL ― MUITO ALÉM DO POWER POINT




O procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol ganhou notoriedade ao exibir para a imprensa, em setembro de 2016, uma apresentação em PowerPoint que colocava Lula no centro ― e no comando ― do esquema de corrupção da Petrobras. O slideshow viralizou na Internet, e a despeito de muita gente criticar as premissas usadas pelo procurador para respaldar suas considerações, o molusco eneadáctilo já réu em 7 processos, está prestes a conhecer sua segunda sentença e a ter a primeira condenação confirmada pelo TRF-4 pelo menos é o que se espera, já que até o passado é imprevisível nesta Banânia.

Enquanto o pulha vermelho viaja Brasil afora (ou seria adentro?) em caravana pré-candidatura, cuja finalidade precípua é ludibriar os desinformados e desvalidos com a estapafúrdia promessa de requentar sua primeira gestão num contexto totalmente diverso, como se sua divina vontade bastasse para fazer o tempo voltar a 2003 (vade retro, Mensalão!) e anular toda a desgraceira gerada pela incompetência de Dilma Anta Rousseff ―, o procurador Dallagnol publica “A LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO” (Sextante, 2017, 320 páginas, R$40 ― mas você paga apenas R$ 23,90 na Saraiva.com, tanto pela edição em papel quanto digital).   

Para Dallagnol, o Brasil vive uma “cleptocracia”, seu sistema político favorece e produz práticas criminosas, e a Câmara dos Deputados “ultrapassou a linha e perdeu a vergonha” ao desfigurar, em votação, as dez medidas contra corrupção propostas pelo Ministério Público Federal ― ele revela, inclusive, que cogitou deixar a investigação quando as dez medidas foram derrotadas.

Narrado em primeira pessoa e de forma cronológica, do início da carreira de Dallagnol como procurador aos momentos mais recentes da Lava-Jato, o texto soa repetitivo a quem já conhece a operação, pelo excesso de dados, números e casos que enumera, mas a paixão do procurador pelo seu trabalho e pela operação que coordena justifica a leitura. Até porque, como bem salienta Helio Gurovitz, diretor de redação da revista Época, a rejeição da segunda denúncia contra Michel Temer e a suspensão do afastamento de Aécio Neves trouxeram de volta aquela velha sensação de que o combate à corrupção é inútil, pois sempre haverá um atalho legal, um drible jurídico ou uma manobra política capaz de salvar a pele dos mesmos suspeitos de sempre.

Continuamos amanhã, pessoal. Até lá.

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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

VOTAÇÃO DA SEGUNDA DENÚNCIA - SE NÃO CAIR, TEMER SERÁ UM PATO MANCO


Finalmente o “grande dia”. Pelo menos para imprensa, que só fala no julgamento da segunda denúncia contra Temer ― e agora também contra dois de seus comparsas ―, como se isso fosse a coisa mais importante deste mundo, como se já não soubéssemos de antemão o resultado ― resta apenas saber o placar, que os jornais tentam adivinhar, enquanto o povo não está nem aí, já que precisa tocar a vida e quer mais é que que esse espetáculo degradante acabe logo; afinal, qualquer número será uma derrota para o país.

A possibilidade de a Câmara decidir contra Temer existe, mas é muito remota. O que não existe é vantagem real na troca de Michel por Rodrigo, na convocação de eleições a toque de caixa e na escolha de um novo atravessador de pinguela por um Congresso apinhado de investigados, denunciados e até réus na Justiça penal ― uma caterva que só continua solta e em pleno exercício do mandato parlamentar graças ao foro privilegiado e à morosidade na tramitação dos processos no STF.

Na denúncia anterior, que a CCJ da Câmara recomendou barrar por 41 votos a 24, o Planalto conseguiu 263 votos no plenário ― precisava de apenas 171 votos ―, e a oposição, que precisava de 342 votos, conseguiu apenas 227. Agora, o resultado na CCJ foi um pouco pior para o governo (39 a 26), e ainda que tropa de choque de Temer garanta que igualará ou superará a marca anterior, a expectativa nos bastidores é de 20 votos a menos ― o que ainda dá e sobra para salvar o rabo fedido de sua insolência e de Eliseu Quadrilha e Moreira (Angorá) Franco. Aliás, decidir a situação dos três numa única votação favorece os governistas: como o presidente e seus comparsas estão no mesmo barco, todos vêm se empenhando em ajudar na busca de apoio entre os proxenetas do parlamento. Essa decisão foi questionada pela oposição via mandado de segurança impetrado no STF, mas o ministro Marco Aurélio Mello, que foi sorteado relator, negou provimento ao recurso (não li a fundamentação da decisão e, portanto, não vou comentá-la).

Adicionalmente, integrantes da oposição vão tentar forçar o adiamento da votação para a próxima semana ― e assim sucessivamente. A ideia, capitaneada pelo deputado pernambucano Sílvio Costa, do Avante, é formar piquetes nas três entradas principais do plenário e convencer os 227 deputados que votaram contra Temer da primeira vez a não registrar presença, de modo a dificultar a formação do quórum mínimo de 342 parlamentares. É mole?

Aos trancos e barrancos, o Planalto dá como certo o sepultamento da denúncia, mas quer garantir o mesmo número de votos obtidos em agosto, pois uma diferença para menos sinalizaria falta de apoio e fragilizaria ainda mais um presidente tão impopular para os brasileiros quanto Nero para os antigos os romanos. Aliás, a julgar pelas pesquisas de opinião pública, a popularidade de Lula está prestes a ultrapassar os 100%, enquanto a de Temer, se nada reverter sua queda-livre, deve ficar abaixo de 0% ― caso os institutos de pesquisa consigam provar que isso é matematicamente aceitável. Seja como for, ainda que os indicadores econômicos venham reagindo bem à crise política ― ou ignorando solenemente o espetáculo midiático promovido por comunicadores, cientistas políticos e formadores de opinião em geral ―, a última segunda-feira registrou queda na Bolsa e aumento na cotação do dólar, o que não é um bom sinal.

Observação: O dólar comercial registrou sua maior alta em relação ao real desde a denúncia da JBS, saltando 1,31% e fechando a R$ 3,232 ― cotação mais elevada desde 11 de julho. E a “cutela” do mercado também foi percebido no índice Ibovespa, referência da Bolsa, que recuou 1,27%, aos 75.413 pontos.

Temer está confiante, mas, pelo sim, pelo não, continua distribuindo dinheiro e agrados a rodo, visando garantir o apoio das marafonas da Câmara ― já se foram R$ 12 bilhões, sem falar em cargos e benesses distribuídos à larga. Segundo O GLOBO, só em emendas parlamentares foram gastos R$ 881 milhões ― emendas individuais de deputados devem ser pagas, naturalmente, mas o cronograma é o governo quem estabelece, conforme suas conveniências políticas. Houve também uma frustração de receita de R$ 2,4 bi com o novo Refis, de R$ 6 bi a desistência de privatizar o aeroporto de Congonhas no ano que vem, e de mais R$ 2,8 bi com a anistia de 60% das multas ambientais, prevista no decreto editado na última segunda-feira. O Planalto tentou dourar a pílula e vender a história como algo positivo, quando na verdade não passa de um afago para bancada ruralista, que contam com 200 parlamentares e, sozinha, pode garantir a vitória de Temer na votação.

Observação: Nem vou mencionar o recuo do presidente na questão do trabalho escravo, até porque uma portaria não se sobrepõe à legislação vigente, e a ministra Rosa Weber, do STF, já concedeu uma liminar contra a medida governamental (resta saber como decidirão seus pares; afinal, de uns tempos a esta parte a credibilidade do Supremo não anda lá essas coisas).

Enquanto isso, a população assiste apática a esse espetáculo circense de quinta classe, que será transmitido em tempo real pela imprensa falada e televisiva e estará disponível na Internet para ser revisto a qualquer tempo, ainda que o cidadão comum esteja mais preocupado com o próprio emprego, com suas contas, enfim, com sua própria sobrevivência.

Fato é que, mesmo superando a segunda denúncia, Michel Temer será um pato manco. Em conversas com aliados no último fim de semana, ele disse que vai defender uma pauta de medidas prioritárias e deixou claro que não desistiu da reforma da Previdência, mas dificilmente conseguirá aprovar alguma coisa.

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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O FARSANTE CANDIDATO


Nova pesquisa do Datafolha dá conta de que a popularidade de Lula aumentou, a despeito de o petralha vir colecionando processos (já é réu em 7, foi sentenciado a 9 anos e 6 meses de prisão em um deles e é alvo de outros tantos inquéritos, que certamente resultarão em mais processos). 

Não sei se, ou até que ponto, essas pesquisas são confiáveis, notadamente a um ano das eleições. Aliás, no ano passado, quando todos os institutos davam como certa a presença de Haddad no segundo turno das eleições municipais paulistanas, João Dória ganhou de lavada logo no primeiro ― e agora desponta como virtual candidato à presidência da Banânia, mas isso já é outra história.

Treino é treino, jogo é jogo. Lula tem seu eleitorado cativo e sua militância caninamente fiel. Se ele for flagrado de braço dado com o próprio Demo, essa gente dirá que duas divindades se uniram pelo bem do Brasil, dos pobres, dos desvalidos e da ponte que os partiu.

Lula deixou o Planalto com a popularidade nas estrelas ― tanto assim que conseguiu eleger um poste para sucedê-lo, e o resultado é o que hoje se sabe. Mas ele ainda é lembrado pelos menos esclarecidos como "um bom presidente", até porque seus malfeitos foram descobertos depois que ele deixou o Planalto. Na cabecinha pequena dos humildes e manipuláveis, isso faz muita diferença.

Não se sabe se o sacripanta disputará as próximas eleições e nem se chegará ao segundo turno caso venha a concorrer. Se a condenação imposta pelo juiz Moro for mantida pelo TRF-4 ― o que deve acontecer no primeiro semestre de 2018 ― a Lei da Ficha-Limpa sepultará suas pretensões políticas (a menos que férias compulsórias no Complexo Médico-Penal de Pinhais, em Curitiba, ou no Presídio da Papuda, no DF, contem como projeto político).

Dentre os quase 3.000 pesquisados pelo Datafolha, muitos dos que declararam sua preferência ao petista responderam, na pergunta seguinte, que não votariam em candidatos envolvidos com corrupção. Outros nomes bastante suscitados foram os de Sérgio Moro e do ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa, embora nem um nem outro sejam candidatos a coisa alguma.

Nos bastidores, o PT já vem considerando uma candidatura alternativa (os mais prováveis substitutos de Lula são Fernando Haddad e Jaques Wagner). No entanto, nem mesmo o testemunho de Palocci ― que dá uma boa ideia do que será sua delação ― ou sua carta à presidência do PT levam a militância a rever seus conceitos.
A missiva de adeus, endereçada a Gleisi Hoffman ― a quem Palocci trata por “senhora presidente”, negando-lhe o ridículo tratamento que era obrigado a usar durante o tempo em que foi ministro da anta vermelha ―, torna irreversível seu acordo de delação e, ao pedir sua desfiliação, evita a humilhação de ser expulso da legenda que ajudou a criar.

No texto, o ex-ministro salienta o fato de o PT celebrar delinquentes juramentados, condenar quem admite o próprio envolvimento em patifarias devassadas pela Lava-Jato e atirar ao fogo quem ousa dizer a verdade sobre o partido, que compara a uma seita liderada por liderada por uma pretensa divindade que culpa a finada esposa pelas obscenidades que protagonizou e já não sabe quantos dias tem novembro ou quando agosto termina.

Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do homem mais honesto do país? ― pergunta o autor da “Carta ao Povo Brasileiro”, que ajudou Lula a se eleger em 2002. Somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade? ― questiona Palocci, cujas novas flechadas (leia-se sua delação) ajudarão a colocar na prisão o farsante que, sem emprego regular desde 1978, virou dono de imobiliária clandestina e um dos maiores falsificadores de escrituras desde o primeiro caso de estelionato registrado no Brasil.

Observação: Segundo O Sensacionalista, os que veem fraude nos recibos de aluguel apresentados pela defesa de Lula, por terem sido datados de 31 de junho e 31 de novembro, esquecem-se de que, no governo do PT, as coisas melhoraram a tal ponto que tudo ficou maior, inclusive os meses do ano. Posteriormente, os golpistas desviaram os dias 31 desses meses num complô com fabricantes de calendários americanos, mas a defesa do ex-presidente já convocou o perito Molina para atestar a veracidade dos documentos ― o laudo deve ser concluído até 30 de fevereiro.   

É curioso o modo como funciona a cabeça do eleitorado tupiniquim. Veja o leitor que Bolsonaro se destacou na pesquisa ― aprofundando ainda mais o cenário de terror, já agravado, semanas atrás, pelo pronunciamento estapafúrdio do tal general Mourão, que defendeu abertamente uma intervenção militar no caso de o Judiciário não conseguir expurgar os corruptos do cenário político tupiniquim. Mourão não foi uma voz isolada nem sua fala se deu de forma casual: antes de discursar numa loja maçônica em Brasília, o demiurgo militar havia participado de um encontro do Alto Comando do Exército, que contou com a presença de 16 generais de 4 estrelas, o que torna suas palavras públicas e configura uma violação ao Regulamento Disciplinar do Exército. 

Estranhamente, não houve qualquer punição ao general boquirroto ― o que denota que o governo Temer não tem autoridade moral sequer para passar um pito nos militares. Aliás, desde que assumiu o poder, o peemedebista evita se indispor com as Forças Armadas, como comprova a exclusão dos milicos da reforma da Previdência e do congelamento de salários imposto ao funcionalismo federal. 

Em tese, a situação de Michel Temer ― cujo governo nada mais é do que um terceiro tempo das gestões lulopetistas, já que o peemedebista nunca teria chegado lá se fosse vice de Dilma, e jamais teria sido aceito na chapa sem o beneplácito de Lula ― é uma preocupação mais imediata, pois seu presente define o nosso futuro. Não que haja grandes possibilidades de o presidente ser derrotado na Câmara ― conforme já discutimos noutras postagens ―, ainda que salte aos olhos seu envolvimento em todos os ilícitos denunciados pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot

Enfim, só falta agora o povo sair às ruas em massa para apoiar a intervenção militar ― até porque, convenhamos, a fala de Mourão faz sentido, ou alguém discorda de que, no Brasil, os políticos loteiam tudo quando estão no governo, visando fabricar dinheiro para se locupletarem e bancar suas candidaturas milionárias? Parafraseando o jornalista J.R Guzzo, "o comandante do Exército deu o caso por encerrado, mas isso não faz com que os militares pensem o contrário do que estão pensando ― e o mundo político nunca se esforçou tanto para convencê-los de que estão certos". 

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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

LULA E O “NÓS X ELES”


A dicotomia na política não foi criada por Lula, mas se disseminou graças a ele e a seu espúrio partido. Hoje inimigos figadais, coxinhas e mortadelas se digladiam no campo de batalha das redes sociais. Só que nada têm a comemorar: quando um lado festeja as desventuras do outro, logo é desautorizado pelo avanço das investigações e contrariado pela inevitável inversão no viés dos fatos.

Essa conversa mole de Lula ser inocente, perseguido, injustiçado e, pior, postulante à presidência da Banânia revolta até estômago de avestruz. Mas a postura fleumática de Temer ― que não é réu e nem foi condenado, mas já foi denunciado duas vezes no exercício do cargo ― não lhe fica atrás. Todavia, defender a anulação do impeachment e a volta de Dilma é tão absurdo quanto saudar a mandioca, reverenciar o ET de Varginha ou acreditar que o comandante máximo da ORCRIM é o pai do povo, o salvador da pátria, o portador da luz e dono absoluto da verdade. Aliás, é patético o último bordão criado pela alma viva mais honesta da galáxia, que agora diz preferir a morte a contar uma mentira ao povo brasileiro.

Há quem diga que o crápula vermelho deveria concorrer, pois somente sua derrota acachapante nas urnas exorcizaria o mito de grande estadista vítima da conspiração das “zelites”, da Globo, da Justiça e da ponte que o partiu. A questão é que isso exigiria o sobrestamento de todas as acusações contra ele. Mesmo numa republiqueta de bananas, a Lei determina que bandido seja julgado pela Justiça, não pelas urnas.

Lula sempre foi mestre em iludir os menos informados, mas seu carisma minguou. Na recente caravana pelo Nordeste ― onde a pobreza é mais acentuada e o eleitorado, mais facilmente manipulado, o petista voltou a ser o que era antes de 2002: um candidato de piso alto e teto baixo (o piso alto lhe daria um lugar no segundo turno; o teto baixo lhe retiraria chances de vitória).
Demais disso, não devemos confundir o Brasil dos nossos dias com o de 2002. Naquela época, o petralha contava com marqueteiros de primeiro time para criar a imagem do “Lulinha Paz e Amor”; hoje, faz mais o gênero jararaca. E tanto Duda Mendonça quanto João Santana já não estão disponíveis para auxiliá-lo.

Em 2002, José Alencar ajudou a dispersar o receio de um governo norteado pelas ideias radicais e inconsequentes do PT, e a Carta ao Povo Brasileiro ― idealizada, vejam só, por Antonio Palocci, que agora corre o risco de ser expulso do partido por ter entregado o chefe ― sugeria que o sindicalista, se eleito fosse, manteria compromissos internacionais, contratos e metas de superávit primário. Isso foi decisivo para a conquista do apoio de parte do empresariado, obtenção de financiamento de campanha, e conquista de votos de parte da classe média (inclusive nas regiões Sudeste e Sul) resolveu dar uma chance ao “candidato do povo” ― que hoje figura como o mais rejeitado da lista de pretensos presidenciáveis.

Em 2005, quando o Mensalão veio a público, Lula abandonou os feridos no campo de batalha e conseguiu convencer a militância de que a bandalheira fora necessária, que o PT não era corrupto ― os outros é que eram ―, e que ele precisava de apoio para governar e implementar seus programas sociais. Uma falácia que dificilmente colaria nestes tempos de Lava-Jato, com o sacripanta colecionando processos e batendo na mesma tecla da perseguição política.
Mas não são só a militância petista, composta de áulicos incorrigíveis, que se deixa ludibriar pelo besteirol que abunda na mídia e nas redes sociais, como se pode inferir da postura dos extremistas “de direita”. Mas isso já é assunto para a próxima postagem.

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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

SOBRE GEDDEL, TEMER E LULA


A honestidade e a lisura no trato da coisa pública ― virtudes esperadas de presidentes, ministros, parlamentares, governadores e políticos em geral ― há muito fizeram as malas e partiram do Brasil. Para onde? Ninguém sabe, ninguém viu. Prova disso é a sucessão de escândalos-nossos-de-cada-dia, de fazer corar santo de pedra, mas que a população transforma em anedota porque lágrimas não pagam dívidas e a vida precisa continuar. 

Um bom exemplo é o caso de Rodrigo Rocha Loures ― homem da mais estrita confiança do presidente segundo o próprio presidente. Flagrado arrastando uma mala com R$ 500 mil, ficou conhecido como o “homem da mala” de Temer, mas foi rebaixado a “homem do nécessaire” quando a PF encontrou oito malas e seis caixas de papelão com R$ 42.643.000 e US$ 2.688.000. Dinheiro pra dedéu ― ou pra Geddel, melhor dizendo, já que a bufunfa estava guardada num apartamento emprestado ao amigão do peito e ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Michel Temer, ex-ministro da Integração no governo de Lula, vice-presidente da CEF na gestão de Dilma, além de cinco vezes deputado federal pelo PMDB da Bahia.

Observação: Digitais de Geddel foram encontradas aos montes, tanto no apartamento quanto nas cédulas. A PF precisou de duas camionetes para transportar a dinheirama, que 11 funcionárias levaram 14 horas para contar, mesmo com a ajuda de 7 máquinas de contar dinheiro.
O cara-de-suíno foi reconduzido ao presídio da Papuda ― onde já havia sido hospedado durante alguns dias, em julho, até que alguém mexeu os pauzinhos e ele passou a cumprir prisão domiciliar no conforto de seu luxuoso apartamento ― e sem tornozeleira eletrônica, que esse dispositivo está em falta na Bahia. O leitor quer saber quem teria mexido os pauzinhos? Ora, quem tinha mais a temer diante da possibilidade de, se mantido preso, Geddel abrir o bico. Deu para entender ou quer que eu desenhe?

Observação: Para que o leitor tenha uma ideia do que representam R$ 51 milhões, um brasileiro que ganhasse salário mínimo precisaria trabalhar durante 35 anos por 129 vidas para acumular essa bufunfa, e isso se não gastasse um único centavo. Com essa quantia é possível comprar, por exemplo, 12.442 smartphones top de linha. Ou dois apartamentos no edifício L’Essence, no bairro paulistano dos Jardins. Ou 1.105 veículos Onix, da GM. Ou 22 helicópteros Robinson R44.

Temer, fleumático como um lorde inglês, faz cara de paisagem, trombeteia as conquistas do seu governo e se diz empenhado na aprovação das urgentes reformas de que o país tanto precisa, enquanto seu advogado pede ao ministro Fachin a suspensão de “qualquer nova medida de Rodrigo Janot” ― o plenário do Supremo deve decidir nesta tarde sobre o pedido.

Também na tarde desta quarta-feira, 13, o molusco abjeto deverá depor pela segunda vez ao juiz Sergio Moro, desta feita nos autos do processo que envolve a compra de um terreno para abrigar o “Instituto Lula” e do apartamento vizinho àquele onde o petralha reside em São Bernardo do Campo, além de outros benefícios espúrios ― como uma série de “palestras” a R$ 200 mil cada ― tudo bancado pelo Grupo Odebrecht em troca benesses nas gestões petistas.

Nunca é demais lembrar que o Demiurgo de Garanhuns já foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão e regime fechado, responde a mais cinco processos, é alvo de pelo menos mais duas denúncias e de inúmeras outras investigações. Mesmo assim, o sacripanta tem viajado pelo Nordeste em campanha antecipada à presidência ― sem que o TSE mova uma palha para impedir.

Depois do depoimento bombástico do cumpanhêro Palocci ― coordenador da campanha de Lula em 2002, ministro de Estado em nos governos de Lula e de Dilma ― e do conteúdo de sua delação premiada (que ainda está em fase de negociação), falta pouco para as aspirações políticas do molusco eneadáctilo naufragarem no mar de corrupção criado pelo projeto de poder do próprio Lula e de seu espúrio partido. E quanto antes, melhor.

Volto com mais detalhes amanhã ou a qualquer momento, em edição extraordinária. Enquanto isso, assista ao clipe de vídeo abaixo:   



Um ótimo dia a todos.

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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

7 DE SETEMBRO - DIA DA VERGONHA DE SER BRASILEIRO


Tempos atrás, durante o segundo reinado de Lula, eu disse que tinha vergonha de ser brasileiro. Mais adiante, já sob a égide da anta vermelha, disse que já não tinha mais vergonha, mas nojo. Agora, diante de mais esse imbróglio envolvendo a JBS, o presidente desta Banânia, a PGR e até ministros do Supremo, já nem sei o que dizer. São tantas informações contraditórias que fica difícil saber quem é quem e o quem fez o quê nesta merdeira toda. Mas parece inverossímil, para dizer o mínimo, que Joesley Batista e seu comparsa Ricardo Saud gravassem “acidentalmente” uma conversa tão comprometedora e entregassem o arquivo de mão-beijada à MPF, arriscando-se a perder as benesses obtidas com seu controverso acordo de colaboração, dentre as quais a própria liberdade.

Paralelamente, enquanto Geddel Vieira Lima ― ex-ministro e amigão do peito do vampiro do Planalto ― cumpre prisão domiciliar em seu luxuoso apartamento (sem tornozeleira eletrônica, que esse dispositivo está momentaneamente em falta), a PF apreende a bagatela de R$ 51 milhões, em dinheiro vivo, em outro apartamento do ex-ministro porcino, diante do que a famosa mala de Rocha Loures ― homem da mais estrita confiança do presidente, segundo o próprio presidente ― está mais para um reles porta-níqueis.
     
Enquanto isso, Lula ― réu em seis processos e sentenciado num deles a 9 anos e 6 meses de prisão em regime fechado ― continua escarnecendo da sociedade, posando de candidato a candidato a presidente da Banânia. Claro que somente petistas e alienados que lhes dão ouvidos ignoram que o projeto político desse sujeito é evitar ― ou procrastinar ao máximo ― seu acerto de contas com a Justiça Penal. Mas isso deve mudar com a confirmação da sentença do juiz Moro pelo TRF-4 ― dependendo, naturalmente, da decisão final do STF quanto ao início do cumprimento da pena por réus condenados. Vale lembrar que a Corte já interrompeu a votação por duas duas vezes; na última, o placar era a favor da prisão depois da condenação em segunda instância. Na próxima, Gilmar Mendes, o divino, deve rever sua posição, mas Rosa Weber parece propensa a votar pela manutenção da jurisprudência, de modo que se perde na foice e ganha-se no machado ― quanto aos demais ministros, melhor esperar para ver, porque até o passado é imprevisível neste país.

Mudando o foco para Dilma, a alienada, parece que o PT não sabe o que fazer com ela ― aliás, em entrevista a uma rádio de Salvador, Lula, num mea-culpa tardio, reconheceu que a calamidade em forma de gente cometeu erros (?!) na condução da política e da economia, e que ela “poderia ter tomado a decisão de não se candidatar à reeleição”. Pelo visto, ninguém ensinou ao sapo barbudo que de nada adianta chorar sobre leite derramado.

O impeachment da sacripanta encerrou um dos capítulos mais estapafúrdios da história deste país, protagonizado por incompetente se julgava exímia administradora, e que condenou o Brasil a um retrocesso econômico de duas décadas ― e serão necessárias outras duas para a plena recuperação, e que, como ressalta o jornalista Augusto Nunes, o eleitor tenha aprendido a lição e não se deixe levar por discursos irresponsáveis como os que elegeram e reelegeram a nefelibata da mandioca. Mas se o Brasil se livrou de Dilma antes que ela pudesse completar sua grande obra, o mesmo não se pode dizer de seu partido, o PT. Como se sabe, uma aberração legal urdida pelo então presidente do Senado, Renan Calheiros (investigado em 17 inquéritos no Supremo e réu em uma ação penal por crime de peculato), em dobradinha com os petistas e com o aval de Lula, permitiu ao então presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, manter os direitos políticos da impichada ao mesmo tempo em que a apeava da presidência. Isso permite que a estocadora de vento se candidate a qualquer cargo eletivo, mas sua obra a torna um ativo tóxico em qualquer palanque.

Os petistas nunca gostaram de Dilma, mas só porque, para eles, ela deveria ter se empenhado em obstruir a Lava-Jato e evitar que os escândalos de corrupção derivados das investigações atingissem em cheio o partido e seus principais dirigentes. Isso faz da criatura um problemão para a candidatura de seu criador: segundo o raciocínio da patuleia, como se não bastasse ter de provar que é a “viva alma mais honesta deste país”, o petralha ainda precisa convencer os brasileiros de que a profunda crise econômica legada pelo governo passado não é fruto da enorme incompetência de sua pupila ― uma tarefa hercúlea até mesmo para o inegável talento demagógico do repulsivo demiurgo de Garanhuns, especialmente depois do que seu ex-ministro Antonio Palocci trouxe a lume na tarde de ontem (6), em depoimento ao juiz Sérgio Moro.

Especulou-se que Dilma poderia se candidatar ao Senado pelo Rio Grande do Sul ou pelo Rio de Janeiro, mas uma ala do PT acha que isso seria prejudicial ao partido, não apenas porque as chances da alienada seriam remotas e atrapalhariam candidatos mais fortes, mas principalmente porque sua candidatura colocaria em evidência aquilo que o PT quer esconder, que é justamente o legado maldito da gestão a anta incompetenta.

Oficialmente, o partido mantém o discurso de apoio a mulher sapiens ― Gleisi Hoffmann, também ré na Lava-Jato e recém-empossada presidente da agremiação criminosa, diz que “Dilma é a grande liderança que encarna a injustiça contra o PT” e que, se decidir se candidatar em 2018, “vai ter muito voto”. Mas o próprio Lula tem dificuldades em lidar com sua criação. Na tal “caravana” que está empreendendo pelo Nordeste, em escancarada campanha eleitoral antecipada, o ele já teve de admitir que ela cometeu erros na condução da política econômica, ainda que atribua a crise a sabotagens do ex-presidente da Câmara e ora hóspede do complexo médico penal de Pinhais, em Curitiba.

Conforme reportagem do Estado, Dilma já disse a amigos que, no momento, está inclinada a não se candidatar a nada, pois prefere as viagens internacionais ― para denunciar o tal “golpe” de que se diz vítima ― e a convivência com artistas e intelectuais. Decerto Lula está torcendo para que ela se aposente de vez da política e se limite a andar de bicicleta. Afinal, se a sujeita resolver subir no palanque, os eleitores haverão de se lembrar do que ela fez ao País ― e seu criador e mentor terá dificuldade para esconder o fato, incontestável, de que pariu um monstro.

Bom feriadão a todos.

Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

CRONÓGRAFO COM PONTEIROS DESSINCRONIZADOS? RESOLVA VOCÊ MESMO (Parte II)

RELÓGIO QUE ATRASA NÃO ADIANTA.

Todo relógio precisa de uma fonte de energia para funcionar. No final da década de 60, a maioria dos modelos de pulso continha uma mola (para gerar energia), uma espécie de massa oscilatória (para oferecer referência de tempo), dois (ou três) ponteiros, um mostrador enumerado e diversas engrenagens, até que a Bulova resolveu substituir a roda de balanço por um transistor oscilador, que, alimentado por uma bateria, mantinha um diapasão funcionando a algumas centenas de hertz. Mais adiante, o cristal de quartzo ― cujas propriedades já eram conhecidas e usadas para proporcionar a frequência exata em transmissores/receptores de rádio e computadores ― assumiria as funções desse diapasão e agregaria maior precisão ao mecanismo.

Se você tenciona comprar um relógio, escolha algo que seja funcional e confiável. Caixas de aço ou titânio são excelentes opções. O ouro é mais nobre, naturalmente, mas encarece significativamente o produto e chama a atenção dos amigos do alheio. E o mesmo vale para modelos de grife ― Patek, Rolex, Omega, Panerai, Hublot, IWC, Breitling, Tissot, Tag Heuer e distinta companhia ―, que chegam a custar centenas de milhares de dólares.

Observação: O Grandmaster Chime, da Patek Philippe (confira na foto que ilustra esta postagem) tem duas faces ― dependendo do lado usado para cima, ele exibe as horas ou o calendário perpétuo instantâneo. A caixa redonda de 47,4mm é feita de ouro rosa 18k e adornada com cristais de safira. O preço é de arrepiar: 2,5 milhões de francos suíços (cerca de R$ 8 milhões).

Quanto ao mecanismo responsável pelo movimento (também conhecido como calibre), você pode optar por modelos a quartzo ou mecânicos. No primeiro caso, que, como vimos, utiliza um oscilador regulado por uma peça de quartzo, a alimentação geralmente é feita por uma bateria. Já os modelos mecânicos funcionam “à corda”, que pode ser manual ou automática. Para os verdadeiros connoisseurs, apenas calibres mecânicos ― e de preferência manuais ― são aceitáveis, em que pese sua limitada reserva de marcha (em média, 24 horas). Isso significa que o relógio deixa de trabalhar quando fica muito tempo fora do pulso (modelos automáticos) ou quando não recebe corda (modelos manuais), e aí é preciso ajustar a hora e o calendário antes de voltar a "vesti-lo".

Mecanismos a quartzo alimentados por bateria funcionam ininterruptamente por anos a fio ― modelos com cronógrafo e outras papagaiadas tendem a consumir mais energia, mas uma bateria original ou equivalente costuma durar mais de dois anos. Existem opções alimentadas por energia solar (que dispensam a troca da bateria) ou térmica (como o smartwatch Matrix, que usa o calor do pulso como fonte de energia). 

Quanto à maneira de mostrar as horas, os relógios podem ser analógicos (de ponteiros), digitais (display de cristal líquido) ou híbridos (combinação de ambos). Via de regra, os analógicos consomem mais energia que os digitais ― a menos que você use muito a luzinha que ilumina o display, deixe os contadores de tempo e os alarmes e demais sinais sonoros ativados, e por aí vai. Nos digitais, além dos tradicionais cronógrafo e calendário simples ou duplo (com dia do mês e da semana) que os modelos de ponteiros costumam oferecer, você encontra contador de tempo regressivo, altímetro, bússola, termômetro e uma porção de outras papagaiadas.

Por hoje chega. Amanhã a gente conclui.

MENDES E OS CÃES SEM RABO

Gilmar Mendes, o inefável, não foi feliz na analogia entre juízes que “insistem em desafiá-lo” e rabo do cachorro.

Explicando melhor: o juiz federal Marcelo Bretas ― tido como o “Sérgio Moro carioca” ― mandou prender Jacó Barata Filho, o “rei do ônibus”, e Mendes mandou soltar; Bretas mandou prender de novo, e o supremo ministro do Supremo, de novo, mandou soltar. E emendou: “Em geral, o rabo não abana o cachorro, é o cachorro que abana o rabo”.

A declaração ofensiva, vulgar e imprópria de um juiz da Suprema Corte foi repudiada pela sociedade em geral e pelos magistrados em particular, embora nada tenha de atípica: o magistrado sul-mato-grossense é conhecido pela arrogância, amor ao protagonismo, língua ferina e total falta de comedimento nas relações com seus pares e juízes que estão abaixo dele na hierarquia do Judiciário.

Para qualquer pessoa minimamente racional, o fato de Mendes ter sido padrinho de casamento da filha de Barata com um sobrinho de sua mulher, Guiomar Mendes, que trabalha no escritório de advocacia que defende Barata ― que, por sua vez, é sócio de um cunhado do ministro numa empresa de ônibus ― já deveria bastar para o ministro se dar por impedido de atuar no caso. Mas não Gilmar, para quem “o juiz deve se afastar do caso quando é ‘amigo íntimo’ das partes, e essa qualificação não contempla padrinhos de casamento”.

É tanto compadrio misto que a chega a ser difícil de acreditar, mas o "deus-sol da magistratura" não vê aí “nenhuma suspeição”. Talvez por isso ele seja alvo de abaixo-assinados que pedem sua saída do STF ― o da Change.org já conta com quase 900.000 assinaturas. Ou também por isso, já que fedem suas relações semipresidencialistas com amigão Michel Temer e seus frequentes encontros fortuitos “nos porões do Jaburu”; a soltura de réus como José Dirceu e Eike Batista, que deixa clara sua habitualidade na concessão de habeas corpus a poderosos e põe em dúvida sua imparcialidade; o empenho na absolvição da chapa Dilma-Temer num julgamento patético, que envergonhou o país por ignorar a profusão de provas contra os réus a pretexto de “manter a governabilidade”, e por aí segue a interminável procissão.

Rodrigo Janot, ora no apagar das luzes de sua gestão à frente da PGR, pediu ao Supremo que a quintessência do saber jurídico seja impedida de atuar no caso da máfia do transporte no RJ. Resta saber como a presidente e os demais membros do STF se posicionarão sobre a questão. A sociedade já deixou claro que repudia um membro da mais alta Corte do país que atua não como operador da justiça, mas como distribuidor de privilégios.

Na última segunda-feira, a ministra Cármen Lúcia notificou Mendes sobre o pedido de suspeição apresentado por Janot, para quem “os vínculos são atuais, ultrapassam a barreira dos laços superficiais de cordialidade e atingem a relação íntima de amizade”. Vamos ver que bicho dá.

ObservaçãoNenhum pedido dos 80 pedidos impedimento ou suspeição de ministros do STF foi atendido nos últimos dez anos; todos foram rejeitados pelo presidente do STF da época e não tiveram os méritos discutidos pelo colegiado. 

E como hoje é sexta-feira:


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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

COMO EVITAR GOLPES ONLINE ― FINAL

O CACHORRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM PORQUE NÃO CONHECE O DINHEIRO.

Para concluir esta sequência sobre segurança, mais algumas dicas:

Ao receber um link por email, mensagem instantânea ou rede social, pouse o ponteiro do mouse sobre ele ― via de regra, isso faz com que o caminho completo seja exibido. Se você reconhecer o domínio do seu banco, por exemplo, pode ser que a mensagem seja legítima. Mesmo assim, não deixe de fazer pesquisa no Google, mas preste muita atenção, pois as páginas falsas podem ser bem parecidas com as verdadeiras.

Se o logo do banco e/ou as indicações de seus serviços aparecerem no meio de uma página branca, por exemplo, ou “boiando” no meio de uma borda que tenta imitar a cor usada no site verdadeiro, pode ter certeza de que o troço é mesmo falso ― ou seja, o cibervigarista explorou uma vulnerabilidade do SQL e dos serviços do ISS para fazer com que o endereço da homepage do banco aponte para a página falsa (o pior é que isso pode ser feito de maneira surpreendentemente simples). 

Se o nome que aparece no e-mail é o nome verdadeiro da instituição ou domínio que ela utiliza, copie o link suspeito na barra de outro navegador (Firefox, Opera, etc.) e atente para o endereço exibido no pé da página. Se não bater, é maracutaia.

Desconfie de links terminados em .exe ou .bat (extensões que designam arquivos executáveis ou programas que podem fazer downloads muito rápidos e infectar sua máquina com trojans ou keyloggers). Para tirar a limpo, copie o URL da página na caixa de pesquisa do Google, faça o download do arquivo ― mas não o abra ―  e cheque-o com seu antivírus. Se nada for detectado, repita a verificação com o VIRUSTOTAL ou o URLVOID, que checam os endereços com diversos serviços ao mesmo tempo.

ObservaçãoSe você usa o Mozilla Firefox, uma boa ideia é instalar as extensões Long URL please ― que substitui a maior parte dos URLs encurtados pelos originais, facilitando a identificação do destino ― e o URL Tollpit ― que mostra o destino do link quando o ponteiro do mouse é pousado sobre ele.  
Os links encurtados ― muito populares entre usuários do Twitter ― se popularizaram também em BlogsWebpages e até na mídia impressa (como sabem que lê as publicações da Editora Abril, por exemplo). O problema é que, depois de abreviados (http://zip.net/bntFJp, por exemplo), eles não oferecem nenhum indício que permita identificar seu endereço “real”. Em casos assim, vale recorrer ao SUCURI, que checa a segurança tanto em links encurtados quanto normais.

Observação: Para checar os links com os serviços sugeridos linhas acima, é preciso informar o URL suspeito no campo de buscas do site. Como é mais fácil copiar do que digitar o endereço, caractere por caractere, é preciso tomar cuidado para não abrir o link por descuido. Para evitar, dê um clique direito sobre o link em questão e, no menu suspenso, escolha a opção Copiar atalhoCopiar Link ou Copiar endereço do link (o nome varia conforme o navegador). Em seguida, posicione o ponteiro do mouse dentro da caixa de busca, dê outro clique direito e selecione a opção Colar (ou simplesmente pressione o atalho Ctrl+V).

Sites como ExpandMyURLKnowurl LongUrl convertem links encurtados em convencionais e, em alguns casos, informam também se a página é segura. Dependendo do serviço usado no encurtamento do link, você pode obter mais informações introduzindo o URL reduzido na barra de endereços do navegadoracrescentando um sinal de adição (+) e teclando Enter.

Boa sorte.

SIMPLES ASSIM

O Brasil está falido porque o governo gasta mais do que arrecada. Qualquer dona de casa sabe que as despesas domésticas não podem superar a renda da família. O governo, não. A expectativa era de fechar 2017 com um déficit de R$ 139 bilhões. Como a arrecadação ficou abaixo, o governo, em vez de cortar gastos, simplesmente elevou a meta fiscal para escandalosos R$ 159 bi. A conta das despesas deveria ser de subtração, mas virou multiplicação. Seria o mesmo que a nossa dona de casa, em vez de apertar o cinto ao constatar que iria sobrar mês no fim do salário, negociasse um aumento nos limites do cartão de crédito e do cheque especial. Simples assim.

O rombo fiscal não foi criado por Michel Temer. Ele é fruto da incompetência administrativa da gerentona de festim. Mas o governo Temer nada mais é do que o terceiro tempo do governo Dilma, e os ratos continuam roendo, os corruptores corrompendo, os corruptos se locupletando e a máquina pública gastando à larga para sustentar um Estado incompetente, perdulário e corrupto. Simples assim.

No Rio de Janeiro, há 200 mil servidores vivendo da caridade de parentes ou morrendo por não ter como comprar medicamentos ou receber atendimento médico. Na UERJ, a penúria é tanta que se estende ao refeitório e aos banheiros. Professores e alunos, sem aula e sem perspectiva, assistem estupefatos o governador Pezão ― que não pagou o 13º salário de 2016 e nem os salários e aposentadorias de maio, junho por falta de recursos ― torrar R$ 2,5 milhões no aluguel de um jatinho para “ter mais conforto” ao viajar com sua equipe. O Rio é apenas mais um exemplo de um sistema político falido. No âmbito federal, o Planalto liberou R$ 5,7 bilhões para emendas de parlamentares em troca da fidelidade a um presidente sem autoridade moral para colocar o país nos trilhos. Simples assim.

Na terça-feira retrasada, o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo registrou R$ 1,3 trilhão em tributos pagos pelos brasileiros. A marca foi alcançada 22 dias mais cedo que em 2016, demonstrando que arrecadação acelerou de um ano para outro ― ou, em outras palavras, que o rombo no bolso dos consumidores ficou maior. Um trilhão de reais é dinheiro pra burro. Aliás, o Brasil tem a maior carga tributária em toda América Latina ― proporcionalmente, o montante é mais de 50% superior à média da região. O problema é que aqui se rouba muito, e o pouco dinheiro que escapa é usado para bancar mordomias absurdas.

De acordo com a ONG Contas Abertas, o Poder Legislativo ― isto é, a Câmara Federal e o Senado ― custa aos brasileiros R$ 1,16 milhão por hora, 24 horas por dia, 365 dias por ano ― aí incluídos os finais de semana, recessos parlamentares e as segundas e sextas-feiras, embora os parlamentares trabalhem somente de terça a quinta. Cada parlamentar recebe um salário bruto de R$ 33,7 mil. Os 513 deputados federais custam, em média, R$ 86 milhões ao mês, o que representa um custo anual de R$ 1 bilhão. E ainda contam com uma porção de mordomias, como o direito a uma penca de assessores ― um senador pode ter 50, 60 apaniguados, inclusive no seu próprio escritório de representação. E o que fazem nossos “caros” representantes quando o presidente da República é denunciado por corrupção? Vendem seus votos descaradamente, como prostitutas que comercializam o corpo nas zonas de baixo meretrício. E o que fazem na hora de votar as tão necessárias reformas? Cuidam de seus próprios interesses, buscando maneiras de obstruir as investigações da Lava-Jato, de aprovar leis que os favoreçam na renegociação de dívidas ― como no caso vergonhoso do REFIS, que virou palco de disputas políticas por um perdão de R$ 220 bilhões. Simples assim.

Observação: Deputados e senadores que integram a “bancada do Refis” devem cerca de R$ 3 bilhões à União, como revelou a Folha em abril. Liderado pelo deputado peemedebista Newton Cardoso Jr, o bando pôs em xeque o Ministério da Fazenda no último dia 9. O senador Fernando Coelho Bezerra foi o porta-voz da bancada, que entregou uma lista com seis “prioridades inegociáveis”, a fatura a ser paga em troca de 54 votos contrários à admissibilidade da denúncia contra Michel TemerR$ 13,8 bilhões, em 2017. A bancada quer manter a ampliação do limite de R$ 15 milhões para R$ 150 milhões em dívidas que permitem uma entrada menor (5%) no ato da adesão (emenda apresentada por um deputado que tem dívidas de R$ 53 milhões), a manutenção de descontos de juros e mora (chegam a 99% em alguns casos), a permissão para que devedores que respondem a processos criminais por questões tributárias possam ser contemplados pelo programa e que devedores excluídos de Refis anteriores por pagamentos irrisórios sejam reinseridos no novo programa. Simples assim.

A divergência de opiniões entre o núcleo político e a equipe econômica aniquilou o maior trunfo do atual governo ― o time de especialistas supostamente descolado dos tradicionais hábitos brasilienses. O desgaste pessoal de Henrique Meirelles começou a se acentuar ainda na fase de resistência à ampliação oficial do rombo ― ao anunciar o aumento dos impostos sobre combustíveis, ele quebrou um pacto não escrito com seus principais eixos de sustentação, o empresariado e o mercado financeiro. E o Planalto agravou o problema ao abrir o pacote de bondades que construiu sua ponte para a sobrevivência. Até quem não considera a revisão da meta um desastre, caso de Raul Velloso, especialista em contas públicas, faz a conexão: “Emendas são gastos obrigatórios em que não se consegue mexer. Mas acreditar que o governo de plantão não vai usar o orçamento em benefício próprio é muita ingenuidade. Seria suicídio. E a última coisa que esse governo é, é suicida”. Simples assim!

O rombo da meta moral é a outra face dessa mesma moeda. O déficit dos políticos com a população cresceu astronomicamente após as duas votações ― na CCJ e no plenário da Câmara ― da denúncia contra Michel Temer. Todos sabiam ― ou deveriam saber, ainda que alguns deputados não passem de ilustres imbecis ― que não lhes cabia condenar ou absolver o presidente, mas autorizar o Supremo a investigá-lo. Mesmo assim, resolveram mandar às favas a opinião pública ― 81% da população querem que Temer seja investigado ―, ignorar o maior escândalo de corrupção já surgido contra um presidente da República no exercício do cargo e impedir o curso da Justiça, talvez por medo da sentença do Supremo e também para salvar o próprio rabo.

A sociedade não se esquecerá de que partidos e parlamentares da situação e da oposição barraram uma investigação legítima e necessária. O próprio Temer, no atordoado pronunciamento que fez à nação depois que sua conversa de alcova com o moedor de carne bilionário veio a público, disse que ansiava pelo inquérito no STF, pois seria o território onde surgiriam as provas de sua inocência. Mas sua insolência mudou de ideia e optou pelo caminho mais fácil ― mais fácil ainda porque quem paga a fatura, como sempre, é o contribuinte. Simples assim.

Haveria muito mais a dizer, mas o tempo é curto e a paciência do leitor tem limites. Particularmente, se pudesse, eu muraria o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a Esplanada dos Ministérios, encheria d’água como uma banheira monumental e jogaria dentro dela centenas de secadores de cabelo ligados numa rede de 220v. Simples assim. 

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