Mostrando postagens com marcador abuso de álcool. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador abuso de álcool. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de março de 2019

MAS É CARNAVAL... OU ERA


NÃO HÁ PORRE QUE SEMPRE DURE NEM RESSACA QUE NUNCA TERMINE.

A exemplo do Réveillon, o Carnaval estimula o consumo de bebidas alcoólicas. Só que a “passagem de ano” é comemorada numa noite, e o reinado de Momo dura quase uma semana. O resultado é uma ressaca cruel, com direito a dor de cabeça, boca seca, língua saburrosa, corpo dolorido, fadiga, tremores e outros desconfortos fáceis de evitar: basta não encher a cara. Como é sempre mais fácil falar do que fazer, seguem algumas dicas para o antes e o depois.

Se você tem problemas com a balança, lembre-se que uma latinha de cerveja (ou garrafinha tipo long neck) tem de 150 a 200 calorias. Para queimá-las, um sujeito de 70 quilos precisa andar pelo menos dois quilômetros. Claro que folião que se preza pula feito perereca; ou seja, gasta energia. Mas, ao contrário do dinheiro, as calorias são mais fáceis de ganhar do que de gastar. Sobretudo se o distinto tem tendência a engordar, que aí basta tirar a tampa da caixa da pizza, quando ela chega quentinha, e respirar fundo... Se comer, então... Outra coisa: o álcool da cerveja é o mesmíssimo álcool do uísque, do vinho, da vodca, do gim, do conhaque, e por aí vai. O que muda é só a concentração. Todavia, se você encontrar vodca por preço inferior ao de cachaça Velho Barreiro, 51, Tatuzinho e outras "derruba-peão", passe longe, porque o troço deve ser venenoso.

Evite beber de barriga vazia (o álcool é absorvido mais lentamente quando há alimento no estômago, mas comer exageradamente antes de beber pode levar o incauto a colocar tudo para fora no meio da festa). Há quem recomende evitar a mistura de bebidas destiladas com fermentadas, mas isso não faz diferença na ressaca, a não ser pelo fato de a mistura "alterar o paladar" do beberrão e lavá-lo a ingerir uma quantidade maior de álcool.

Comer algo gorduroso (como miolo de pão com bastante manteiga ou embebido em azeite) antes de beber também ajuda, da mesma forma que comer frutas ou tomar suco, refrigerante ou água entre as biritas manter o organismo hidratado reduz a concentração do álcool, facilita sua metabolização pelo organismo e, consequentemente, minimiza os sintomas da ressaca que há de vir. Tenha em mente que o álcool, para ser processado, precisa de carboidratos (daí porque se trata coma alcoólica com injeção de glicose). Portanto, evitar massas e assemelhados para "compensar" as calorias da bebida e prevenir um indesejável ganho de peso não costuma ser boa ideia.

Mas agora é tarde, Inês é morta. A menos, naturalmente, que você se lembre de que leu aqui no Carnaval do ano que vem, no próximo Réveillon ou no happy hour de depois de amanhã, se e quando sentir aquela vontade irresistível de enfiar o pé na jaca.

Se as medidas profiláticas não forem suficientes, a ressaca irá transformar seu dia seguinte na antessala do inferno. E não existem fórmulas mágicas para combatê-la a menos que se esteja em Las Vegas, onde o Hangover Heaven (paraíso da ressaca, numa tradução livre), criado pelo médico Jason Burke, promete solucionar o problema: basta um telefonema para ser atendido por um ônibus que funciona como clínica itinerante e receber uma solução intravenosa com soro fisiológico, vitaminas B1 e B12, anti-inflamatórios, anti-náuseas e outras substâncias destinadas a ajudar na desintoxicação do organismo.

Se você não está em Vegas, mas em algum cu de judas tupiniquim, procure deixar seu corpo processar ou regurgitar o excesso de álcool. Nesse entretempo, não caia na conversa de que ressaca se cura com mais bebida; isso é desculpa de beberrão que quer tomar mais uma cangibrina, e ainda que possa amenizar os sintomas no curto prazo, mais cedo ou mais tarde o nível de álcool no seu organismo terá de baixar.

O segredo, meus caros pés-de-cana, e investir pesado na hidratação. Sobretudo se o porre o fez vomitar ou lhe deu uma poderosa diarreia, que aí a perda de água será potencializada, tornando a reidratação ainda mais importante. Quanto ao que comer no day after, bem, "ouça o seu organismo". Há quem aconselhe evitar comidas ácidas, gordurosas ou de difícil digestão, mas quem, em nome de Deus, acorda com uma ressaca-mãe e tem disposição para encher o rabo de feijoada, se o estômago está irritado pelos efeitos do álcool?

Chá com torradas e afins? Bem, o chá contém água e a água reidrata. Mas não acredite em chazinhos milagrosos, como o de hibisco, nem em outras bobagens supostamente mágicas, como suco verde, de quinoa e outros que tais. Se você gosta de chá, tome o chá que você está acostumado a tomar. Se não gosta, mande ver na água água gelada, na tônica com limão, nos sucos, na água de coco (o melhor reidratante natural que existe) e na água com gás.

Se o(a) amigo(a) ressacado(a) preferir refrigerantes, beba os normais, que contém açúcar (glicose) e, portanto, ajudarão seu organismo a metabolizar o excesso de álcool. Fuja da cerveja, do vinho, enfim, de bebidas alcoólicas em geral, já que, de novo, elas até podem aplacar sua sede carrasca, mas não irão reidratá-lo (antes pelo contrário). Uma possível exceção é o Bloody Mary, que é composto basicamente de vodca, suco de tomate, pimenta (do reino e tabasco), suco de limão, gelo e uma pitada de sal. É tiro e queda na cura da ressaca. Ou pelo menos é o que afirmam (ou afirmavam) bebuns inveterados como Frank Sinatra, Judy Garland, Humphrey Bogart, Sammy Davis Jr., Jerry Lewis, Dean Martin e Elizabeth Taylor, que eram fãs de carteirinha dessa beberagem.

Observação: O Bloody Mary (Maria Sangrenta, numa tradução direta) foi criado pelo francês Fernand Petiot, que comandava o balcão do parisiense Harry’s New York Bar , na França, nos anos de 1920, e teria inventado a mistura de vodca com suco de tomate, molho inglês e pimenta a pedidos. Em épocas de Lei Seca, os americanos procuravam uma bebida de aparência e teor alcoólico mascarados e o Bloody Mary foi a saída perfeita para confundir autoridades. O nome viria depois, em 1934, no bar novaiorquino do Hotel St. Regis Sheraton, nos Estados Unidos. 

Caldos e sopas estão liberados, desde que com pouco sal. Dietas líquidas ajudam a hidratar, mas não irão curar a ressaca num passe de mágica. Jejuns prolongados, horas na sauna ou corridas sob um sol senegalês também não resolvem, até porque seu corpo está desidratado, e isso só contribuirá para desidratá-lo ainda mais. 

Uma ótima quarta-feira de cinzas a todos.