quinta-feira, 16 de maio de 2024

CONSCIÊNCIA E VIDA APÓS A MORTE (PARTE IV)

O IMPOSSÍVEL É A MATÉRIA DOS SONHOS.


Ao trocar o comando da Petrobras porque quer reativar antigos projetos, como o da refinaria pernambucana de Abreu e Lima e o do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, Lula roda um filme concebido em seu primeiro mandato, que ganhou impulso no segundo, deu em corrupção e prejuízo e, sob Dilma, serviu de combustível para a crise que forneceu nitroglicerina ao impeachment da presidanta.
Na aparência, Jean Paul Prates caiu em desgraça por defender a distribuição de metade dos dividendos extras da Petrobras. Lula dizia que a estatal deve servir ao povo, não aos dinossauros do mercado, mas Haddad mostrou ao macróbio que os interesses do povo seriam mais bem atendidos se a fatia do bolo pertencente à União chegasse rapidamente aos cofres do Tesouro, e os dividendos foram, afinal, distribuídos.
Lula definiu 2024 como tempo de semeadura do seu terceiro mandato, e receava que Prates rebarbasse as prioridades do Planalto. Na Petrobras, o petista age como se desejasse colher bons frutos de uma horta amaldiçoada, e trata erva daninha como se fosse uma planta de virtudes incompreendidas. 
Triste Brasil.

De acordo com o fisicalismo — que é o cientificismo reducionista e materialista aplicado à neurociência —, o cérebro produz a mente. Segundo Shakespeare, há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia. Os fisicalistas desdenham das experiências de quase-morte, escarnecem de quem afirma se lembrar de vidas passadas e negam a mediunidade — mas não oferecem uma explicação convincente para casos notórios, como os da norte-americana Leonora Piper e do brasileiro Chico Xavier.
 
Ainda não existam provas irrefutáveis de que a consciência (ou alma, ou espirito) sobrevive à morte física, mas não faltam indícios de que levam água a esse moinho. Parafraseando o cosmólogo e romancista Carl Sagan, "ausência de evidências não é evidência de ausência" (na verdade, essa ideia foi desenvolvida por William Wright em 1887; Sagan apenas popularizou o aforismo num livro que escreveu sobre a existência de seres extraterrestres). 
 
Escorar-se na falta de evidências para negar a existência de seja lá o que for é afrontar a Ciência 
 que amplia os limites do conhecimento transitando entre o conhecido e o desconhecido. Os fenômenos que abordei ao longo desta despretensiosa sequência existem; explicá-los é outra história, mas refutá-los de plano é o mesmo que retroceder pelo caminho que levou a humanidade do obscurantismo ao iluminismo. Portanto, em sendo reais os fenômenos e em não havendo fraude envolvida, negá-los é comprovar o que disse Albert Einstein sobre a infinitude da estupidez humana.
 
Em 1616, por ordem do papa Paulo V, o 
cardeal Roberto Belarmino notificou Galileu Galilei sobre um vindouro decreto da Congregação do Index condenando o heliocentrismo. O teólogo carmelita Antonio Foscarini escreveu um texto em defesa de Galileu e submeteu-o a Belarmino, que respondeu com as seguintes palavras (a tradução é do livro Galileu, pelo copernicanismo e pela Igreja, de Annibale Fantoli). 

Em seu livro, Fantoli rejeita tanto a noção de que Belarmino era um sujeito de genial "mentalidade científica" quanto a ideia de que ele era um tapado que não conseguia perceber o que estava tão evidente. Diz que o Concílio de Trento só tratava das matérias da fé no primeiro caso (por parte do objeto), e que Belarmino era bem consciente disso, motivo pelo qual admitiu em sua resposta a possibilidade de o Sol e a Terra não estarem posicionados exatamente como descrito na Bíblia. 

Belarmino nos ensinou uma lição importante: nunca desprezar as evidências. Se alguma evidência não ornar com algum trecho bíblico, provavelmente é porque a interpretação da Bíblia é que está errada. Fica o recado para quem acredita que Deus criou o mundo em 3761 a.C. — ou, mais exatamente, no dia 23 de outubro de 4004 a.C., como o arcebispo irlandês James Ussher escreveu em The Annals of the World (publicado em 1658).
 
Continua...