quarta-feira, 15 de maio de 2024

PERDA DE MEMÓRIA — CONTINUAÇÃO

QUEM AVISA AMIGO É.

Se ainda caminhasse entre os vivos e gozasse de um mínimo de lucidez, Bertha Von Suttner — a primeira pacifista da história e recebedora do Nobel da Paz de 1905 — diria que as posições de Hamas e Israel são inconciliáveis, e que um cessar-fogo definitivo não será celebrado pela vontade dos conflitantes. 
O Hamas quer apagar Israel do mapa e fulminar todos os israelenses e judeus do Oriente Médio. Netanyahu quer reduzir o Hamas a pó, e Yahya Sinwar, cuja ambição é estender seus tentáculos pela Cisjordânia e ocupar a West Bank (área do rio Jordão ao Mediterrâneo), receia perder Gaza para Israel, pois sabe que, sob uma autoridade não corrupta, não haverá a menor chance de o Hamas influenciar os palestinos, e receia que, se buscar exílio no Irã, terá o Mossad em seus calcanhares. Resumo da ópera: de um lado existe um terrorista fundamentalista assassino e do outro, um populista autocrático, corrupto e sanguinário.

Esquecer o número do próprio telefone ao preencher um cadastro numa loja, por exemplo, é um lapso de memória que faz parte do processo de envelhecimento. Episódios assim só devem ser tomados como indicativo do Mal de Alzheimer ou de demência se forem recorrentes e envolverem tanto as memórias de curto e longo prazo quanto a capacidade de lembrar nomes e tarefas rotineiras. 
 
Para os mais jovens, usar smartphones é tão natural quanto respirar; para idosos 
que se sentiam na antessala do inferno quando programavam o videocassete dos anos 1980, dominar novos gadgets é uma provação. Mas o problema só se torna preocupante quando o período de adaptação se eterniza — ou quando a pessoa esquece de pagar as contas, não sabe se almoçou ou tomou banho, e por aí vai... 

Esquecer uma ou outra conversa faz parte do combo da "Melhor Idade" (como dizem os que ainda não chegaram lá), mas não se lembrar de uma discussão acalorada, por exemplo, só se justifica em casos de amnésia alcoólica (até porque não se pode lembrar do que a memória não registrou).
 
Se você ainda tem "na ponta da língua" o telefone de amigos de infância e não consegue memorizar o número do celular do(a) parceiro(a) ou do(a) filho(a), é porque o hábito de usar máquinas para buscar informações inibe a construção de memórias de longo prazo. Nesse processo 
 conhecido como "amnésia digital" — a pessoa não memoriza informações importantes por saber que elas estão no celular ou podem ser obtidas facilmente na Internet.
 
Contar a mesma história mais de uma vez não é incomum, mas repeti-la várias vezes no mesmo dia é preocupante. Desorientações eventuais acontecem, mas ir ao mercado e não achar o caminho de volta para casa sugere
 um declínio incomum da memória — ainda que não seja necessariamente um prenúncio de Alzheimer ou de demência. 

Observação: Lapsos de memória podem ser causadas por medicamentos específicos, estresse, fadiga, depressão e até por perda da audição, que compromete tanto a locomoção quanto a participação em conversas — a boa notícia é que os aparelhos auditivos modernos são praticamente "invisíveis" mas é preciso adotá-los o quanto antes para garantir sua eficácia. 
 
Quem já entrou nos "enta" deve fazer check-ups regulares, tomar os medicamentos prescritos e seguir religiosamente as orientações médicas. Quem já passou dos 60 (ou está quase lá) deve estabelecer uma rotina regular, m
anter a pressão e a glicose sob controle, dormir o suficiente, seguir uma dieta saudável e equilibrada e evitar o consumo excessivo de álcool e tabaco. Para manter o cérebro ativo, você pode resolver palavras cruzadas, montar quebra-cabeças e dedicar-se a outras atividades que estimulam o raciocínio e a memória.

Vale também aprender coisas novas, como um novo idioma, um instrumento musical, uma habilidade artística, pois aprendizado estimula o cérebro e fortalece a memória. Praticar regulamente exercícios físicos — como caminhar, pedalar e nadar — beneficia a circulação sanguínea, a oxigenação do cérebro e, por tabela, a memória. Para evitar percalços, use agendas, alarmes e outros recursos que alertem para compromissos e tarefas importantes — aliás, anotar coisas costuma ser uma ótima estratégia contra o esquecimento eventual.