4ª Vara Criminal de São Paulo enviou para a 13ª Vara Federal de Curitiba os autos do processo que apura se o chefão da petralhada cometeu crime de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Como o ministro Gilmar Mendes havia suspendido sua nomeação para a Casa Civil, Lula não tem mais direito a foro privilegiado, e a partir de agora caberá ao juiz Sergio Moro decidir se acata ou não o pedido de prisão de sua insolência.
Os promotores do Ministério Público de São Paulo Cássio ConserinoJosé Carlos BlatFernando Henrique Moraes de Araújo afirmam ter colhido dezenas de depoimentos que comprovam que o famoso tríplex no Guarujá era “destinado” ao ex-presidente e sua família. Dentre os depoentes, figuram o zelador, a porteira e diversos moradores do condomínio, funcionários e ex-funcionários da OAS, e o próprio Léo Pinheiro, dono da empreiteira que terminou a obra e bancou a decoração luxuosa da unidade com que presenteou o ex-presidente.
Além de Lula, forma indiciados também sua mulher, Marisa Letícia, e o filho Fábio Luiz.
Mas não é só: segundo matéria publicada na FOLHA, o Procurador Geral da República decidiu enviar ao Supremo pedido de abertura de inquérito para investigar Dilma e Lula no âmbito da Lava-Jato. O pedido é embasado na delação do senador Delcídio do Amaral, que acusou o “casal 20” de tentar interferir na operação (vale lembrar que já foi iniciada a sessão em que o plenário do Senado deverá decidir sobre a cassação do mandato de Delcídio; para acompanhar ao vivo, clique aqui).
Ainda segundo a FOLHA, também está na mira de Janot o ministro da Educação,Aloizio Merdandante, por tentar impedir a delação de Delcídio (eis aí mais um que deve perder em breve o direito a foro privilegiado, pois um dos primeiros atos de Michel Temer como presidente interino, após o afastamento da presidanta ― a ser decidido pelo plenário do Senado em votação prevista para amanhã ― será exonerar todos os ministros do atual governo que não se demitirem espontaneamente.
Vale lembrar que o esbirro José Eduardo Cardozo voltou a bater às portas do Supremo. Segundo Reinaldo Azevedo postou ainda há pouco em seu blog, a petralhada já estava preparada para recorrer contra a decisão de Renan Calheiros, que ignorou o ato absurdo do presidente interino da Câmara e deu sequência ao processo de impeachment. Todavia, no início da madrugada desta terça, Maranhão, em resumidas quatro linhas, revogou o próprio ato ― levado a efeito, vale frisar, ao arrepio do parecer da área jurídica da Câmara, o que deixa clara a ideia de conspiração combinada com Cardozo e com o governador do Maranhão, Flávio Dino.
Frustrado em seu intento, Cardozo votou à prancheta da impostura, alegando desta feita que Cunha praticou “desvio de poder” quando, lá nos primórdios, aceitou a denúncia contra Dilma. O advogado-geral da União faz de conta que a decisão não foi referendada por 367 deputados, que tudo não passou de uma disputa entre Dilma e Cunha e que essa questão já foi objeto de uma Ação Direita de Inconstitucionalidade movida pelo PCdoB, na qual o governo já foi derrotado. A propósito: no rito originalmente proposto pelo próprio Cunha, CONTRA O QUAL O GOVERNO RECORREU POR INTERMÉDIO DO SEU ALIADO —, a decisão inicial do presidente da Câmara seria submetida a plenário se os parlamentares decidissem recorrer. Enfim, foi o Supremo, ao redefinir o rito, quem bateu o martelo e determinou tratar-se de decisão monocrática: isto é, cabia a Cunha e ponto final! Foram nada menos de duas liminares nesse sentido: uma de Teori Zavascki e outra de Rosa Weber.
Essa ação não obsta o encaminhamento do processo no Senado, a não ser na improvável hipótese de uma liminar do Supremo mandar suspendê-lo. Trata-se apenas do PT a afrontar, mais uma vez, as instituições, recorrendo a todas as chicanas jurídicas para tentar deslegitimar o que, além de legal, é absolutamente legítimo. Mas não chega a surpreender. Ou o partido não teria se constituído, nas palavras da Procuradoria-Geral da República ao se referir aos autores do petrolão, numa verdadeira organização criminosa. E organizações criminosas não apreciam o triunfo da lei.
A conferir.

ATUALIZAÇÃO

Conforme eu disse num dos posts que publiquei hoje cedo na comunidade CENÁRIO POLÍTICO TUPINIQUIM, a sessão plenária do Senado que decidirá o futuro de Dilma começou com quase uma hora de atraso, já que só houve quórum quando 41 senadores se fizeram presentes.

Na abertura dos trabalhos, Renan Calheiros deu voz aos senadores da base do governo, mas recusou os cinco recursos que os esbirros da presidanta apresentaram contra o impeachment ― embora isso tenha atrasado em uma hora o início dos discursos: a primeira oradora inscrita, a senadora gaúcha Ana Amélia, só subiu à tribuna por volta das 11h18; se todos os 68 parlamentares inscritos usarem cada um os 15 minutos a que têm direito, a sessão dever avançar madrugada adentro.

A petralha Gleisi Hoffmann subiu à tribuna para repetir o batido ramerrão de que “a elite deste país tenta novamente chegar à Presidência sem o voto", citando ainda "os vícios que maculam" o processo contra Dilma.  A senadora petralha chegou a pedir a suspensão dos trabalhos até que o ministro Teori Zavascki deliberasse sobre a ação impetrada pela AGU para melar a votação, mas Renan lembrou que a Câmara dos Deputados decidiu pela admissibilidade do processo e disse que o Senado deve cumprir o que lhe manda a Constituição, e não esperar uma decisão do Supremo. 

Já o senador Cássio Cunha Lima criticou o pronunciamento de Gleisi ― que, segundo ele, foi uma defesa prévia de Dilma, e José Agripino endossou ― e criticou o que chamou de "procrastinação".


Agora são 13h25. Vamos continuar acompanhando.